Teto Para Duas - CAMREN

6 - Lauren Jauregui

N/a: Oii, Como estamos?

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"Dica do dia: acorde sorrindo. Isso aumenta as chances de sorrirem para você de volta."

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- Ela é perfeita.

Estou piscando bem devagar no ônibus. Piscadas lentas e maravilhosas que, na verdade, são sonecas curtas. O ônibus está vazio, já se passava das dez da manhã.

- Sério? Não é chata?

- Que diferença faz? Ela é limpa, organizada e pode se mudar já. Caso esteja mesmo decidida a fazer isso, não tem como esperar coisa muito melhor. - Keana parecia estar irritada com minha pergunta.

- E ela não ficou incomodada com o homem estranho do apartamento 5? Ou com a família de raposas? - Eu realmente não queria ter problemas futuros por causa disso.

Breve pausa.

- Ela não considerou nada disso um problema.

Piscada maravilhosamente lenta. Muito longa. Preciso tomar cuidado, não posso acordar no ponto final do ônibus e ter que voltar tudo de novo. Sempre um perigo depois de uma semana longa. Estou com muito sono.

- E como ela é? - Tento manter a conversa

- Ela é... diferente. Meio exótica. Estava usando um daqueles óculos escuros grandes, apesar de ainda ser inverno, e tinha flores pintadas nas botas. Mas o importante é que está muito feliz por ter encontrado um quarto tão barato!

"Exótica?" O que isso quer dizer?

- Olha, você já está vindo pra casa, não está? A gente pode conversar quando você chegar. - Sugeriu

Meu plano era cumprimentar Keana com o beijo de sempre, tirar
minha roupa do trabalho, beber água, cair na cama dela e dormir por uma eternidade.

- Que tal hoje à noite? Depois que eu dormir?

Silêncio. Silêncio extremamente irritado (sou especialista nos silêncios de Keana).

- Então você vai direto para a cama quando chegar.

Mordo a língua. Resisto à vontade de descrever minha semana em detalhes.

- Posso ficar acordada se você quiser, princesa.

- Não, não, você precisa dormir.

Óbvio que vou ficar acordada.
É melhor aproveitar as piscadas- sonecas até o ônibus chegar a Islington.

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Recepção fria de Keana.

Cometo o erro de mencionar Chris Jauregui, meu irmão, o que faz a temperatura despencar ainda mais. Minha culpa, provavelmente. Não posso falar sobre ele sem ouvir A Discussão, como se ela apertasse o play toda vez que escutasse o nome de Chris.

Enquanto ela prepara o "cantar" (combinação de café da manhã e jantar, perfeita tanto para os habitantes do dia quanto da noite), repito para mim mesma que deveria me lembrar de como A Discussão terminou. Que ela pediu desculpa.

- E então, vai me perguntar sobre os fins de semana?

Eu a encaro, demoro a responder. Às vezes é difícil conversar depois de uma noite longa. Abrir a boca para formar ideias compreensíveis é como erguer algo muito pesado, ou como um daqueles sonhos em que a gente precisa correr, mas nossas pernas estão se arrastando por algo espesso.