capítulo 43

473 115 22
                                    

Sam organizava suas coisas ao final daquele dia, após ter tido uma longa conversa com Alexa acertando alguns pequenos detalhes. Finalmente estava tudo certo, em menos de 5 dias estaria colocando os pés em Miami. Era um misto de alegria e desespero. De alguma forma ir ficar ao lado de sua melhor amiga não parecia mais tão animador como antes.

Não quando Sam teria que ir embora de Cojímar e deixar Mon para trás. Mas era aquilo. O que Sam poderia fazer?

Com um leve suspiro, Sam tirou seu último cigarro guardado em sua cômoda e o acendeu tragando um pouco, sentando-se na cama. Heng também já sabia que ela iria embora dali, o mesmo até se ofereceu para levar ela e Tee para Havana, onde tirariam as passagens e enfim, pegariam o avião direto para Miami. Já estava tudo certo. Menos a parte em que ela contava tudo aquilo a Mon.

Estava sendo uma covarde. Tinha que dizer logo a ela, mas ainda não conseguia fazer aquilo. Sam torcia para que nas próximas horas a coragem de alguma forma surgisse em um passo de mágica.

- Hey, e aí. Conversou com a Alas...Alexa? - disse Tee ao entrar no quarto.

A loira logo viu que Sam fumava com a cabeça encostada na cabeceira da cama. Seu semblante era um tanto deprimido.

- Sim. Tudo certo para partimos amanhã a noite.

- Para sua casa?

- Uhum. - Sam murmurou, logo soltando a fumaça que prendia.

Haviam combinado de Yuki levá-las até a casa de sua avó durante a madrugada, pois assim não seriam pegas por nenhuma irmã do lugar.

Tee precisaria pegar alguns documentos em sua casa e Sam decidiu
que não seria justo sair sem se despedir de quem sempre fez tudo por si desde pequena. Iria encarar sua avó e dizer que já havia se decidido e que o convento nunca seria o lugar para ela.

- Mon está encantada com o presente. Você jogou bem. - Tee murmurou enquanto se acomodava para dormir.

- Não foi exatamente uma jogada. - murmurou. - Foi mais como uma
forma de poder manter contato com ela, caso ela queira... - Sam
terminou a frase engolindo em seco com a simples ideia de que Mon poderia lhe odiar.

A garota terminou seu cigarro, e levantou apenas para apagar a luz e deitar-se para dormir.

- Você precisa contar a ela, já esperou demais. - Tee murmurou de
onde estava, e Sam soltou um longo suspiro.

- Eu sei... - Sam encarava o teto com as mãos apoiadas sobre a barriga, mesmo lenta, estava com milhares de sentimentos bombardeando seu peito. - Eu sei. - disse baixinho.

{-}

Começaram o dia fazendo as tarefas da igreja como se fosse mais um domingo normal. Sam sentia-se nervosa e podia perceber Tee com a mesma energia, mas a ansiedade era o mais evidente na loira. Iriam embora aquela noite.

Como estavam livres, Sam aproveitou para passar o dia ao lado de Mon. E assim que a freira a chamou para irem até o quartinho de pinturas, Sam não pensou duas vezes em acompanhá-la. Assim que entraram no lugar e Mon fechou a porta, a garota até se assustou um pouco com a forma que Mon se jogou em seus braços e a tomou para um longo beijo.

Suas mãos rodearam o corpo da freira, e assim que o ar lhes faltou, passaram a dar pequenos selinhos. Sam nunca vira Mon com um olhar tão feliz, e até mesmo apaixonado. Era certo que estaria da mesma forma, mas de alguma maneira sentia-se tensa, como se estivesse mentindo para Mon.

- O que foi? - ao ouvir a voz de Mon, e encarar seus olhos, Sam notou que a mesma tinha um olhar focado sobre si.

- Nada. - Sam sorriu, selando os lábios da freira e se afastou um pouco. - O que você pretende pintar? - disse ao se aproximar dos pincéis.

 𝐋𝐢𝐭𝐮𝐫𝐠𝐢𝐚 Onde histórias criam vida. Descubra agora