53 - Lauren Jauregui

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N/a: Espero que vocês sintam o que senti...

Respire fundo e boa leitura!

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"Tudo tem a hora certa pra acontecer, e na maioria das vezes aquilo que você mais deseja só vai acontecer quando você menos esperar."

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Lauren narrando...

Ando pelas alas da casa de repouso como se fosse um fantasma. Será que consigo me concentrar o bastante para tirar sangue de uma veia quando até respirar parece exigir certo esforço? Mas é fácil. Obrigada, rotina. Se tem uma coisa que sei fazer, é isso. Lauren, enfermeira encarregada, quieta, porém confiável.

Noto depois de algumas horas que estou evitando a Ala Coral.

Desviando dela.

O Sr. Prior está lá, morrendo.

Por fim, Dra Hansen, a médica que estava responsável por Sr. Prior disse que a dose de morfina precisa ser conferida. É isso. Não posso mais me esconder.

Lá vou eu. Corredores branco-acinzentados, nus e arranhados, e conheço cada centímetro deles, talvez melhor do que as paredes do meu próprio apartamento.

Paro.

Há um homem de terno marrom na porta da ala, antebraços apoiados nos joelhos, encarando o chão. Estranho ver alguém aqui a esta hora, não há visitas no turno da noite. Ele é muito velho, de cabelo branco.

Familiar.

Conheço essa postura: é a postura de alguém tomando coragem. Fiz essa pose muitas vezes fora da sala de visitas da prisão e sei como é.

Levo um tempo para entender, mal estou pensando, só seguindo no piloto automático. Mas o homem de cabelo branco que está olhando para o chão é Roger White VI, de Brighton.

A ideia parece ridícula. RW VI é um homem da minha outra vida.
A vida cheia de Camila Cabello. Mas aqui está ele. Parece que achei o Roger do Sr. Prior, afinal, apesar de ele ter levado algum tempo para admitir.

Deveria ficar feliz, mas não consigo.

Olho para ele.

Com noventa e dois anos, ele conseguiu achar o Sr. Prior, vestiu seu melhor terno e viajou do litoral até aqui. Tudo por um homem que amou uma vida atrás.

Está sentado, a cabeça baixa como se rezasse, esperando força para enfrentar o que deixou para trás.

O Sr. Prior tem dias de vida.
Horas, talvez.

Olho para Roger White e sinto um soco no estômago.

Ele. Deixou. Para. O. Último. Minuto.

Roger White olha para cima e me vê. Não falamos nada. O silêncio se estende pelo corredor entre nós.

- Ele morreu? - Sua voz sai rouca, falhada.

- Não. Você não chegou tarde demais.

Chegou, sim, na verdade. Que dor ele deve ter sentido ao vir até aqui sabendo que seria só para se despedir?

- Levei um tempo para achá-lo. Depois da sua visita.

- Você deveria ter dito alguma coisa.

- Pois é. - Seu olhar era triste.

Ele olha de novo para a porta.
Dou um passo para a frente, rompo o silêncio e me sento ao lado dele. Examinamos o linóleo arranhado lado a lado.

Isso não tem a ver comigo.
Não é minha história. Mas... Roger White naquele banco de plástico, cabeça baixa, é o resultado de quando abrimos mão de tentar.

Teto Para Duas - CAMRENOnde histórias criam vida. Descubra agora