Joelma - Sem Memória

Capítulo 74

-Joelma: Fala, amiga, o que houve?
-Amanda: Eu...
-Leonardo: Oi, gente. [Se aproxima da mesa]
-Joelma: Leonardo, o que faz aqui?
-Leonardo: Vim jogar tênis também, posso?
¤Amanda
Fico sem jeito quando olho Leonardo, lembro do que ele me fez, respiro fundo, não posso parecer fraca.¤
-Amanda: Hoje não iremos jogar, só chamei a Joelma aqui para pôr o papo em dia.
-Leonardo: Ah, foi? E o que houve com você? Parece pálida.
-Amanda: Eu... eu sofri um pequeno acidente e me machuquei. Tô com uma marca no olho que não tá saindo de jeito nenhum, então tô usando óculos para ninguém ver.
-Leonardo: Ah, entendi.
-Joelma: Já foi ao médico?
-Amanda: Não, tô me cuidando em casa mesmo.
-Joelma: Hum. Mas você tá bem?
-Amanda: Sim, sim... eu estou ótima tirando isso.
-Joelma: Ah... amiga, qualquer coisa, pode se abrir comigo. [Segura a mão de Amanda] Sempre estarei ao seu lado.
-Leonardo: Estaremos, estou aqui também.
-Amanda: É, eu sei. [Puxa a mão]
-Leonardo: É, já que não terá tênis, vou embora, ok?
-Joelma: Ok.
-Leonardo: Não quer vir comigo, Joelma?
-Joelma: Não, eu irei ficar com ela.
-Leonardo: Ah, tudo bem. Te espero em casa, meio-dia.
¤Joelma
Leonardo sai e eu peço um suco de laranja com um pão de queijo só pra mim, pois Amanda não quer nada.¤
-Amanda: Quer jogar tênis?
-Joelma: Ué? Você disse...
-Amanda: Sim, mas eu não queria jogar com o Leonardo, né? Com certeza nem você.
-Joelma: É, é verdade. [Sorri]
-Amanda: Vou trocar de roupa no banheiro, enquanto você termina de comer, ok?
-Joelma: Ok, vou já atrás de você.
¤Amanda
Saio de perto de Joelma e caminho até o banheiro, mas antes de entrar, Leonardo me puxa.¤
-Amanda: Você tá louco?
-Leonardo: Se você abrir a boca pra falar alguma coisa pra Joelma, eu acabo com você!
-Amanda: E vai fazer o quê? Me matar? Porque acho que é só isso que falta!
-Leonardo: Amanda, não me provoca! Já te mostrei que você não dá conta, então fica quieta!
-Amanda: Você me pagará por isso, Leonardo... eu te juro!
¤Amanda
Me afasto de Leonardo e entro no banheiro, tirando o óculos, chorando e me tremendo. Meu Deus! Eu não posso deixar esse homem me vencer!¤
¤Joelma
Depois que lancho, vou até o banheiro, onde troco de roupa com Amanda. Em seguida, vamos para a quadra de tênis, jogar.
No final do jogo, eu ganho, fico até sem acreditar, pois Amanda é muito boa no tênis, e eu tô um tempo sem treinar, mas ok, não vou ficar questionando a minha conquista... rara.
Tomamos uma água de coco e vamos para o banheiro, tomar um banho. Quando acabamos, seguimos para a frente do clube.¤
-Amanda: Vai como pra casa?
-Joelma: O Rafa vem me buscar, pois ainda não saí para comprar o meu carro. [Sorri] Tô até sem vontade de comprar carro agora.
-Amanda: Imagino, tô igual. Vou chamar um táxi.
-Joelma: Ai, amiga, não precisa, eu e o Rafa te deixamos em casa.
-Amanda: Não, eu não vou pra casa agora, eu...
¤Amanda
Vejo um carro se aproximando, ele para bem na frente da gente e Rafael desce, encarando o meu olhar, me deixando sem jeito.¤
-Joelma: Amanda, esse aqui é o nosso Rafa. Não está lindo?
-Rafael: Ah, mamãe, a Amanda já me viu.
-Joelma: Viu? Quando isso?
-Rafael: Quando ela foi assaltada, eu que cuidei dela no dia seguinte, ela não te falou?
-Joelma: Assaltada?
-Amanda: É... eu não contei os detalhes pra sua mãe.
-Joelma: Não, não contou. [Encara Amanda]
-Amanda: Eu fui assaltada... o ladrão me agrediu e o Rafa cuidou de mim.
-Joelma: Por que eu não sabia disso, Rafael?
-Rafael: Ah, eu... eu esperei a Amanda contar. Eu não sabia que ela iria esconder, achei que vocês já haviam conversado sobre isso.
-Joelma: Sim, conversamos, mas não foi exatamente o que ela disse.
-Amanda: É que... é que tá sendo algo difícil de digerir.
-Rafael: É, imagino. Você foi vítima de um assalto, né? Me surpreende conseguir viver de boa assim, sabe? Sem nenhum trauma. Se fosse qualquer outra pessoa, nem iria conseguir sair de casa. Mas você, Amanda... você é forte, hein?! Admirável isso em você.
¤Amanda
Encaro Rafael e respiro fundo, sei que ele está de deboche comigo. Imagina se ele soubesse toda a verdade.¤
-Rafael: Mãe, eu vou comprar um picolé antes da gente ir, quer um?
-Joelma: Não, meu amor, estou bem.
-Rafael: Quer um, Amanda?
-Amanda: Não, eu também não quero.
¤Amanda
Rafael sai e Joelma me encara. Eu tô com tanta vergonha que nem consigo encará-la de volta.¤
-Amanda: Joelma...
-Joelma: Escuta o que irei te dizer; melhor você ficar longe do Rafael! Ok? Amanda, eu amo você, mas sei exatamente a forma que o meu filho te quer, e isso não está certo! Ele é o seu sobrinho!
-Amanda: Eu sei, eu sei... mas eu nunca imaginei que...
-Joelma: Não é pra imaginar nada, nada! Eu quero uma distância de vocês, por favor! Eu tô te pedindo como mãe, não como amiga, por favor!
-Amanda: Eu jamais irei querer o Rafael, Joelma, olha o quão grave é isso.
-Joelma: É, é grave mesmo. Mas será mais grave se eu descobrir algo ainda maior que isso; o envolvimento. Amanda, eu sou capaz de perdoar tudo, tudo mesmo... menos essa loucura que acabei de pensar entre você e o meu filho.
¤Amanda
Olho nos olhos de Joelma, apesar do momento, pela primeira vez sinto vontade de contar a verdade a ela sobre o Leonardo.¤
-Amanda: Você... você é capaz de perdoar outras coisas?
-Joelma: Eu não era do tipo que perdoava... você sabe disso, mas depois que conheci o Miguel e a família dele, algo em mim mudou... mudou muito... então aprendi a ser mais amorosa.
-Amanda: Joelma, eu...
-Joelma: Amanda, por favor, promete pra mim que não vai acontecer nada entre você e o Rafa, por favor, promete! Porque isso é que tá me deixando mal agora.
-Amanda: Não vai... não vai acontecer nada. Eu prometo pra você! E acredite, não sou do tipo que quebra promessa.
-Rafael: Vamos? [Se aproxima]
-Joelma: Sim, vamos.
-Rafael: Quer carona, Amanda?
-Joelma: Não, ela não quer. Ela acabou de chamar o táxi dela, ela vai de táxi.
-Amanda: Sim... exatamente. [Fica sem graça]
-Joelma: Então te vejo depois, Amanda.
¤Joelma
Entro no carro e fico olhando os olhares de Rafael pra Amanda. Ah, meu Deus, era só o que me faltava.
Ao chegar em casa, antes de descer do carro, eu converso com o meu filho.¤
-Rafael: Eita, esqueci de comprar um refrigerante, a Maria disse que iria fazer um strogonoff e...
-Joelma: Rafael, eu não quero sonhar sobre você e a Amanda!
-Rafael: O quê?
-Joelma: Você está entendendo o que estou dizendo?
-Rafael: Mãe, eu só cuidei dela e...
-Joelma: Rafael, não mente pra mim! Eu olho em seus olhos, o que você me contou naquele dia é verdade, você gosta da Amanda!
-Rafael: ...
-Joelma: Acho melhor você tomar as rédeas da sua vida, porque se eu for fazer isso por você, você não vai gostar! Não alimente fantasias com a Amanda, isso só vai te prejudicar!
-Rafael: Mas, mãe...
-Joelma: Eu vou dizer de novo: não alimente fantasias com a Amanda, isso só vai te prejudicar! Você entendeu?
-Rafael: Ok, mamãe, pode deixar, eu entendi.
-Joelma: Ótimo, muito bem.
¤Joelma
Desço do carro e bato a porta bem forte. Era só o que me faltava; um caso entre um sobrinho e uma tia.
No sábado, aproveito que Leonardo sai para uma reunião, e vou com Rafael até a casa de Miguel. Na porta, antes de entrarmos, converso com ele.¤
-Joelma: Tá tudo bem entre você e a Clarita?
-Rafael: Sim, a gente já amigou... não se preocupa.
-Joelma: Não é com isso que estou preocupada. Estou preocupada é com alguns sentimentos seus por uma mulher que tem idade de ser a sua mãe, é com isso que estou preocupada, muito preocupada.
-Rafael: Mamãe, por favor...
-Clarita: Joelma? [Abre a porta] Rafael?
-Joelma: Seu pai está, meu amor?
-Clarita: Sim, acabou de chegar.
-Miguel: Oi, tudo bem? [Se aproxima da porta]
-Joelma: Sim, meu bem. Ai, desculpa, eu não estava aguentando a saudade de você e dos nossos filhos.
-Miguel: Bem-vinda, meu amor. Veio pra ficar?
-Joelma: Ainda não, mas o dia está chegando.
-Miguel: Aliás, você disse que era pra continuar sem dizer que lembrava, o que houve?
-Joelma: Tive saudade dos meus filhos, não pude controlar, preciso vê-los. Leonardo não está me perseguindo, então resolvi vir aqui.
-Miguel: Ah, sim... eles também estão com saudade. Mas o Enzo e o Gabriel saíram, porém, a Bel está no quarto, dormindo.
-Joelma: Ainda? Amor, são quase 10:00 horas da manhã.
-Miguel: Ela dormiu tarde ontem...
-Joelma: Mas isso não está certo de forma alguma. É só a mãe se afastar que as crianças pintam e bordam com o pai? Não, não, não.
¤Joelma
Vou até o quarto de Miguel e vejo a minha menina dormindo. Me aproximo e acariciando o rosto dela, vou despertando-a aos poucos.¤
-Isabel: Eu conheço essa mãozinha... [Segura a mão de Joelma e olha pra ela] mamãe!
¤Joelma
Isabel desperta e me abraça forte, fico tão emocionada com a minha filhinha.¤
-Isabel: Eu tava com saudade, mamãe, muita saudade!
-Joelma: Saudade de que tamanho? [Segura Isabel no colo]
-Isabel: Do tamanho do universo. [Abre os braços] Assim, desse tamanho.
-Joelma: Eu também estava com saudade assim, minha pequena. [Acaricia o rosto de Bel]
-Isabel: Te amo, mamãe. Te amo muito!
-Joelma: Eu também te amo... te amo muitão. Você é o meu sonho de amor.
-Isabel: E a senhora é o meu.
¤Joelma
Fico tão feliz em estar com Bel em meu colo, o coração fica quentinho. Neste exato momento, nunca sequer passa na minha cabeça que antes de mim, ela será uma das vítimas da crueldade de Leonardo.¤