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FELLIPP BARBIERI

Atenção: as próximas cenas podem ser perturbadoras.

Abraço Cordelia, cujo corpo está sobre o meu, ajeito o cobertor. Estávamos a caminho da mansão. Ela se negou a ir ao hospital, dizendo que queria ir para casa. Afastei seu cabelo do rosto e observei seu olhar perdido, sem o brilho radiante em suas íris. Seu rosto estava vermelho e inchado pelo choro.

Cordelia estava em um estado lamentável. Sentia um aperto no peito somente por olhá-la. Minha mente se voltava para a cena horripilante que havia presenciado. Aquela maldita iria pagar muito caro, e eu implorava que o infeliz vivesse para que eu pudesse matá-lo de maneira lenta e dolorosa.

Minha esposa sequer teve reação quando a peguei no colo e saí do carro. Pedi à minha mãe que me deixasse a sós com Cordelia por um momento. No estado em que ela se encontra, não é capaz de receber visitas.

Minha ruiva está em um estado sem conseguir reagir; era como se processasse tudo. Cordelia não esboça e nem fala nada, além de demonstrar  tristeza e angústia.

Com a casa vazia, adentro até nosso quarto, deixando Cordelia sobre a cama. Sigo quando ela correr até o banheiro e se debruça sobre a privada.

— Acho melhor irmos ao hospital — anuncio, acariciando suas costas. 

— Não quero — ela se levanta, caminhando até a pia.

— Cordelia, por favor — imploro, preocupado. 

— Você não entende — grita, se virando — me sinto suja. Minha mente só relembra o pior momento da minha vida. Eu fui tocada sem minha permissão. Eu IMPLOREI, gritei, pedi por ajuda e socorro, e eles riram. Eles se divertiam com meu sofrimento, e toda vez que fecho meus olhos, sinto os toques daquele homem, sinto seu...

Um choro estridente não permite que ela continue. Tento me aproximar; contudo, Cordelia se desvia, entrando no box e ligando o chuveiro, onde ela entra sem se importar em tirar a roupa.

Me preocupo e fico sem saber se aproximo ou lhe dou espaço; porém, decido me aproximar ao ver Cordelia rasgar a roupa com brutalidade. Com pressa, ela entra debaixo da água, passando a mão ligeiramente entre os braços e em seu corpo, com tamanho desespero.

— Cordelia — chamo, mas ela não responde, sem deixar de esfregar seu corpo, chorando. — Para — tento segurar sua mão, mas é como se ela tivesse algum tipo de surto, e vê-la neste estado acabava comigo.

Preferia ser eu a sentir sua dor.

O ferimento de bala que havia aberto os pontos sequer doía em comparação à dor que ela estava sentindo ou à que eu estava sentindo ao presenciar seu sofrimento.

Na tentativa de acalmá-la, envolvo seu corpo em um abraço.

— Amor, estou aqui — Sem me importar em molhar minhas roupas, digo, sentindo o corpo de Cordelia deslizar, caindo em meus braços. — Shiiu, vai ficar tudo bem, nada mais vai acontecer. Eu prometo, vamos superar isso.

— e..s.e eu não consiguir — suas palavras soam em um gaguejo.

— vamos, vamos conseguir. Irei ajudá-la e, se você quiser, podemos procurar por ajuda.

— tá doendo — ela ergue os olhos para mim.

— eu sei e nunca vou me perdoar por isso ter acontecido — sem conseguir conter, uma lágrima escorre pelo meu rosto e sinto um aperto por não conseguir tirar a dor de Cordelia.

__ não foi sua culpa — ela diz de repente — o ódio de Lindsay ia muito além de você.

— nada que você me disser vai me fazer sentir menos culpado. É meu dever te proteger e evitar que coisas assim aconteçam — pronuncio com desespero — Cordelia não suportaria te perder e saber que isso aconteceu acaba comigo. E pensar que, se eu tivesse demorado alguns segundos a mais, algo pior teria acontecido, me destrói.

Uma esposa para o mafioso: Livro 2 Série Máfia N'drangheta Onde histórias criam vida. Descubra agora