Teto Para Duas - CAMREN

35 - Lauren & Camila

"Há 2 espécies de chatos:
os chatos propriamente ditos
e os amigos,
que são os nossos chatos prediletos."

Mario Quintana

_______________｡⁠◕⁠‿⁠◕⁠｡_____________

Lauren narrando...

Apoio as costas na porta do banheiro, olhos fechados. Não há concussão, só um tornozelo torcido. Podia ter sido muito, muito pior.

Agora tenho tempo de pensar no frio que estou sentindo; tiro minhas roupas molhadas e ligo a água quente do chuveiro. Digito uma mensagem rápida para agradecer a Dinah Jane. O celular, por sorte, ainda funciona, apesar de meio úmido, estava no bolso da calça.

Entro no chuveiro e me obrigo a ficar aqui embaixo até parar de tremer. Lembro que Ava está com Camila. Mesmo assim, me visto mais rápido do que nunca e nem me preocupo em pôr um cinto para segurar a calça absurdamente larga que Sra. Ava achou para mim; vou usá-la assim mesmo, estilo anos 1990.

Quando volto para o quarto, Camila fez um coque. Os lábios e as bochechas voltaram a ter um pouco de cor.

Ela sorri para mim e eu sinto um aperto no peito. Difícil descrever. Como se um cadeado se fechasse, talvez.

- O chocolate está descendo bem?

Ela empurra a outra xícara para mim pela mesa de cabeceira.

- Experimente e vai ver.

Alguém bate à porta; levo o chocolate quente comigo quando vou abri-la. É Roger White VI, muito preocupado e com uma calça igualmente enorme.

- Como vai nossa amiga?

Tenho a sensação de que Camila tem facilidade para fazer amigos, ela é o tipo de pessoa que até parentes distantes e vizinhos pouco presentes gostam de dizer que conhecem.

- Estou bem, Sr. White! Não se preocupe.

Ela começa uma sessão pouco convincente de tosse úmida. RW VI se remexe à porta, entristecido.

- Mil desculpas. Eu me sinto responsável... a ideia de entrar na água foi minha. Eu deveria ter conferido se vocês sabiam nadar!

- Eu sei nadar, Sr. White. Só pisei em falso e meio que entrei em pȃnico, nada de mais. Se quiser culpar alguma coisa, ponha a culpa na pedra que bateu no meu tornozelo.

RW VI parece um pouco menos ansioso.

- Bom, você duas vão dormir aqui hoje. Sem discussão. É por conta da casa. - Ava interrompe.

Tanto Camila quanto eu tentamos protestar, mas a editora começa a tossir e quase vomita outra vez, tirando um pouco da força do argumento de que ela não precisa ficar de cama.

- Eu deveria ir embora. Você não precisa de mim agora... - Falo.

- Que bobagem. Isso não vai me dar mais trabalho. Além disso, Camila precisa que alguém cuide dela e meu conhecimento médico não vai muito além dos benefícios de um copo de uísque. Roger, quer uma carona para casa?

RW VI também tenta se livrar do favor, mas Ava é o tipo de pessoa legal e incrível que não aceita "não" como resposta. A discussão dura apenas cinco minutos, e logo os dois seguem para a porta.

Quando saem, começo a respirar aliviada. Eu não havia percebido como ansiava pelo silêncio.

- Você está bem?

- Estou. Só não sou fã de...

- Tanta comoção?

Faço que sim com a cabeça.
Camila Cabello sorri, puxando os cobertores.