Capítulo 19

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¤Joelma
À noite, coloco o jantar dos meus filhos e fico na porta, fingindo que estou olhando a rua, quando na verdade só quero ver Miguel chegando. Quando ele chega, desce do carro e se aproxima de mim com uma sacola de mercado. Meu coração pulsa de uma forma tão diferente e eu sinto as minhas mãos suando, é uma sensação louca, que na minha cabeça só vai passar quando eu me entregar de vez para ele.¤
-Miguel: Eu trouxe morango para você... queria comprar chocolate, mas, achei melhor comprar essa frutinha, eu gosto muito. [Entrega a sacola para Joelma]
-Joelma: Obrigada. [Beija o rosto de Miguel]
¤Miguel
Sorrio depois de receber o beijo de Joelma, os seus olhinhos brilham e eu acaricio o seu cabelo.¤
-Miguel: Tá tudo bem?
-Joelma: Sim, está. Como foi no serviço?
-Miguel: Normal, o mesmo de sempre. Tá tudo ok, não se preocupa.
-Joelma: Ah. Senti a sua falta hoje.
-Miguel: Como assim?
-Joelma: É que... é que... você custou chegar hoje e também não veio almoçar comigo... foi estranho.
-Miguel: Mecânico não tem hora certa pra chegar em casa.
-Joelma: Eu sei que não foi por isso que você não veio.
-Miguel: Podemos não falar sobre isso? Por favor...
-Joelma: Ok, como quiser.
-Miguel: Obrigado.
-Joelma: Então... você mexe com carros, né?
-Miguel: Sim, mecânicos mexem com carro... foi assim que nos conhecemos.
-Joelma: Foi?
-Miguel: Sim, eu... eu arrumei o seu carro.
-Joelma: Quer contar como foi?
-Miguel: Não, melhor não. [Fica sem graça] Em algum momento você vai lembrar, não quero estragar a nossa história.
-Joelma: Ah, tudo bem.
-Miguel: Vamos entrar? Tá frio aqui.
-Joelma: Ok, vamos sim.
¤Joelma
Janto com Miguel assim que entramos em casa. Mas eu não consigo me concentrar em outra coisa, só fico imaginando mil maneiras de me entregar a ele. Minha garganta chega a secar e ficar áspera, bebo bastante água pra ajudar, porém sei que o que eu sinto só passará quando eu fizer outra coisa...
Depois do jantar, sento na sala com a minha família para assistir TV. Porém, Miguel está sentado ao meu lado, mesmo sem me tocar ou fazer nada, sinto um arrepio na pele, quero muito além do beijo de hoje de manhã, quero ele por completo, e apesar do que aconteceu hoje na cozinha, eu não sei pedir para fazermos de novo, afinal, ele sempre se nega a ficar comigo.¤
-Miguel: O que foi? [Encara Joelma]
-Joelma: O quê? [Suspira]
-Miguel: Você tá bem? Tô te sentindo tensa.
-Joelma: Eu... eu...
¤Miguel
Joelma me encara e eu desejo beijá-la. Meu Deus, como posso desejar tanto uma mulher assim? Tenho vontade de levá-la para a quarto, rasgar sua roupa e lhe devorar por completo, porém, eu conto mentalmente até 10 e respiro fundo, porque eu não posso fazer isso.¤
-Joelma: Tô bem, não se preocupa. Acho que irei subir, tomar um banho e...
-Miguel: Tá com muito calor?
¤Joelma
Miguel passa a mão em meu rosto, descendo-a por meu pescoço, eu solto um leve suspiro e ele me encara. Ficamos olho a olho, sem falar ou fazer qualquer coisa. Meu Deus, eu vou enlouquecer!¤
-Joelma: Enfim, preciso subir.
¤Joelma
Levanto do sofá, dou boa noite a todos e vou para o quarto. O calor em meu corpo é grande, então tomo um banho, com o pensamento inútil de que isso vai adiantar alguma coisa, até parece...
Depois do banho, coloco uma camisola fina e passo hidratante pelo corpo todo, é quando Miguel entra no nosso quarto.¤
-Miguel: O que está fazendo?
-Joelma: Nada, só tomei um banho para relaxar, já vou deitar.
-Miguel: Huuumm... tá cheirosa. Passou hidratante para dormir?
-Joelma: Não passei para dormir, Miguel. [Encara Miguel]
-Miguel: Ah, não? E vai sair? O que houve? [Fica sem jeito]
-Joelma: Eu... eu... eu só quero você.
¤Miguel
Joelma se aproxima de mim e me beija, cheia de tesão e más intenções. Eu a quero, a quero muito, como nunca quis outra mulher, meu membro chega a latejar dentro da minha bermuda, porém, a culpa toma conta de mim.¤
-Miguel: Não, não podemos fazer isso! [Se afasta de Joelma] Não é certo!
-Joelma: Por que não? Somos casados, Miguel. Porra, eu quero, eu quero muito e eu sei que você está igual a mim, não é à toa o fogo que sentimos quando estamos perto um do outro.
-Miguel: É, eu sei... mas isso não é o certo.
-Joelma: E o que é certo para você? Caramba, eu tô cansada! Somos casados! O que há de errado? Há quanto tempo você não toca em mim? Porque pelo visto, é bem antes d'eu estar naquele hospital depois do acidente.
-Miguel: Enquanto você não lembrar de quem é, não irei tocar em você, pois isso é falta de ética e eu não sou assim. Quanto ao beijo... não pode mais acontecer, isso é estranho também, parece que estou abusando de você.
-Joelma: Mas não está, eu quero também! Eu quero... e quero muito. Posso não lembrar quem eu era, o que éramos, mas tô falando do agora, de nós dois, do que queremos neste exato momento.
-Miguel: Não força a barra, Joelma... isso é loucura, não posso tocar em você.
-Joelma: Mas eu sei que você quer. [Se aproxima ainda mais de Miguel] Não quer? Sua respiração... o seu jeito... o seu peitoral subindo e descendo quando está perto de mim... a sua boca me diz uma coisa e o seu corpo me diz outra. E essa boca que tanto me nega, também me beija com muito desejo, faltando me devorar toda.
¤Miguel
Joelma envolve seus braços em meu corpo, ficando na pontinha do pé e me beijando novamente. Mas dessa vez, ela faz a minha mão passear em seu corpo, me deixando cheio de tesão, louco, louco, louco.¤
-Miguel: Não! [Para o beijo] Joelma, eu quero, quero muito... não se sinta insuficiente por eu negar, eu te imploro! Mas, não pode ser assim... você precisa lembrar quem é... e então me dizer se realmente me quer.
-Joelma: Miguel...
-Miguel: Não tem mais discussão, essa é a  minha decisão. Enfim, vou dormir no sofá.
-Joelma: Não, não vai! [Segura o braço de Miguel] Você vai ficar aqui comigo, foi a promessa que me fez!
-Miguel: Mas a promessa dizia que eu iria dormir aqui, não transar com você! E eu sei que é sexo o que você quer.
-Joelma: Sim, e você também. E você também quer e muito, eu sei, eu sinto!
-Miguel: Vamos parar com essa discussão? Já disse que eu não irei tocar em você e...
-Joelma: Diz isso e culpa a minha perda de memória, mas eu sei que não é por isso! Tem outro motivo, Miguel, eu sei que tem.
-Miguel: Joelma...
-Joelma: Me fala! Me fala agora; o que te impede de ficar comigo?
-Miguel: Ah, meu Deus!
-Joelma: Fala, Miguel, fala!
-Miguel: Nós não somos casados! [Grita]
-Joelma: O... o quê? [Solta o braço de Miguel]
-Miguel: Você não é minha mulher, Joelma... não é minha.
-Joelma: Do que você está falando, Miguel? Que brincadeira é essa?

Joelma - Sem Memória Onde histórias criam vida. Descubra agora