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CORDELIA BARBIERI

Uma semana havia se passado e eu nunca imaginei que poderia gostar da Calábria. A família Barbieri me acolheu muito bem, principalmente Dona Antonella, que faz de tudo para que eu me sinta confortável. Durante essa semana, passo meus dias na biblioteca e perdi a conta de quantos títulos já li. A biblioteca é, sem dúvidas, meu lugar favorito da casa.

Caminho até a mansão principal, onde mora o Don e onde marquei de encontrar minha sogra. Iríamos hoje às compras. Estava animada, pois poderia comprar meus materiais para a faculdade, que logo mais frequentaria.

Quem diria que eu, Cordelia, poderia cursar uma faculdade?

Estou animada por conhecer um pouco mais da Calábria. Subo os degraus da mansão, olho encantada para o lindo jardim e várias árvores frutíferas. Entro na sala e me deparo com a elegância de Dona Antonella. Um grande sorriso surge em seus lábios assim que me vê.

— Querida, como está? — Ela se levanta, vindo até mim e me dando um abraço.

— Muito bem, obrigada.

— Já tomou café? — Nego, e a senhora me guia até a mesa de jantar, onde está servido o café — Fique à vontade para comer o que quiser.

Dona Antonella diz, e tímida, percorro com o olhar a mesa de café. Abro um grande sorriso ao ver o monte de panquecas e deixo toda a minha timidez de lado.

— Gosta? — Desvio o olhar das panquecas para Antonella.

— Sim — Abro um sorriso envergonhada; não consigo deixar de esconder o quanto gosto de panquecas.

— Você é uma graça — Percebo o carinho na sua voz. Dona Antonella tem todo um ar maternal, o mesmo que pairava sobre Maísa — Come, querida, não fique envergonhada.

Coloco todas as guloseimas que consigo na minha panqueca e acompanho a senhora na refeição. Dona Antonella exibe elegância; seu cabelo moreno está preso em um penteado. Tanto Felipe quanto Lorenzo se parecem fisicamente com essa senhora.

— Soube que Fellipp tem chegado tarde em casa — Ela começa o assunto com receio, deixando o copo de suco sobre a mesa.

Nas últimas semanas, Fellipp tem chegado tarde em casa, e é claro que percebo que ele sai com uma roupa e chega com outra. Sem contar que são raras as vezes em que ele se banha em casa. Ele tem agido estranho, me ignora, e tenho quase certeza de que chega tarde de propósito, somente para não se encontrar comigo.

Não é muito difícil imaginar o que ele faz; com certeza se encontra com outras mulheres, vivenciando sua vida como solteiro, mesmo não sendo.

Um lado meu tenta não se importar, enquanto o outro se importa em saber que meu marido fica com outras mulheres, enquanto eu tenho que servir como esposa e ter minha vida girando em torno de um casamento. É triste.

Poxa, é tão difícil assim dar fidelidade?

Nenhuma mulher merece passar por isso. Desejo sentir todos os sentimentos que a vida pode me proporcionar: amor, carinho, confiança, prestígio, respeito.

— Sim — digo em um suspiro.

— Sinto muito, querida — ela me olha com pesar pelas atitudes do filho.

— Tudo bem — não, não estava nada bem — somos máfia e a senhora, mais do que ninguém, sabe que não temos escolhas.

Mulheres na máfia só são vistas como uma aliança, um pedaço de carne que é dado ao primeiro homem com título de importância dentro da hierarquia.

Uma esposa para o mafioso: Livro 2 Série Máfia N'drangheta Onde histórias criam vida. Descubra agora