FELLIPP BARBIERI
Avisto Cordelia sentada no quiosque enquanto olhava em direção à piscina. Ela parecia estar perdida em seus pensamentos. Suspiro fundo, me aproximando. Cordelia parece não perceber minha presença. Olho em direção ao lago, avistando fergus, e um meio sorriso surge em meu lábio, vendo que pelo menos isso eu já havia revelado.
— Podemos conversar? — chamo sua atenção, porém Cordelia não se vira para mim. Me sento na sua frente, pensando em uma maneira de iniciar a conversa — Sei que nada que eu disser vai justificar meus atos e, de verdade, peço desculpas por ter escondido uma coisa tão importante de você. Me desculpe por ver seu sofrimento, por presenciar sua dor. Não é fácil admitir que estou errado. Acredite, a culpa uma hora chega e corrói de uma forma que levar um tiro doeria menos. Não pense que gostei de ver sua dor, de ver o quanto sofria e sonhava com aquele maldito dia. Não pense que foi fácil para mim esconder isso, e várias vezes cogitei em dizer.
— E o que te impediu? — questiona, olhando finalmente em minha direção.
— Fui covarde, tive medo... medo de te perder, medo de que você nunca mais olhasse na minha cara. Sabe por quê? Porque eu tinha consciência do que eu fiz, era errado. Porque eu sabia que minhas ações te machucaram e eu sinto muito. Não podia continuar escondendo isso de você, e foi preciso muita coragem para te revelar isso.
— Como aconteceu? Como não percebi? Eu ouvi o tiro, como...
— O tiro não acertou. Na verdade, a ordem não era para matá-lo, apesar de naquele momento eu ter dito o contrário.
— Não pense que vou te agradecer por isso — ela esbraveja.
— E não quero que agradeça. Tenho total consciência de que a culpa é minha.
— Desde quando Fergus está na Itália?
— Desde aquele dia. Enrico cuidou pessoalmente do transporte. Ele veio em segurança e até então tem ficado em um lugar seguro.
Cordelia soltou uma risada amarga e incrédula.
— E eu sofrendo pela sua falsa morte esse tempo todo — ela não diz mais nada. Observo a maneira em que ela nega com a cabeça, como se martirizava a ideia e não acreditasse no que eu estava dizendo.
Voltar nesse assunto é como voltar na falsa morte de Fergus.
Sua respiração pesada, assim como seu olhar distante e as lágrimas se formando em seus olhos, demonstram sua tristeza. Meu peito se aperta diante do seu sofrimento.
— Quem cuidou dele? — ela pergunta de repente, com um tom preocupado — Fergus é um cavalo arredio.
— Eu cuidei dele — respondo, vendo sua afeição ganhar um semblante de surpresa — Não foi fácil, no começo, mas aos poucos ganhei a confiança dele. Descobri que Fergus gostava do seu cheiro floral, então levei uma peça de roupa com seu perfume, sem contar a paixão dele por maçã — Ela me olha pensativa — Não fiz isso pelos motivos que você está pensando. Gostei de cuidar de Fergus. Ele é uma boa companhia e um bom ouvinte.
— Então, esse era seu compromisso? — questiona e assinto em confirmação — E eu, achando que era uma mulher — escuto seu sussurro — Nunca imaginaria, e agora, pensando bem, faz sentido: você nunca faltava a esse compromisso.
— Por incrível que pareça, ele ficava mais tranquilo quando eu ia vê-lo — Cordelia arqueia sutilmente uma sobrancelha — Sei que está com ódio.
— Não estou com ódio — ela nega com a cabeça se levantando — Estou com raiva... decepcionada, magoada, me sinto traída.
Seu olhar perdido e triste me parte o coração. O rosto de Cordelia está inchado pelo choro recente; sua pele avermelhada e seus lindos olhos decepcionados me doem. Olhando-a vagarosamente, me aproximo, abraçando seu corpo com cuidado. Ela não retribui e nem se afasta.
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Uma esposa para o mafioso: Livro 2 Série Máfia N'drangheta
RomanceCordelia Mackenzie é uma garota ensinada somente para um propósito: ser uma esposa perfeita. Cordelia sempre soube de seu destino, só não imaginava que chegaria tão rápido. Com 19 anos, Cordelia tem que se casar com um membro da família Barbieri par...