14 - Lauren Jauregui

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N/a: Boa leitura S2
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"Todo mundo pensa em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo".

Leon Tolstói

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Braços bem abertos, pernas afastadas. Uma agente penitenciária de rosto sério me revista com bastante entusiasmo.

Desconfio que me encaixe no perfil dela de pessoa que pode trazer drogas ou armas para a sala de visitas. Imagino a mulher repassando seu checklist mental. Gênero: Feminino.
Raça: Indeterminada, mas ligeiramente mais Branca do que seria preferível.
Idade: Jovem o bastante para fazer besteira.
Aparência: Desleixada.

Tento sorrir de maneira não ameaçadora, como uma cidadã de bem. Se parar para pensar, provavelmente pareço arrogante.

Começo a me sentir um pouco enjoada. A realidade daqui penetra em mim apesar do esforço que fiz para ignorar rolos de arame farpado sobre grades grossas de aço, prédios sem janelas, placas agressivas sobre consequências de traficar drogas para prisões. Ainda não consigo evitar o mal-estar, apesar de fazer isso pelo menos uma vez por mês desde novembro.

O caminho da revista até a sala de visitas talvez seja a pior parte. É composto por um labirinto de concreto e arame farpado e, durante todo o percurso, somos guiados por guardas diferentes que estão sempre tirando chaveiros do cinto para abrir portões e portas que precisam ser trancados antes que a gente dê um passo em direção aos seguintes.

É um lindo dia de primavera. O céu, com seu azul provocador, mal pode ser visto acima das cercas.

A sala de visitas é melhor. Crianças correm entre mesas ou são erguidas, aos gritos, por pais musculosos. Prisioneiros usam macacões de cores vivas que os diferenciam do resto de nós.

Homens usando o laranja vibrante se aproximam mais das namoradas do que permitem as regras rígidas, dedos entrelaçados com força. Há mais emoção aqui do que em um saguão de aeroporto. Simplesmente amor perdeu uma boa oportunidade.

Eu me sento na mesa designada. Espero.

Quando trazem Chris Jauregui, meu estômago se revira de forma estranha, como se quisesse ficar do avesso. Ele parece cansado e sujo, rosto encovado, cabeça raspada às pressas. Está usando a única calça jeans que tem, não quer que eu o veja com o moletom da prisão, mas ela está folgada demais na cintura.

Odeio isso, odeio isso, odeio isso.

Levanto e sorrio, abrindo os braços para abraçá-lo.

Espero que ele venha até mim; não posso deixar a área designada. Guardas estão perfilados diante das paredes, observando de perto, rostos inexpressivos.

Chris me abraça apertado. Saudades.

- E aí, mana, você está ótima! - Me olha admirado.

- Você também. - Não é uma verdade, claro.

- Mentirosa, estou uma merda. A água foi cortada depois de uma briga na Ala E. Não tenho a menor ideia de quando vão abrir de novo, mas até lá não recomendo que use o banheiro. - Sorrio, sempre tentava me arrancar sorrisos.

- Beleza. Como você está?

- Ótimo. Teve notícias do Sal?

Achei que pudesse evitar o assunto por pelo menos um minuto.

Teto Para Duas - CAMRENOnde histórias criam vida. Descubra agora