5

6.5K 491 142
                                    

FELLIPP BARBIERI

Sabia que aquela ratinha era petulante, mas não imaginava que fosse corajosa o suficiente ao ponto de fugir. Após nos casarmos, também não queria esse casamento, mas... estou aguentando esse sacrifício, então a ratinha também terá que aguentar. Vi o exato momento em que Cordelia saiu de fininho; ela achou que ninguém perceberia, mas eu percebi e a deixei ir para ver até onde ela ia. Foi então que percebi que ela estava fugindo.

Ela achou que poderia se fazer de esperta comigo.

— Sacrifiquem o cavalo — ordeno em meio à minha raiva. Quero fazer Cordelia sofrer por me dar tanta dor de cabeça.

— NÃO, por favor, eu... eu... prometo que faço tudo que você disser, só não machuque o Fergus — é nítido o quanto ela tem medo de que eu faça alguma coisa com o animal.

— Fellipp, vamos conversar civilizadamente. Sei que o que Cordelia fez foi errado, mas não precisamos chegar a esse extremo — Maxwell tenta abordar a situação, porém meu corpo está banhado em ódio e raiva.

— Sua filha não pensou nisso quando ia fugir? — Consigo ouvir os fungados de Cordelia. Olho pra ela; seu rosto está banhado por lágrimas. 

— Fellipp — ouço o timbre relutante de Enrico.

— Mate o cavalo! Agora é uma ordem, ou eu mesmo farei — digo, sem remorso algum. Nesse momento, quem fala é meu lado sombrio; Enrico sabe muito bem que eu seria capaz de matar aquele cavalo.

— Não, por favor, eu imploro — Cordelia pede, e uma mulher se aproxima para tentar acalmá-la. 

Olho para Enrico, que decifra meu olhar. Ele assente em confirmação. Ando até Cordelia, puxando-a pelo braço para que ela não veja essa cena. O barulho do tiro, junto ao relinchar do cavalo, a faz parar. Cordelia começa a gritar desesperada, deslizando seu corpo ao chão. 

— NÃO!!! Fergus — seu grito, cheio de dor, ela chora até que perde sua respiração. 

— Cordelia — a mulher de meia-idade se aproxima, abraçando minha esposa.

— Ele está morto, Maísa — volto a puxá-la pelo braço, saindo dali. Não quero ouvir esse melodrama.

— Não toca em mim — ela tenta puxar seu braço, mas é em vão — VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO — grita conforme nos aproximamos do carro. — EU TE ODEIO, TE ODEIO!!

— Que bom, porque eu também te ODEIO — altero um pouco a voz e coloco Cordélia dentro do carro.

— Fellipp...

— Já estamos partindo. Se ainda quiser se despedir da sua filha, sugiro que faça isso agora — interrompo Maxwell, vendo o homem caminhar até o carro.

— Fiz o que me mandou — Enrico se aproxima.

— Ótimo, não quero que ninguém fale o que aconteceu aqui.

— Estamos prontos para ir — assenti. — Alguns soldados irão acompanhá-los. Partirei hoje mesmo para a Calábria. — Enrico declara.

— Certo, vamos, mas antes tenho algo para resolver — digo, tendo uma ideia meio estúpida.

Cordelia já estava acomodada no jato. Depois de tanto chorar, ela adormeceu na poltrona. A levei para o quarto que tinha no jatinho. Guardo meu celular após falar com meu irmão. Me ajeitei na poltrona e achei que, a essa altura, estaríamos indo para a Calábria, mas aqui estou eu, esperando minha convidada para partir para a minha lua de mel.

— Senhor, estamos preparados — o piloto avisa.

— Cheguei — a voz irritante soa — podem guardar minha mala e poderiam me trazer um suco? Essa viagem vai ser bastante interessante.

Uma esposa para o mafioso: Livro 2 Série Máfia N'drangheta Onde histórias criam vida. Descubra agora