18 - Lauren Jauregui

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N/a: Surpresaaaa.

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"Tente mover o mundo
O primeiro passo será mover
a si mesmo.

Platão"

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A caminho da casa de Roger White I. Está bem cedo, são quatro horas de viagem até lá, depois três ônibus da casa de Roger White I até a Prisão de Groundsworth, onde vou visitar Chris, às três da tarde.

Pernas duras por causa do pouco espaço no banco do trem; costas suadas por causa dos vagões sem ar-condicionado. Enquanto dobro ainda mais minhas mangas, encontro um Post-it velho de Camila preso na roupa.

É do mês passado sobre o que o homem esquisito do apartamento 5 faz às sete da manhã. Hum. Que vergonha. Preciso conferir roupas e ver se há bilhetes antes de sair de casa.

Greeton, lar de Roger White, é uma cidadezinha surpreendentemente bonita. Fica perto dos campos verdes das Midlands. Ando da estação de ônibus até o endereço de RW. Troquei alguns e-mails com ele, mas não sei o que esperar.

Quando chego, Roger White, muito grande e assustador, praticamente berra para que eu entre. Me pego obedecendo e o seguindo até uma sala com poucos móveis. Única característica especial é o piano no canto. Está descoberto e parece bem cuidado.

- Você toca?

- Fui pianista na juventude. Já não toco tanto quanto antes, mas guardo minha menina aqui. Minha casa não é a mesma sem ela.

Estou encantada. É perfeito. Pianista! Profissão mais legal do mundo! E não vejo fotos de mulher e filhos. Maravilha.

RW I me oferece chá. O que ele serve é uma caneca grossa e lascada com uma infusão bem forte. Lembra o chá da minha mãe.

Passo por um estranho momento de saudade, preciso visitá-la mais vezes.

Roger I e eu nos sentamos no sofá e na poltrona, um de frente para o outro.

De repente, percebo que o assunto é difícil de se abordar. 'Você teve um caso de amor com um homem na Segunda Guerra Mundial?' Talvez não seja algo que este homem queira falar com uma estranha de Londres.

- Afinal, o que você queria?

- Eu queria saber. Hum...

Pigarreio.

- Você serviu no Exército durante a Segunda Guerra Mundial, não foi?

- Dois anos, com um pequeno intervalo para que tirassem uma bala da minha barriga.

Me pego encarando a barriga dele. RW I abre um sorriso surpreendentemente carismático para mim.

- Você está pensando que deve ter dado um trabalhão para encontrar, não é?

- Não! Estou pensando que existem muitos órgãos vitais nessa região.

RW I, rindo: - Os idiotas alemães não acertaram nenhum, para minha sorte. Bom, eu estava mais preocupado com as mãos do que com a barriga. Dá para tocar piano sem um pedaço do intestino, mas não se o frio tiver necrosado suas mãos.

Olho, maravilhada e horrorizada, para Roger I. Ele ri outra vez.

- Ah, você não quer ouvir minhas histórias de terror da guerra. Disse que está investigando o passado da sua família, não foi isso?

- Não a minha. A de um amigo. Robert Prior. Ele serviu no mesmo regimento que você, mas não sei se na mesma época. Você se lembra dele?

RW I se esforça para lembrar. Franze o nariz. Inclina a cabeça.

- Não. Não lembro. Desculpe.

Bom, eu tentei. Um a menos, ainda faltam sete.

- Obrigada, Sr. White. Não vou mais tomar seu tempo. Só uma pergunta: o senhor é ou foi casado?

- Não. Minha esposa, Charlotte, morreu em um ataque aéreo em 1941 e o mundo acabou para mim. Nunca mais achei ninguém igual a ela.

Quase choro com isso. Chris morreria de rir da minha cara, sempre me chama de romȃntica incurável. Ou de coisas mais grosseiras.

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- Sério, Lauren. Eu acho que, se dependesse de você, todos os seus amigos teriam mais de oitenta anos. - Keana fala do outro lado da linha

- Ele era um homem interessante, só isso. Gostei da conversa.
E era pianista! É a profissão mais legal do mundo, você não acha?

Silêncio irônico da minha namorada.

- Lauren eu não acho uma boa ideia você visitar estranhos por aí
- Sua voz estava melancólica - É sério, você não sabe quem são essas pessoas...

- E nunca saberei se eu não tentar, linda.

- Amor, em filmes de terror quem se ferra sempre é a pessoa curiosa.

- Eu sei... Mas Sr Prior merece uma última chance. O amor sempre merece mais uma chance.

Ela nada disse, foram alguns segundos ouvindo sua respiração do outro lado da linha.

- Ainda faltam sete.

- Sete o quê? - Pergunta

- Sete Roger's White.

- Ah, é. - Ela faz uma pausa. - Você vai passar todos os seus fins de semana atravessando o Reino Unido para encontrar o namorado de um velho, Lauren?

Agora a pausa é minha.
É, eu meio que tinha planejado isso. Quando mais vou encontrar o Roger do sr. Prior? Não posso fazer isso nos dias úteis.

- ... Não? - Hesito fechado os olhos fortemente

- Ótimo. Porque eu mal te vejo, com todas as visitas e os turnos. Você sabe disso, não é?

- Sei. Desculpa. Eu...

- É, é, eu sei, você se importa com seu trabalho e o Chris precisa de você. Eu sei de tudo isso. Não estou tentando dificultar as coisas, Lauren. Só acho que... isso deveria incomodar mais você. Tanto quanto me incomoda. O fato de a gente não se ver.

- Claro que me incomoda! Mas vi você hoje de manhã...

- Por meia hora, em um café da manhã apressado.

Onda de irritação. Cedi meia hora da minha soneca de três horas para um café da manhã com Keana.

Respiro fundo.
Olho pela janela.

- Tenho que ir. Estou chegando na prisão.

- Tudo bem. A gente se fala mais tarde. Você pode me avisar que trem vai pegar?

Não gosto disso, a cobrança, as mensagens sobre trens, sempre saber aonde estou indo. Mas... estou sendo boba. Não posso reclamar. Keana já acha que tenho medo de compromisso. É sua expressão favorita no momento.

- Vou avisar.

Mas, no fim, não aviso.
Não foi de propósito.

É a pior briga que temos nos últimos tempos.

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N/a: Eita que as coisas estão esquentando.

Poxa, estou sentindo falta de vocês comentando na fic. :(

Teto Para Duas - CAMRENOnde histórias criam vida. Descubra agora