capítulo 30

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Logo após o café da manhã, as freiras foram até suas barracas para começar a montá-las para mais um dia. Era sábado, e pela movimentação que já estava no lugar, Sam soube que o dia seria cheio. Enquanto a noviça organizava tudo com Tee e Mon, ao longe pôde ver Samuel vindo em direção à barraca de livros. O rapaz ainda estava um pouco distante, mas de algum jeito Sam conseguiu reconhecê-lo.

- Não é possível. - sussurrou em desgosto.

Mon, olhando na mesma direção que Sam, pôde entender a expressão fechada no rosto da garota. Samuel se aproximava, parecendo buscar entre as irmãs por um rosto específico.

- Tem alguém querendo virar padre. - Tee soltou em piadinha.

- Tee, isso nem faz sentido. - Sam falou irritada, com o cenho franzido, e Tee riu.

- Ele tá chegando, se prepara, Mon. - Tee avisou.

Mon fez uma pequena careta, com um nervosismo tomando conta de seu corpo. Não queria ter que lidar com o garoto logo cedo, então a solução mais viável que conseguiu encontrar foi abaixar-se e se esconder embaixo da bancada da barraca. A mesma estava totalmente coberta de modo que ninguém pudesse vê-la ali, só quem já estava do lado de dentro.

Sam, ao ver Mon toda encolhida, mordeu o lábio para não rir. Já Tee não se conteve, dando uma risada alta. Com isso, logo Samuel chegou com seu amplo sorriso no rosto.

- Bom dia, irmãs! - disse de forma amigável, mas apenas Tee o respondeu. - Mon não está por aí? - perguntou interessado.

- Não. - Sam foi a primeira a se pronunciar de forma seca.

- Ahn, ela está em outra barraca? Sabem-me dizer qual? - o garoto perguntou. Sam respirou fundo, pronta para lhe mandar cair fora. Esse garoto precisava de um bendito semancol.

- Mon não está em nenhuma barraca. Hoje ela acordou não muito bem, por isso ficará de fora das atividades. - Tee disse prática, e o moreno arqueou as sobrancelhas em surpresa.

- O que Mon tem?

- Diarréia. - a maior soltou de forma pesarosa. Sam quase riu, mas manteve a expressão fria.

- Nossa. - o garoto disse, baixando a vista. - Será que foi o sorvete? - perguntou pensativo.

Mon, que controlava um riso embaixo da mesa, franziu levemente o cenho. Não havia ido tomar sorvete com Samuel, muito menos sozinha.

- Sim, provavelmente. - Tee respondeu, fitando suas unhas.

- Mas e você, não se sentiu ruim? - disse curioso, examinando-a.

- Que nada. Eu tenho um organismo forte. Já Mon, pobrezinha... - falou com lástima. O garoto assentiu, parecendo acreditar.

- Bom, então diga-lhe que mandei melhoras. Por favor. E que peço desculpas, não sabia que o sorvete a deixaria assim. - Sam revirou os olhos nesse momento.

- Digo sim, não se preocupe. - Tee respondeu.

- Outra hora volto para ver como ela está. - avisou. Sam apertou seus lábios com força, mas foi inútil.

- Escuta aqui, garoto. Acho que você não entendeu direito, então serei mais clara com você. - Sam começou, sem se importar se estava soando tão grosseira. Era o mínimo perto do que ela sentia vontade de fazer com aquele engomadinho. - Mon é uma freira. Uma freira muito importante nesse convento e na igreja. Então acho melhor você esquecer qualquer que seja esses teus interesses banais e cair na real. Antes que eu mesma precise tomar qualquer providência. Pois não vou aceitar que fique aqui cercando uma IRMÃ DA IGREJA com flertes. Isso é um nível tão inadmissível que, talvez, eu reze por sua alma essa noite. - Sam o encarava com todo o seu olhar mortal. Samuel, ouvindo a tudo, engoliu em seco e assentiu totalmente sem graça.

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