1948
"Há mais alguma coisa que você gostaria de dizer?" O jovem alto e bonito curvou os lábios; na masmorra úmida, era como se ele estivesse em um trono quando olhou para a mulher em trapos.
Talvez fosse devido às roupas surradas e cabelos grisalhos, mas a mulher parecia muito mais velha do que antes. Mas a aparência física de alguém nunca seria capaz de esconder a ponta de sua alma; a sabedoria nunca desapareceria, nem ficaria coberta de poeira.
"Não deveria ser você quem tem algo a perguntar?", a mulher refutou calmamente, ousando até mesmo provocar um sorriso triunfante. "Você nunca seria capaz de encontrá-lo, não importa quantas vezes você pergunte."
Não importa o quão poderoso Tom Riddle fosse, ele poderia quebrar os confinamentos do espaço e do tempo? Ele poderia reverter o destino indetectável da humanidade? Ele poderia tocar o futuro?
Ele não conseguiu.
Tom Riddle sempre seria apenas um mero humano; ele nunca se tornaria Deus.
"Joan, você acha que eu não me importaria em te matar?" Olhos vermelho-sangue encararam a mulher firmemente, o tom vermelho-escuro profundo e terrível simbolizando o mais primitivo presságio, representando a coagulação do sangue e o fim da vida. O sonserino fez a pergunta com um tom leve, como se fosse uma pergunta comum.
Joan sorriu, assim como fazia quando estava ao lado de Harry e o observava conversar com ela; um sorriso leve e alegre.
"Você acha que eu não ouso morrer?" A mulher com rugas proeminentes nos cantos dos olhos respondeu levemente. Afinal, ela não conseguia parar o tempo como Harry conseguia. Em 1947, Joan já tinha mais de quarenta anos; já era velha.
Tom ficou parado, com os olhos baixos.
Ela ousou morrer, mas ele não ousou matá-la. Ele precisava manter algo para se lembrar; para se lembrar do passado; para se lembrar de cada minuto e segundo que ele passou com Harry.
Joan é uma testemunha. Ela não pode morrer.
Tom Riddle tinha apenas 21 anos; ele era animado, tinha um futuro perfeito, era culto e tinha uma memória inigualável - ele nunca cairia em uma doença que causaria perda de memória como Alzheimer. Mas o que o fez entrar em pânico, o que ele foi forçado a admitir incansavelmente, foi que ele tinha começado a esquecer.
Ele se lembrava de cada detalhe do seu plano de dominar; lembrava-se da fraqueza fatal de cada família Puro-Sangue; lembrava-se de cada truque para enganar as pessoas, mas tudo sobre Harry gradualmente começou a ficar confuso em suas memórias.
O Lorde das Trevas, que sempre foi arrogante e confiante, estava em pânico.
Ele havia retornado ao ciclo vicioso do qual estava tentando se livrar.
Por causa do desaparecimento de Harry, seu batimento cardíaco parecia ter se tornado estranho. Ele começou a ter dificuldade para respirar; mesmo inalando profundamente o ar para tentar expandir seus pulmões ao máximo, não conseguia se livrar da sensação de sufocamento. Seus órgãos internos se contraíam e convulsionavam; ele sempre pensava em transe; suas emoções eram como um vulcão despertando, fazendo sua fúria entrar em erupção mesmo com a menor desobediência dos outros.
Ele estava de volta ao seu estado mais odioso e fraco.
Em seu quinto ano, ele resolutamente fez uma Horcrux, armazenando todas as suas memórias no diário com satisfação; ele acreditava que se removesse Harry de sua mente não seria mais influenciado por ele, que a ideia de que ele 'gostaria' e 'amaria' alguém se tornaria impossível.
VOCÊ ESTÁ LENDO
47 DAYS TO CHANGE - TRADUÇÃO
FanficHarry Potter e Tom Riddle são inimigos, adversários natos, líderes profetizados de facções opostas. 2001 a 1932, quarenta e sete dias para mudar o destino do Lorde das Trevas. Esta é uma história de 'Harry viaja no tempo para criar Tom'. Uma históri...