capítulo 18

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Por sorte a reunião com a madre havia durado cerca de uma hora. Consuelo queria lembrar a todas que as comemorações anuais da igreja estavam próximas e a irmãs deveriam se preparar para o dia de Liturgia. Um dia com cultos ministrados por padres vindos de fora, adoração aos santos, com muita música e barracas de comidas para que toda a cidade viesse e comemorassem com elas. Além de arrecadar fundos para o convento, era um momento colossal, segundo a madre. Sam, no entanto pouco se importou com aquilo, esperava nem estar mais no convento até lá. Assim que saíram da igreja foram para o refeitório almoçar e enquanto Sam colocava sua comida sentiu alguém em seu encalço, ao erguer o rosto deu de cara com Nita. A mesma continuava a cercando e lhe lançando olhares maliciosos. Sam rapidamente se afastou e foi sentar-se ao lado de Tee, com Jim e  Mon à mesa.

- Que cara é essa?  - Tee comentou ao ver a amiga.

- Aquela Nita na minha cola como sempre. - murmurou mexendo em sua comida. Jim não se importou, mas  Mon ergueu rapidamente o rosto fitando Nita do outro lado do refeitório sentada olhando para a mesa que estavam, em seguida fitou Sam que parecia ignorar a existência da garota. Bufou irritada por Nita ser tão inconveniente e apertou o talher em sua mão tentando se conter.

- Ela deve está querendo mais que um beijinho dessa vez. - Tee comentou distraída dando uma risada baixa. Ao se dar conta do que falou, não deu tempo de encarar Sam, apenas sentiu o chute em sua canela por baixo da mesa.  - Ai. - apertou seus lábios tentando conter um gemido de dor. Os olhos de Sam estavam arregalados em sua direção, se arrependeu amargamente de ter contado aquilo para Tee, óbvio que ela não seguraria a língua na boca.

- Eu ouvi direito? - Jim perguntou com o cenho franzido.

Mon tinha sua cara fechada e remexia a comida no prato. 

- Não. Eu… é, quer dizer, os beijinhos que Teresa fez de sobremesa e Sam deu um para Nita. Foi isso que eu quis dizer.  - Sam encarou Jim que tinha uma expressão confusa, porém deu de ombros ignorando aquele assunto.

- Vocês são estranhas.  - a freira murmurou voltando a comer, Sam respirou em alívio e riu fraco da desculpa esfarrapada que Tee soltou.

Mon encarou Sam que sentindo seu olhar a olhou também. A mesma permaneceu com sua expressão séria e virou o rosto para outro lado. Sam juntou levemente as sobrancelhas, mas logo voltou a comer, agora totalmente alheia. Será que Mon sabia de algo? Será que Nita havia contado algo? Não duvidava de nada. Após comerem, Sam estava em frente ao convento com Jim, Tee e Mon, ajudando Yuki com algumas caixas de doações de outros lugares. Pegaram tudo e levaram para a sala com as roupas do bazar, logo as depositando no chão. Tee sem perder tempo chegou em Yuki para perguntar quando viriam novas roupas de sua loja, enquanto Jim abria as caixas vasculhando o que haviam doado. Mon, por outro lado caminhou em direção a Sam e esbarrou levemente sua mão na dela a olhando de relance, logo saindo da sala. A noviça esperou alguns segundos e a seguiu.

Mon caminhava sentido aos fundos, Sam já imaginava que a mesma estava indo para o quartinho com suas pinturas. Assim que  Mon entrou, deixou a porta aberta e foi próximo da mesa retirando seu hábito. Sam ao entrar no quarto fechou a porta e direcionou seu olhar totalmente a Mon. Aproveitou para retirar seu hábito também, deixando seus cabelos livres.

Mon estava quieta ainda de costas, então Sam caminhou vagarosamente até a freira parando ao seu lado.

- Por que nos trouxe aqui? Por acaso está querendo me desenhar igual Jack fez com a Rose no Titanic? - Sam murmurou em tom divertido, sorrindo ao fazer uma pequena pose para Mon. A freira deu um pequeno sorriso que não conseguiu evitar e negou brevemente com a cabeça.

- Não, eu...

- Ah, bom. Pois, teria que me pagar um jantar primeiro.  - Sam sorriu e  Mon a fitou dando um sorriso de lado.

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