Capítulo 50

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PICANHA:

Paro o carro na frente da casa do irmão do senhor Marlon. Desço do carro, próximo de um carro bonito que estava estacionado ali, de mal jeito, para deixar claro.

Quando patrão mandou eu vim aqui, pensei em falar para ele pedir para outra pessoa, mas o mesmo não estava com uma cara muito boa, o que mostrava que sua paciência não estava sendo uma das melhores.

A fazenda anda muito agitada, tem andado com mais tiros que tudo. Ainda consigo sentir a ardência da merdaiada do tiro que tomei.

A que mais sofre nisso tudo, é a bichinha da nossa patroa, adoro ela, é a única pessoa que eu já vi ainda de pé que enfrentou o nosso chefe.

Eu conheço o Antônio a muito tempo, assim que os pais dele tiraram as férias deles, estava precisando ajudar a minha mãe com o meu irmão, e o único emprego que encontrei, foi na fazenda.

Não sabia de nada daquilo, o senhor Antônio que me ensinou, ele teve até que paciência, me xingou um pouco quando perdi duas galinhas e três porcos dele, mas mesmo assim, ele não me demitiu.

O que eu agradeci muito.

Jurei estar do lado dele sempre, independente do que acontecesse. Foi aí que eu acabei me envolvendo nessa doideira toda. Sou o terceiro no comando daquela fazenda.

Subo a pequena escada daquela casa, quando iria, sinto a porta ser aberta e a de cerca, bate na minha cara. Solto um resmungo e me curvo um pouco.

-- Aí, moço. Me desculpe. – Ouço uma voz baixa dizer.

-- Presta atenção! – Falo irritado.

-- Vai se danar, seu agroboy de quinta categoria! Eu pedi desculpa! Não é culpa minha se ficou aí parado feito um idiota. – Paro de passar a mão no meu nariz e olho para aquela mulher.

Negra, cabelos cacheados, olhos puxados e boca carnuda, rosado, olhos pretos e marcantes. Seu corpo e violão, seios fardos, tudo nessa pelo jeito tem fartura. Quanto mais carne, melhor.

-- Você está me ouvindo, seu palarma? – Cruza os braços, deixando aquelas montanhas maiores.

-- Infelizmente. – Encaro ela.

-- Achei que o pessoal daqui era mais educado. -- Revira os olhos.

Olho ela de cima a baixo, suas roupas eram de marcas, dava facilmente para saber de quem era aquele carro ali atrás.

-- Somos educados, não idiotas. – Imito ela, revirando os olhos.

-- Grrr... – Ela solta um tipo de rosnado e sai pisando duro.

-- Rosnando, gatinha? – Ela se vira com brutalidade e mostra o dedo, logo se virando e entrando no carro.

-- AGROBOY, DE QUINTA! – Grita sando, indo embora.

Dou risada e quando me viro, noto Júlio na minha frente. Arrumo minha postura, que nem notei que estava relaxada.

-- O chefe mandou eu vim dá uma olhada por aqui. – Falo com o tom sério.

-- Você não vai encontrar nada. – Diz, mas mesmo assim, abre a porta para mim entrar. – Quer ajuda para procurar? –

-- Não. – Subo as escadas.

Não gosto desse garoto.

Não gosto desse garoto

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