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Cordelia Barbieri

Frustrada, era isso que eu sentia. Nunca achei que fosse ficar tão frustrada por Fellipp não ter ido ao final. Sentia um imenso desejo que me fazia esfregar minhas pernas, e tudo isso para poder sentir aquela sensação gostosinha.

Merda! Será que essa sensação de esfregar as pernas demoraria a passar?

Merda, merda!

Tudo que eu penso se resume em sexo. Será que não tinha como passar essa vontade? Por que banho gelado já não estava funcionando.

Solto um suspiro frustrado, encostando minha cabeça na janela do carro. Fellipp estava concentrado no celular enquanto íamos para a pista de pouso. Hoje iríamos para a Calábria. Lindsay se encontra no carro de trás; ela voltaria para a Escócia, e é claro que ela deu todo um chilique e reclamou. Lindsay esperava que Fellipp a levasse para a Itália, porém meu marido sequer cogitou essa ideia.

E não sei o que faria se tivesse que aguentar a Lindsay na Itália.

As coisas entre mim e Fellipp estão meio... estranhas desde o episódio na piscina. Ele tem me evitado, e tudo se deve ao momento em que tive a brilhante ideia de tirar meu vestido, que estava encharcado, por causa da implicância de Helena. Aquela água oxigenada azeda pulou de propósito, sabendo que iria me molhar. Não sei o que deu em mim; geralmente, não tenho essas ideias. Quando percebi, já havia feito. Meu marido me olhava como se fosse me matar, e quando fomos para o quarto, achei que ele ia fazer algo. Porém, deitada sobre seu colo, recebendo chicotadas que eram para ser um meio de punição, resultou em algo prazeroso e gostoso.

Gostei muito; estava completamente entregue e excitada. Ainda conseguia sentir a pressão do couro contra minha pele. A dor havia se tornado algo extremamente excitante. Havia desejo em seu olhar; porém, Fellipp cessou os movimentos, e daí veio minha frustração.

Me perguntava como seriam as coisas assim que chegássemos na Itália...

Assim que o carro para, saio do meu devaneio ouvindo o timbre de Fellipp. Saio do veículo  e já consigo ver o jatinho. Percebo que a aeronave tem o mesmo símbolo da tatuagem de Fellipp: o símbolo da N'drangheta.

Desvio o olhar para a gritaria de Lindsay; Fellipp a arrasta para o outro jato, forçando-a a entrar. Respiro um pouco aliviada, já que não terei que lidar com ela.

— Vamos — seu tom sério diz, passando por mim. O acompanho, entrando no jatinho. Me acomodo em uma poltrona que não é a que Fellipp ocupa. Abro meu livro, que já de tanto ter lido decorei cada palavra. Aperto o cinto na minha cintura. Quando o avião decola, não preciso dizer o medo que sinto de voar de avião e se esse negócio cair...

Por Deus, Cordelia, o que está pensando? Pense em coisas positivas.

Penso em coisas positivas, esquecendo-me do voo. Já nem apertava tanto o braço da poltrona de medo. O ambiente estava silencioso; Fellipp sequer dirigia a palavra a mim. Com certeza, fez o que prometeu. Agora podemos voltar a nos odiar. Apesar de todos os momentos que tivemos, as conversas, os risos e as novas experiências que obtive, isso não significa que me esqueci da brutal morte de Fergus.

Isso jamais.

Ouço seu último relinchar sempre que fecho meus olhos. Assim como os abro, minha mente viaja para aquele dia.

Aquele doloroso dia...

Aquele doloroso dia

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Uma esposa para o mafioso: Livro 2 Série Máfia N'drangheta Onde histórias criam vida. Descubra agora