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"Mas fez, e eu não vou deixar que saia ilesa."

Pisco meus olhos várias vezes, despertando daquela solidão profunda e escura que eu estava provavelmente a horas.

Minha cabeça... Dói.

Ponho a mão na mesma e fecho um olho fazendo uma careta de dor. Ela estava doendo muito, tanto quanto meu corpo que estava deitado em uma superfície dura e maquiada de confortável.

Era uma cama que aparentava ser muito macia, mas basta eu me mexer um pouco para ouvir o som das molas enferrujadas ecoar pelo quarto escuro, garantindo mais pontadas de dor na minha cabeça.

Recordo-me brevemente do que aconteceu nas últimas horas e arregalei os olhos. Me levantei da cama rapidamente, porém por conta da rapidez eu tive um momento de tontura e me segurei na parede. Minha cabeça estava em pânico, eu não acredito que fui pega em menos de dez horas, não creio.

Vejo uma movimentação no escuro e não reconheço os cabelos pretos e espetados, um homem alto, de olhos negros e olhar tedioso me fitou. Minhas mãos estavam trêmulas, e eu só queria saber de quem se tratava.

A marca em seu nariz foi o que mais me chamou a atenção.

Ele virou o rosto e caminhou em direção a porta sem ao menos me dar uma resposta ou palavra, a abriu e a fechou em seguida.

Eu estava em um estado de transe tão grande que não consegui nem formular uma pergunta sequer.

- Deus... - Eu balanço a cabeça para sair do transe e começar a respirar fundo.

Não demorou muito para que eu ouvisse passos ecoando fora do quarto, eu engoli em seco e temendo o que estava por vir. Eu sabia que Satoru não seria nenhum pouco compreensivo, me faria sofrer ainda mais.

A porta é aberta e eu olho para quem está entrando, meus olhos quase saltam pra fora quando eu encarei aquele rosto novamente.

- Sukuna?... - Franzi o cenho confusa, não era quem eu imaginava que fosse, eu pensei que seria o Satoru com os olhos fervendo de raiva.

Não sei se isso é bom ou ruim.

- Diabinha, a quanto tempo... - Ele sorriu de forma grotesca e repugnante.

- O que você quer? - Eu senti meu corpo tremer dos dedos dos pés até os das mãos, fechei em um punho e tentei regular minha respiração pesada.

- Por que tanta hostilidade? - Ele sorriu e encostou seu corpo na parede, colocou as mãos no bolso e me olhou com aqueles olhos escarlates que me lembram sangue.

Sangue.

Em breves momentos eu me recordo de Fushiguro, e ponho a mão na boca para evitar vomitar, aquela imagem me traumatizou e acho que nunca vou lembrá-la sem ter vontade de pôr as tripas para fora.

- Diga logo o que você quer! - Eu aumento meu tom de voz. – Eu não quero papo furado, eu quero que seja direto! Por que diabos me trouxe para cá? Por que essa obsessão pelo Satoru? Eu já disse que não sei de nada! E que ele não se importa se eu vou viver ou morrer!

Seu sorriso se transforma em uma linha reta, seus olhos estreitos e sobrancelhas curvadas. Sua carranca me tira um arrepio tenebroso na espinha vertebral.

- Eu não tenho que explicar meus motivos para uma fedelha como você, mas você não se recorda de nada? - A cada palavra, seus passos se aproximam mais do meu corpo trêmulo.

- Do que eu deveria me recordar? - Indaguei, não liguei para seu insulto pois era parte da natureza de Sukuna, ser cruel e sarcástico.

Sukuna não levantou os cantos da boca nenhuma vez, e aquilo assustava pra caralho. Não ter aquele sorriso cheio de malícia e sarcasmo era mais assustador do que tê-lo estampado em suas expressões.

𝐼 𝑛 𝑒 𝑠 𝑞 𝑢 𝑒 𝑐 𝑖́ 𝑣 𝑒 𝑙 | 𝐺𝑜𝑗𝑜 𝑆𝑎𝑡𝑜𝑟𝑢Onde histórias criam vida. Descubra agora