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FELLIPP BARBIERI

Com dificuldade, abro meus olhos, me sentindo sonolento até acordar. É difícil, malditos remédios! Penso em levantar, contudo, me sinto fraco pela minha condição. Sei que foi uma burrada não ter ido ao hospital antes, mas naquele momento, tudo que eu precisava era de Cordelia. Somente por vê-la, já me sentia completo, não dando tanta importância a um mero tiro que, sim, poderia ter tirado minha vida. Sem me atentar, só agora viro meu rosto, vendo uma enfermeira prestes a injetar remédio no soro.

— Ei, o que está fazendo? — altero a voz com dificuldade. — Ou ei, estou falando com você, porra! — A mulher se vira para mim com medo.

— Desculpe, senhor, mas sua mãe disse que era para eu ignorá-lo e aplicar o remédio que o médico recomendou.

— Não vai aplicar nada! Não quero esses remédios, eles me deixam sonolento! — resmungo, com os olhos pesados.

— Mas, senhor, foram ordens e, se não tomar, vai sentir dor.

— Não me importo, deixem esses soníferos longe de mim. — Percorro o olhar pelo quarto à procura de Cordelia. — Sabe onde está minha esposa?

— Ah, ela saiu assim que amanheceu; ficou a noite toda cuidando do senhor. — Assenti, sabendo que Cordelia, a essa hora, estaria em segurança na faculdade.

— E minha mãe?

— A senhora Barbieri foi pegar um café. — Vejo o momento em que ela coloca a seringa na bandeja, pedindo licença, logo saindo do quarto e me deixando sozinho. Tento manter meus olhos abertos; contudo, era extremamente difícil. Era como se não tivesse controle. Me entrego ao efeito do remédio, deixando o sono vencer. Sem conseguir conter, volto a dormir. Me sentia cansado e os efeitos dos remédios não estavam ajudando.

Não sei exatamente quantas horas se passaram; contudo, abro meus olhos abruptamente, com uma sensação ruim no peito, uma angústia. Mas não era uma angústia minha; era como se eu pudesse sentir através de outra pessoa. Ouço alguns sussurros e, com um pouco de dificuldade, me sento na cama, vendo meus pais, Pietro e Lorenzo, no quarto.

— O que aconteceu? — questiono, sentindo um aperto. Minha mãe tem lágrimas nos olhos, meu irmão e meu pai me olham com preocupação, e percebo que há algo de errado. — Andam, me diga, caralho, o que houve? Cadê minha esposa?  — vou logo, me desesperado, sentindo que é algo relacionado a ela. — Onde está Cordelia?

Coloco meus pés para fora da cama, vendo mamãe vir até mim, tentando me conter.

— Filho, se acalme — ela pede, e fico ainda mais angustiado.

— Mãe, só quero saber onde está minha mulher — peço com desespero. — CADE A CORDELIA, PORRA! — grito, perdendo toda a minha paciência com esse maldito suspense.

— Não sabemos onde ela está — papai, quem fala é o olho.

— Como... como não sabem?

— Irmão, tudo que sabemos é que Cordelia foi encontrar a amiga no dormitório da faculdade. Ela demorou para voltar, e foi quando os soldados foram atrás, não encontraram — meu irmão explica, e levo a mão ao peito, tentando conter o doloroso aperto. — Encontraram somente isso — Lorenzo me mostra a aliança de Cordelia, e fico por alguns minutos sem reação. — Fellipp, sequestraram Cordelia! — Ao escutar essas palavras, sinto meu mundo desmoronar; era como se faltasse ar.

— PORRA!!! — grito, socando a escora da cama, tirando forças não sei de onde, começo a tirar as agulhas instaladas na pele do meu braço. — CARALHO!

— Fellipp, se acalme — mamãe pede, se aproximando; porém, observo papai puxá-la, já que estou agindo com explosividade.

— COMO VOU ME ACALMAR? — berro, tirando em um puxão as vestes do hospital, sem me importar em ficar somente de cueca na frente dos demais. Passo por eles, vendo minhas roupas sobre o sofá, e imediatamente me visto. — Quem sequestrou Cordelia sabia exatamente que temos rastreador nas alianças.

Uma esposa para o mafioso: Livro 2 Série Máfia N'drangheta Onde histórias criam vida. Descubra agora