Joelma - Sem Memória

Capítulo 26

¤Miguel
Fico sem jeito, com medo da Dayana falar alguma besteira, então ajo de forma rápida.¤
-Miguel: Olha, o Dênis está vindo ali, vai esperá-lo ou vai logo pra casa da sua irmã?
-Dayana: Ah, eu vou logo. Até mais tarde, Miguel.
-Miguel: Até.
¤Miguel
Dou um leve sorrisinho e entro em casa com Joelma, indo até a cozinha, arrumar as coisas para fazer o jantar.¤
-Joelma: "Até mais tarde, Miguel". [Debocha] Sério, ela não me viu ao seu lado?
-Miguel: Relaxa, amor, a Dayana é assim mesmo.
-Joelma: Percebi, totalmente o contrário da irmã dela, nossa!
-Miguel: Sim, elas são diferentes.
-Joelma: Ah, jura?
-Miguel: Ei, o que é isso? Por que você tá assim?
-Joelma: Nada, é que achei ela um pouco... um pouco atirada para o seu lado.
-Miguel: Deixa isso pra lá. Enfim, vamos organizar o nosso jantar?
-Joelma: Sim... ok. [Respira fundo] Será que vai demorar pra gente jantar?
-Miguel: Por quê? Já está com fome?
-Joelma: Não, é que já quero comer e ir para o quarto com o meu amado... para fazer a cama tremer novamente pela noite toda.
-Miguel: Joelma, Joelma...
¤Clarita
Passeando pela praia, encontro Rafael, que ao me ver, me abraça e me beija, me deixando sem jeito com a sua atitude, porém, confesso; eu gosto.¤
-Rafael: Eu estava com saudade de você, menina.
-Clarita: É, eu também estava de você.
-Rafael: Eu mandei fazer uma coisa ontem, amanhã terei o resultado, tem como você me encontrar aqui, amanhã, meio-dia?
-Clarita: Tem, tem sim... mas, é pra me dizer algo ou...
-Rafael: Para eu te firmar uma coisa, não quero falar agora porque ainda não tenho certeza, mas amanhã terei.
-Clarita: Tá, tá bom. E aí, vamos nadar?
-Rafael: Vamos, vamos sim.
¤Clarita
Fico nadando com Rafael até o pôr do sol, quando sentamos na areia para ver a imagem mais linda do mundo, umas das minhas favoritas.¤
-Clarita: Eu amo ver isso.
-Rafael: É, eu também... mas depois disso, a solidão toma de conta de mim.
-Clarita: Por quê?
-Rafael: Porquê mais um dia passou e eu não achei a minha mãe.
-Clarita: Rafa...
-Rafael: Onde será que ela está, Clarita?
-Clarita: Eu... eu não sei. Mas penso que ela deve estar bem, que logo voltará para você, sim, com certeza.
-Rafael: Eu espero que isso seja verdade mesmo... espero muito que alguém de bom coração tenha achado a minha mãe e esteja cuidando dela.
-Clarita: Ai, Rafa...
-Rafael: Enfim, não quero mais te aborrecer com isso, tenho que ir embora, tenho um aniversário de um colega para ir. Quer que eu te deixe em casa? [Levanta da areia]
-Clarita: Não, não precisa. Pode ir para o seu compromisso, irei pra casa, sozinha. Só vou andar mais um pouquinho aqui na praia e já estou indo. [Levanta da areia]
-Rafael: Hum... e quando irei conhecer a sua família?
-Clarita: O quê?
-Rafael: Sua família, quando irei conhecer? Tenho um pedido a fazer.
-Clarita: Um pedido? Que pedido?
-Rafael: Ué? Quero um compromisso sério com você, então o que será?
-Clarita: Ah... [Fica sem jeito] olha, olha, mocinho, vamos com calma.
-Rafael: Por quê? Você não quer namorar comigo?
¤Clarita
Rafael segura a minha cintura e olha em meus olhos. Eu fico trêmula, sinto uma coisa tão forte em meu peito, mas tem muita coisa que ele ainda não sabe... e nem pode saber.¤
-Clarita: Olha, eu gosto de você... gosto muito mesmo, mas vamos com calma, por favor, minha família não está passando o melhor momento.
-Rafael: O quê? O que houve?
-Clarita: Ah, coisa de família, depois a gente conversa sobre isso. Enfim, pode ir logo pra casa, tá na hora.
-Rafael: Tá bom, mocinha, já vou indo. Amanhã te encontro aqui meio-dia, combinado?
-Clarita: Pode deixar.
¤Clarita
Rafael me dá um selinho e sai correndo. Eu o observo sumindo e volto pra casa, correndo também.
Ao chegar em casa, vejo Joelma na cozinha, fazendo o jantar.¤
-Joelma: Tudo bem, filha?
-Clarita: Cadê o papai?
-Joelma: Ah, ele saiu com a Bel, foram comprar um refrigerante e uma sobremesa gostosa.
-Clarita: E os meninos?
-Joelma: Saíram para empinar papagaio.
-Clarita: Hum. Eu vou tomar um banho, já volto.
-Joelma: Tá ok.
¤Clarita
Vou para o quarto e me sento na cama, respirando fundo e pensando em Rafael. Como vai ser quando ele souber da verdade? Será que ele irá me perdoar? Tomo um banho e volto para o quarto, enrolada numa toalha e sentando novamente na cama. Não demora muito, Joelma entra no quarto, sentando ao meu lado.¤
-Clarita: O que foi?
-Joelma: Você não parece bem, quer conversar?
-Clarita: Não, eu tô de boa, não se preocupa... é só com a escola que tô preocupada.
-Joelma: Hum, ok. E como está o Rafael?
-Clarita: Ah, ele está bem. [Dá um leve sorriso]
-Joelma: Essa sua carinha de apaixonada...
-Clarita: Que carinha, mamãe? [Sorri]
-Joelma: Essa que você tem. É a mesma que faço quando penso em seu pai.
-Clarita: Está apaixonada pelo meu pai? [Encara Joelma]
-Joelma: Sempre estive... aliás, não sei como éramos antes do meu acidente, se realmente estávamos nos separando, porém, desde que vi ele naquele hospital, senti algo especial e isso cresceu a cada dia. Ontem, ficamos juntos pra valer e sinto que ele é o homem da minha vida... eu não me vejo mais sem ele.
-Clarita: Ai, que fofo, mãe.
-Joelma: Amo o seu pai, amo vocês... esta casa... não troco isso por nada, Clarita. Me sinto totalmente completa aqui. E se for para ficar sem memória para sempre, que assim seja, eu estou feliz e isso é a única coisa que me importa, sabe?
-Clarita: Sei, sei sim.
¤Joelma
Escuto Miguel chegando com Isabel, então levanto da cama, dando um leve sorriso para Clarita e indo para a cozinha.¤
¤Clarita
No dia seguinte, meio-dia, vou para a praia, encontrar Rafael, como combinamos. Quando chego, ele já está, parece nervoso, com o celular na mão, o que me deixa preocupada.¤
-Clarita: O que foi? Aconteceu alguma coisa?
-Rafael: Aconteceu, aconteceu sim.
-Clarita: Pode me falar? Ou não quer?
-Rafael: Não, eu posso falar... o advogado leu o testamento da mamãe outro dia...
-Clarita: Sim, você me disse.
-Rafael: Sim, e com isso ele me deixou numa dúvida cruel, eu fui atrás de saber, e agora já sei.
-Clarita: O que seria essa dúvida?
-Rafael: Eu queria saber se o Leonardo é realmente o meu pai biológico, eu peguei um fio de cabelo dele e outro meu, descobri que não... eu não sou filho do Leonardo, Clarita.
-Clarita: O quê?
-Rafael: Sim, isso mesmo que você ouviu.
-Clarita: Mas... tem como esse teste ter dado errado?
-Rafael: Não, não tem como. É real, não sou filho do Leonardo.
-Clarita: Isso quer dizer que a sua mãe traiu o seu pai? É isso? Ela é uma traidora? Ah, meu Deus...