capĆ­tulo 15

648 128 1
                                    

- Sam me ajuda a esconder essa roupa aqui, gostei dela. - Tee chamou a atenção da amiga, lhe estendendo um vestido.

Sam arqueou uma de suas sobrancelhas e Tee empurrou a peça até que ela a pegasse.

- Sério mesmo? - Sam reclamou escondendo a peça numa arara de roupas que ela arrumava.

Organizavam o bazar da igreja colocando as novas peças de doação nos cabides. Haviam chegado duas caixas de roupas e sapatos pela manhã e como elas ficaram encarregadas de cuidar daquela parte, examinavam as roupas vendo o que estava bom e ruim, para então por para vender.

- Essa veio da loja daquela garota, Está novinha, vou pegar para mim. - Tee disse como se fosse óbvio e continuou tirando as peças de roupas da caixa analisando uma por uma.

- Isso é pecado, irmã. - Sam avisou, rindo de um resmungo da loira.

A convivência com Tee era boa e agradável, ela sem dúvidas já considerava a garota sua amiga e agradecia muito por encontrar a mesma no convento. Seja qual fosse o plano divino, estava grata.

Por estar calor naquela sala, Sam e Tee haviam tirado o hábito e ligado o ventilador de teto para suportar a temperatura. Continuaram concentradas no que faziam até a presença de outra pessoa preencher o lugar.

- Oi meninas, Teresa mandou um lanchinho. - Mon entrou deixando uma bandeja com biscoitos e suco sobre uma mesa.

- Abençoada seja. - Tee disse e logo levantou-se indo na direção da bandeja atacando os biscoitos. Mon riu com a cena, mirando Sam logo em seguida. Foi então que viu que a mesma já a fitava minuciosamente.

Já faziam dois dias desde que Sam havia conhecido o pequeno espaço onde Mon fazia suas pinturas, e após isso a freira havia se distanciado um pouco.

Sam tinha notado isso, mas não disse nada, muito menos foi atrás. Até mesmo porque estava ocupada demais fugindo dos olhos de Nita e envolvida com seus assuntos de fora, como a fuga para Miami que ainda planejava.

Havia ficado surpresa em ver Mon ali trazendo o lanche, mas com certeza deveria ter sido um pedido de Teresa. A mulher havia adorado Sam e a paparicava o quanto podia.

- Não vai comer? - Mon disse se aproximando de Sam um pouco sem jeito.

- Já vou, estou só terminando aqui. - Sam murmurou sem olhá-la.

A freira assentiu e se afastou. Sam reparou que a mesma estava andando um tanto estranha, mas apenas juntou levemente suas sobrancelhas logo dando de ombros. Arrumou o último cabide com uma roupa e se aproximou das garotas se sentando sobre a mesa, pegando um dos biscoitos de chocolate para comer.

- Quando aquela Yuki mandar mais roupas, preciso que alguém me avise, eu posso ser a avaliadora oficial de roupas dela. - Tee falou olhando para Mon, a mesma olhava para Sam como se quisesse dizer alguma coisa. Já Sam olhava distraída para o biscoito de chocolate em suas mãos.

- Medo de falar com ela, irmã? - Sam perguntou dando um pequeno sorriso sarcástico, logo bebendo do suco de uva.

- Acho que eu posso... - Mon começou a dizer mais foi cortada.

- É aqui que estão minhas noviças favoritas? - Heng surgiu da porta com um sorriso de lado e caminhou até as garotas, logo avistou os biscoitos e aproveitou para pegar um.

- E aí Henzoca. - Tee disse e o mesmo franziu seu cenho ao ouvir o apelido.

- Por onde andou? Não te vi a semana toda. - falou Sam ao encara-lo.

- Recebi ordens para ficar longe de uma Maria fumaça. - ele disse rindo.

Mon olhava de um para outro, mas se manteve quieta.

- Tinha que ser a Sam. - Tee riu fraco e saiu de perto da mesa voltando a conferir as roupas, pois não podia perder tempo. Vai que acha outra peça bonita. Precisava esconder antes que outra freira espertinha achasse e a quisesse pegar.

- E por que está aqui então? - Sam falou, arqueando uma de suas sobrancelhas.

- Consuelo não manda em mim. - Heng disse e pegou outro biscoito. - Eu realmente recebi essas ordens, mas só não apareci antes porque estava ocupado com outras coisas. - justificou.

- Sei... - Tee soltou em provocação.

- Tava aprontando o quê? - a morena perguntou.

- Nada demais. Mas, - Heng fitou as noviças, mas parou assim que seus olhos pararam em Mon. - É, hm... - fitou Sam novamente um pouco incerto.

- Mon é tranquila, ela não vai fuxicar. - Sam disse entendendo o que Heng quis dizer com o olhar.

Mon parecia desconcertada e se mexeu como se fosse sair, mas Sam agindo rápido segurou sua mão.

- Eu saio, não tem problema. - a freira falou e eles sorriram.

- Não seja boba. Fique. - Sam disse sincera e Mon assentiu encostando-se na mesa próximo da noviça, aonde a mesma ainda estava sentada.

- Bom, então, soube de uma festa que vai rolar esse fim de semana numa cidade próxima daqui. E pensei em levar vocês comigo, o que acham? - Heng falou dando um sorrisinho de lado. - Pode vir também Mon, se quiser.

- E-eu... - Mon começou dizer totalmente perdida.

- Eu quero! - Tee soltou animadamente de onde estava. - Nós vamos.

- E como vamos sair daqui e voltar, sem que ninguém perceba? - Sam
perguntou e Heng sorriu travesso.

- Eu dou um jeito, só preciso ter certeza que topam.

- Tá. Eu topo. - Sam respondeu de maneira despreocupada.

- Eu já disse que sim. - falou Tee.

Todos então fitaram Mon, a mesma parecia perdida em pensamentos.

- Eu não sei... - a freira soava receosa.

- Não precisa se decidir agora. - Sam tocou seu ombro brevemente.

- Bom, combinado então. - Heng falou pegando mais um biscoito e comendo. - Vejo vocês no sábado. Passo aqui mais cedo para dar instruções. - disse e logo as lançou uma piscadela, saindo em seguida.

- Eu já falei que gosto desse garoto? - Tee comentou, fazendo Sam rir.

Mon ainda fitava as garotas, realmente apreensiva com tudo. Ela sentia vontade de ir, mas também tinha um grande medo do que lhe pudesse acontecer depois. Afinal tinha feito um voto, renunciando todas as coisas do mundo e isso incluía festas. Teria que pensar muito sobre isso, mas era bem provável que não iria.

Sentiu o olhar de Sam sobre si, e ao fita-la a mesma a olhava com curiosidade, mas logo deu um pequeno sorriso para ela. Mon lhe sorriu fraco, encarando por segundos o belo rosto da noviça ao seu lado. Até que ela quebrou o contato, voltando a comer dos biscoitos.

Estava um pouco distante de Sam desde que passaram um tempo no quartinho vendo suas pinturas. Sim, essa havia sido a decisão que lhe coube fazer até ter todos os seus pensamentos em ordem. O que não funcionou em quase nada. Só a confundiu mais. E ainda a deixou sentida de ficar tão distante da morena. Por isso desistiu de evitá-la e procurou Teresa para dar uma ideia de levar biscoitos para as garotas que estariam ocupadas e então, se reaproximar.

- Então Mon, vai falar com Yuki para mim? - Tee a chamou, lhe trazendo de volta onde estava.

Olhou para a loira sentada no chão com um monte de roupas envolta de si e assentiu com um sorriso.

- Acho que Yuki estará aqui amanhã. Vou dar o recado a ela.

- Obrigada, querida. - a noviça falou com um ar satisfeito.

- Arregona. - Sam cantarolou, voltando a sua posição anterior em pegar as roupas e as colocar no cabide.

- Calada. - Tee esbravejou fazendo Sam e Mon rirem.

 š‹š¢š­š®š«š š¢šš Onde histĆ³rias criam vida. Descubra agora