Capítulo 8

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¤Joelma
Eu resolvo dormir sim, sozinha, mas com a luz ligada. Fico me mexendo na cama o tempo todo... de um lado para o outro, pensando em Miguel... eu só consigo pensar nele... afinal, não tem muito o que pensar quando se está sem memória.
Pela manhã bem cedo, fico deitada na cama, olhando para o teto... não dormi bem, mas também não quero mais voltar a dormir.
Levanto e vou até a cozinha, passando por Miguel que dorme no sofá da sala. Abro a geladeira e tomo um pouco de água. Não demora muito, Clarita aparece, toda arrumada.¤
-Clarita: Bom dia.
-Joelma: Bom dia. Vai sair?
-Clarita: Sim, hoje é sábado, é o dia que ensino inglês para as crianças do projeto daqui do bairro.
-Joelma: Você sabe inglês?
-Clarita: Tô aprendendo. A senhora está com fome?
-Joelma: Um pouco.
-Clarita: Tem suco na geladeira e pão no depósito do armário, pode comer.
-Joelma: Tá bom... obrigada. Mas, me fale mais do seu inglês, desse projeto...
-Clarita: Ah, eu não posso agora, estou com pressa, mas depois eu falo, tá bom? Não se preocupe. Beijinhos.
-Joelma: Tá... beijinhos.
¤Joelma
Clarita sai e eu fico toda sem jeito... não sei, algo em mim diz que ela não se sente confortável comigo por perto. Eu pego o suco na geladeira e o pão no depósito... apesar de estar sozinha, é um saboroso café da manhã. Depois, vou até a sala e vejo Miguel dormindo... tão lindo ele. Dou um leve sorriso e fico o observando por alguns minutos, mas, não resisto e me aproximo, tocando em seu rosto.¤
-Miguel: Oi... oi... [Desperta] Joelma? O que foi, quer algo?
-Joelma: Não, desculpa, é que você fica lindo dormindo. [Sorri]
-Miguel: É? Obri... obrigado. Tá com fome? Quer comer alguma coisa ou...
-Joelma: Não, não, eu já comi.
-Miguel: Ok, tá bom.
-Joelma: Bom dia. [Beija a testa de Miguel]
-Miguel: Bom dia. [Fica sem jeito]
-Joelma: Vou tomar banho, qualquer coisa, estarei no quarto.
-Miguel: Tá bom.
▪︎ Na casa de Joelma... ▪︎
-Rafael: Então fica por isso mesmo? A minha mãe some e ninguém vai atrás?
-Leonardo: Estamos indo atrás, Rafael, mas não podemos expor isso assim, afinal, é um assunto delicado e tem muitas coisas em risco. Mas fica calmo, vamos achá-la. Já mandei irem até em hospitais públicos, mas não tem nada registrado no nome dela.
-Rafael: Só tenho medo que algo ruim aconteça com ela... só isso.
-Leonardo: Mas não vai... e outra coisa, talvez ela só viajou, tirou um tempo só pra ela.
-Rafael: Pai, encontraram o carro da mamãe todo sujo de sangue... não sou uma criança para não entender que o caso é delicado, então não mente pra mim me tratando como se eu tivesse 6 anos. Algo aconteceu... para piorar, não levaram nada, só ela... não consigo entender isso.
-Leonardo: Talvez foi sequestro, daqui a pouco irão ligar perguntando quanto iremos oferecer.
-Rafael: Ofereça até toda a nossa fortuna, mas traga a minha mãe de volta, é a única coisa que quero no momento. Porém, se o senhor desistir da busca, saiba que eu não irei. Vou achar a minha mãe, lhe garanto.
¤Joelma
Mais uma noite irei dormir sozinha, pois Miguel diz que é melhor para a minha recuperação. Porém, na madrugada, tenho um pesadelo, algo horrível, como se alguém tentasse me enforcar. Grito por ajuda, mas a minha voz não sai, depois de alguns esforços, sento na cama e chamo por Miguel que entra no quarto, correndo.¤
-Miguel: Você está bem? Você está bem?
-Joelma: Eu não consigo respirar, eu não consigo!
-Miguel: Calma, fica calma!
-Joelma: Minha garganta tá travando, pelo amor de Deus! [Começa a chorar]
-Miguel: Ei, para! [Sacode Joelma] Fica calma, calma! Respira comigo, calma. Puxa o ar pelo nariz e solta devagar pela boca.
-Joelma: Eu não consigo... eu não...
-Miguel: Só tenta, só tenta.
-Joelma: Ok.
-Miguel: Respira!
¤Joelma
Puxo o ar pelo nariz e solto pela boca, então vou me acalmando, enquanto os meus olhos fixam nos de Miguel.¤
-Miguel: Isso, respira. Tá melhor?
-Joelma: Sim... eu acho que sim. [Abraça Miguel] Obrigada.
¤Miguel
Sinto um alívio da parte de Joelma assim que ela me abraça... deixo acontecer porque ela está nervosa, óbvio.¤
-Miguel: Teve um pesadelo? Ou simplesmente acordou sem ar?
-Joelma: Um pesadelo... alguém estava me enforcando.
-Miguel: Mas não tem ninguém te enforcando. [Acaricia o rosto de Joelma] Tá tudo bem.
-Joelma: Obrigada por me salvar.
-Miguel: De nada. Que bom que acordou. [Beija a testa de Joelma] Enfim, vou voltar para a sala, preciso dormir.
-Joelma: Não, espera. [Segura a mão de Miguel] Fica aqui comigo!
-Miguel: Joelma...
-Joelma: Eu tô com medo, só a luz ligada não vai adiantar, eu não quero ficar sozinha, preciso de você aqui, por favor Miguel... você é o meu esposo, disse que iria cuidar de mim, então, por favor, fica aqui.
¤Miguel
Eu prometi para mim mesmo que não me aproximaria de Joelma, mas às vezes ela fala de uma forma tão pura que não consigo dizer não para ela.¤
-Miguel: Ok... [Respira fundo] Eu fico aqui com você.
-Joelma: Ah, obrigada.
¤Miguel
Deito na cama com Joelma e ela segura a minha mão, olhando em meus olhos. O sono vai chegando para ela, mas ela tenta se negar a dormir, olhando para mim, tipo com medo de dormir e quando acordar, eu não estar mais na cama, porém, não quero sair daqui... não até o sol nascer. Sinto que ela pega no sono, então lhe dou um beijo na testa novamente, chegando mais perto dela e pegando no sono também.¤

Joelma - Sem Memória Onde histórias criam vida. Descubra agora