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FELLIPP BARBIERI

Entro na sala de tortura ouvindo os gritos de Célia. Arregaço minhas mangas e vou até a mesa com os objetos de tortura. Pietro coloca um punhal sobre a mesa, soltando um suspiro frustrado.

— Algo de errado? — questiono, pegando a pata de gato.

— Acho que ela não sabe nada além do que foi dito — Balanço a cabeça e concordo. Acredito que Célia não conheça a mulher que foi sua cúmplice para matar minha cunhada; porém, Célia errou quando tentou contra a vida da primeira-dama e, por isso, vai morrer — Continue a tortura, ficarei assistindo à espera do Don.

Pietro acende um cigarro, olhando diretamente para Célia, que está presa com correntes. Paro em frente à mulher, vendo seu rosto banhado de lágrimas.

— S-senhor — seu tom é como uma súplica — Eu juro que já... já falei tudo o que eu sei. Não conheço a mulher.

— Isso não tira sua parcela de culpa. Você quem preparou o prato e quem serviu, mesmo sabendo que Lorenzo havia proibido.

— E... eu... sinto muito — Célia diz entre soluços, com o corpo ensanguentado, segurando o objeto de tortura nomeado "pata de gato". É uma arma em formato de garras bem afiadas, bem semelhantes àqueles dentes de rastelos de metal, só que bem menores, porém não menos dolorosos.

Seguro a garra nas mãos. Essa belezinha foi feita para rasgar carne e ossos.

— S.enhor — vejo o medo em seus olhos conforme pressiono a garra em seu ombro. — P.or fa.vor — implora, e não tenha piedade.

— Devia ter pensado nisso antes — as pontas afiadas como agulhas penetram a pele de Célia, e a mulher grita em meio à dor e desespero.

Com força e sem pena nenhuma, deslizo o objeto entre seus seios, rasgando sua pele, fazendo seu sangue espirrar, manchando minha camisa. Aprecio a marca que a pata de gato deixa na pele humana, como se realmente um gato tivesse feito e arranhado sua carne.

Celia era de confiança e, além de desobedecer uma ordem do Don, ela tentou matar minha cunhada com o maldito risoto de camarão, ao qual Amélia era alérgica. O paradeiro da outra mulher que ajudou Célia é desconhecido, assim como sua identidade. Contudo, sei das suspeitas de Lorenzo em relação a Fiorella, mãe de Amélia.

Passo a garra nos braços de Célia, rasgando sua pele ouvindo seu grito ecoar na sala.

— Porque odeia tanto Amélia? Você não passava de uma cozinheira na mansão, não tinha motivos para odiá-la? — Paro com o objeto, à espera da sua resposta; porém, nada do que essa mulher falar vai justificar seu ato ou seu ódio por Amélia.

— S-se... senhor, eu... eu só... a odiei... sem motivos...

Neste momento, meu irmão atravessa a porta da sala com fúria nos olhos.

— Está me dizendo que tentou matar minha mulher por odiá-la sem motivos? — Lorenzo rosna, tirando a arma do coldre — Irei matá-la, cheio de motivos, e quando a bala estourar seus miolos, sentirá minha motivação.

—  Senhor — meu irmão sequer dá tempo para que ela continue. Ele saca sua arma e, com um tiro limpo e certeiro, acerta no meio da sua testa. Célia tomba a cabeça sem vida, sendo segurada pelas correntes.

— Essa mulher não vale nem essa bala — Lorenzo rosna. 
— Conseguiram saber mais alguma informação sobre essa outra mulher? — meu irmão pergunta e deixo o objeto sobre a mesa.

— Não, Célia realmente parecia dizer a verdade ao afirmar que não conhecia a outra mulher — Pietro responde e pego um cigarro na carteira.

— Ainda desconfia da tal Fiorella? — pergunto, levando o cigarro à boca.

Uma esposa para o mafioso: Livro 2 Série Máfia N'drangheta Onde histórias criam vida. Descubra agora