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CORDELIA BARBIERI

Uma semana depois

Havia se passado uma semana, uma semana que venho ignorando meu marido, uma semana que evito seu diálogo. Não conseguia olhar para ele sem me lembrar da sua mentira, e meu sofrimento ainda estava presente. Estava com raiva, não tanto quanto no começo. Toda vez que olhava para Fellipp, me dava vontade de socá-lo. Isso também havia passado, mas a decepção ao olhá-lo ainda estava presente.

Caminho até as macieiras, avistando Fergus. Ele come algumas maçãs que estão caídas no chão e sorrio, sabendo que esse lugar se tornaria o favorito dele. Estendo o braço, pegando uma maça direto da árvore, passo o tecido do meu vestido na maçã e logo dou uma mordida.

— Oi, garoto — Fergus se aproxima e faço um carinho em seu pelo. — Você gostou, não é, garoto? Aproveite.

E como se me entendesse, Fergus se vira, voltando sua atenção às maçãs. Me sento sobre o gramado, escorando meu corpo no tronco da macieira. Aprecio a visão de Fergus e o lindo jardim que abriga essa propriedade. Dou mais uma mordida na fruta, abrindo meu livro, e ali, debaixo da macieira, desligo minha mente ao lado do animal que mais amo.

Fiquei tempo demais embaixo da árvore e me esqueci completamente de que hoje sairia com as meninas. Fecho meu livro, me despedindo de Fergus. Durante esta semana, matei a saudade do meu amigo. Fellipp comprou selas e todo o equipamento que precisaria para montá-lo. E nem preciso dizer que ele mandou construir um espaço para o estábulo, que já está em andamento. Fellipp me surpreendeu; o espaço estava ficando enorme, até parece que iria abrigar milhares de cavalos.

Com a chegada de Fergus, Dona Antonella ficou sabendo da falsa morte do meu cavalo. O próprio Fellipp revelou, ganhando um tapa da mãe. Não preciso mencionar o quanto ela ficou chateada. Contudo, depois que eles voltaram do escritório, percebi que Dona Antonella estava mais furiosa do que antes; era como se tivesse descoberto outra coisa chocante.

Ela sequer olhou em direção ao filho, e isso me deixou intrigada. Senti que estavam escondendo algo.

Aproximo-me de casa, vendo o carro do meu marido estacionar. Fellipp sai com seu típico terno preto e vem ao meu encontro.

— Como foi seu dia? — questiona, colocando-se ao meu lado.

— Aproveitoso — suspiro — aproveitei bastante meu tempo com Fergus — apresso meu passo, entrando em casa — estou atrasada.

— Atrasada? Atrasada pra quê? — Fellipp sobe, me seguindo. Entro no quarto, seguindo para o banheiro.

— Aonde vai, Cordelia? — Seu tom é grave e sério. Não respondo e começo a tirar meu vestido, tendo Felipp parado na porta do banheiro. Consigo sentir seus olhos me queimarem. Fico somente de peça íntima, me viro olhando para meu marido, sua mandíbula travada, seu punho cerrado, e, sem me importar com sua raiva, tiro lentamente a calcinha, ficando nua. Fellipp me olha nos olhos; desfaço o contato, entrando no box. — Me responda.

— Sair com as meninas — anuncio.

__ Não, mesmo.

— Eu vou, Felipp, goste ou não — rebato, e somente agora os olhos de Felipp descem por meu corpo. Ele me observa vagarosamente, com uma intensidade que me faz arrepiar.

— Me deixe, pelo menos, levá-la — meu marido pede, com a voz mansa. Sutilmente, ergo minhas sobrancelhas. Felipp Barbieri nunca me pediu nada.

— Ok, agora, se puder me deixar sozinha, agradeço — falo, sabendo que seu olhar tem me causado efeitos. Felipp vira as costas, saindo do banheiro, e me permito soltar a respiração.

Uma esposa para o mafioso: Livro 2 Série Máfia N'drangheta Onde histórias criam vida. Descubra agora