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CORDELIA MACKENZIE

Achei que minha vida não poderia piorar. Presenciei a morte de Fergus, estava longe da minha família e sentia falta de Maísa. Nunca fiquei tanto tempo longe dela e agora teria que lidar com a presença de Lindsay. Fellipp disse que me faria pagar, e ele está cumprindo sua palavra.

A porta do carro se abre, e eu apalpo meus braços pelo frio. Era de madrugada, a noite predominava. Percorro meu olhar pela casa; não é necessariamente uma casa, e sim uma mansão. A estrutura da casa era de pedra, bem semelhante à minha antiga casa. Fellipp veste seu blazer; em meus braços, estava prestes a recusar com todo meu orgulho.

— Vamos logo — meio sem paciência, ele diz, voltando a me puxar. Esse cretino acha que sou o quê para me puxar como bem entender?

— Mas que saco! Já disse que sei andar sozinha, não sou sua bagagem! — reclamo, revirando os olhos, e subimos os lances da escada. A porta estava aberta; entramos e um homem caminha ao nosso encontro.

E que homem!

Não que meu marido seja feio, porque ele não é, porém não prestava. De que adiantava toda a beleza? 

— Não é todo dia que um Barbieri vem me visitar — O homem tem um tom zombeteiro. Ele e meu marido se comprometem apertando as mãos, e seu olhar vai para algo além de mim que acaba de passar pela porta. — Fellipp, não me diga que se casou com duas mulheres — olho de canto, sentindo a presença de Lindsay. E como eu sei?

O cheiro forte e enjoativo do seu perfume a denuncia. 

— Dio non voglia, basta solo il topolino (Deus me livre, só a ratinha é suficiente) — reviro os olhos diante da fala do meu marido. Ele diz em italiano, achando que eu não entenderia, mas entendo.

Maxwell não poupou esforços para que eu tivesse os melhores professores de italiano.

— Presumo que você seja a princesinha Mackenzie — ele diz, referindo-se a mim, mas fala para Lindsay.

Quanta ousadia deste homem!

— Bem que ela queria — o homem que esperava uma resposta de Lindsay olha para mim — sou Cordelia Mackenzie — me apresento — Barbieri — acrescento meu nome de casada — essa é Lindsay, a amante do meu marido — digo, fazendo o homem gargalhar; porém, ele logo se recomponha.

— Cordelia, prazer, sou Apollo Aggelidis, terceiro — não digo mais nada, acenando. O desconhecido, que agora sei que se chama Apollo, esboça um sorriso debochado no rosto — ela é corajosa — ele diz ao meu marido.

— Hum, e eu não sei, é até demais — com certeza, Fellipp se lembrou da minha quase fuga; porém, só de lembrar me dá náuseas.

Fergus...

— Mandei prepararem o melhor quarto para o recém-casal — o homem diz, e meu marido suspira — Filomela irá acompanhá-los.

— Sr. Barbieri, Sra. — uma senhora aparece nos cumprimentando. 

— Aproveite, Fellipp. Amanhã conversamos. Filo, depois mostre o quarto para outra moça.  Apollo diz, e a senhora assente em confirmação. 

— Por aqui — ela diz, e Fellipp volta a me puxar. Lindsay fica para trás enquanto me encara com ódio. 

Seguimos a mulher por um corredor. Fico calada todo o percurso. Hoje, com certeza, aconteceria a tradição do lençol, e isso me deixava nervosa. Nunca tive contato sexual; tudo o que eu sei é muito vago. Maisa quase nunca conversava comigo sobre essas práticas. 

Uma esposa para o mafioso: Livro 2 Série Máfia N'drangheta Onde histórias criam vida. Descubra agora