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"O que vocês fizeram?"

Pelas ruas eu andava com frio, abraçando a mim mesma para me aquecer. Eu olhava com medo para todas as pessoas, olhava para trás com medo de estar sendo seguida por alguém.

Eu estou completamente perdida, num lugar que eu nunca tinha pisado antes. Meus pés doíam e o cansaço foi dominando meu corpo, eu sentia uma forte náusea mas segurava o vômito.

Minha mente não para de me lembrar de Fushiguro, toda vez que lembro de seu estado dentro daquela caixa e o cheiro terrível, me dá vontade de vomitar e tontura.

Pensei que ficaria mais perigoso se eu continuasse andando e correndo risco d'eu encontrar um estuprador.

Fui até uma lixeira e lá, eu busquei por um papelão. Quando encontrei, eu fui em direção a um beco escuro e verifiquei se não tinha ninguém, quando tive a certeza, forrei o papelão no chão e me deitei olhando pra cima.

A que ponto eu cheguei, dormir na rua com ratos pelos cantos e fazendo barulhos.

Me pergunto como Satoru descobriu, mas e se ele não descobriu? O que o levaria a fazer tal profanidade? Acho que nada, eu não me lembro de ter feito nada, e nem ter mentido pra ele.

Bem, eu só menti em uma coisa. E eu sei bem o que, ligando os pontos tudo se encaixa perfeitamente.

- Foi isso, ele descobriu a verdade... - Meus olhos estão cheios de lágrimas, o que seria de mim? Por que eu nunca consigo ser feliz e viver em paz?.

[...]

Quando Kugisaki chegou em casa, deu de cara com o rosto, ou melhor, a cabeça do morto. Deu um berro tão alto que os vizinhos acenderam as luzes e foram ver o que estava acontecendo.

Nobara tremeu quando viu, a primeira coisa que fez foi correr até o andar de cima, gritando o nome de sua amiga.

- S/N!... - Berrava e torcia para ouvir sua voz, mas nada.

Ela se desesperou e foi até o quarto de Harumi, não vendo a bebê no berço ela quase enlouquece.

- Ele pegou as duas? - Nobara se culpa por tudo, e as lágrimas descem pelo seu rosto.  Seu peito crescia a angústia e voltou correndo para sala, indo até a porta que os vizinhos estavam batendo, preocupados.

Nobara não os deixou ver dentro da casa e disse que estava tudo bem, que apenas havia visto um inseto. Ela teve uma náusea ao ver Fushiguro ali na mesa, a cabeça caída para o lado direito.

Viu um pedaço de papel sobre o balcão da cozinha americana e correu até o mesmo, reconhecendo a caligrafia.

Ele descobriu tudo Nobara, ele soube de alguma forma que ele não foi o único homem que eu fiquei, e muito menos foi o meu primeiro. Eu não sei o que vai ser de mim daqui pra frente, não me procure por favor, não quero que ele te machuque por minha causa. E me desculpa, desculpe por ter colocado Satoru nas nossas vidas, e agora eu estou com merda até a cabeça. Deixei Harumi com a vizinha, vá busca-la! Eu não posso dizer que vou ficar bem, porque eu não sei se vou ficar, se cuide e cuide da nossa menina. Por favor, não me procure.

A Kugisaki caiu aos prantos no chão e amassou a carta, se encolheu num canto da cozinha e abraçou os próprios joelhos, se entregando à melancolia. Desejando sua própria ruína por ter colocado sua melhor amiga nessa situação.

Depois de um tempo considerado longo, ela se levantou e pensou em como poderia se livrar daquele pedaço de corpo humano. Pensou em Yuuji, ele tinha uma grana muito boa e poderia se livrar daquilo facilmente.

Telefonou e em trinta minutos o rosado chegou na casa, olhando para os lados.

- Cadê a S/a? Cadê ela Nobara? Cadê ela?. - Segurou os ombros da mais baixa e a sacudiu, desesperado.

𝐼 𝑛 𝑒 𝑠 𝑞 𝑢 𝑒 𝑐 𝑖́ 𝑣 𝑒 𝑙 | 𝐺𝑜𝑗𝑜 𝑆𝑎𝑡𝑜𝑟𝑢Onde histórias criam vida. Descubra agora