Capítulo 79

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-Leonardo: Porque ela nunca valeu nada. Amanda sempre foi linda, mas não vale nada e se deita com qualquer um que tenha dinheiro, isso me enoja!
-Joelma: Acho que isso tem fundo de alguma rejeição, pois a Amanda com certeza nunca te quis e é por isso que fala assim dela.
-Leonardo: É, Joelma, acredita no que quiser. [Joga o celular de Joelma no sofá] Não te quero na minha cama até o dia da nossa lua de mel, então pode dormir aí mesmo no sofá, ok? Boa noite.
¤Joelma
Leonardo sobe a escada e eu seguro a mão de Rafael.¤
-Joelma: Filho, precisamos ir ao hospital agora.
-Rafael: Não! [Puxa a mão] Como pôde mentir tanto tempo assim pra mim?
-Joelma: Rafael...
-Rafael: Sabe quantas vezes quis dar um murro nesse homem e não pude por respeito a paternidade? Meu Deus! E a senhora me fez por qual motivo mesmo? Por uma simples vingança? Hein?! E a Amanda... a Amanda é minha tia? Minha tia biológica? Meu Deus! Por que não me disse isso no dia que falei a senhora tudo que eu sentia? Por quê?
-Joelma: Rafa, respira, eu posso explicar...
-Rafael: Mas agora, algumas coisas eu passo a entender... agora entendo porque a senhora nunca foi capaz de me abraçar forte, de cuidar de mim como realmente deveria cuidar e entendo também o motivo pelo qual a senhora nunca foi capaz de me amar! Porque fui apenas um plano estúpido de vingança!
-Joelma: Rafael, calma!
-Rafael: Calma? Fui rejeitado a minha vida toda porque fui fruto de uma inseminação qualquer para acabar com o Leonardo e só senti o seu amor porque a senhora perdeu a memória, e quer que eu tenha calma? Francamente! E a minha cabeça, não sei por qual motivo, insiste em me dizer agora que a desmemoriada só disse que me amava porque sentiu pena. [Chora] Eu sempre fui um filho louco pela mãe, apaixonado totalmente, porém nunca foi recíproco... nunca foi! E só está sendo dócil comigo agora porque precisa de mim, apenas por isso. Porque eu nunca, nunca senti algo como Clarita, Enzo, Gabriel e Isabel sentem... nunca! Eu vi o jeito que a senhora trata aquelas crianças, coisa que nunca senti da sua parte e nunca irei sentir, certeza. No momento pensei que era ciúme, porque sempre fui filho único, mas agora vejo que foi a realidade me mostrando que eu nunca fui digno de seu amor, porque fui apenas uma coisa qualquer para uma vingança idiota!
-Joelma: Rafael, eu amo você! Amo! Eu sei que errei, tenho consciência disso, mas eu jamais... eu jamais fingiria um sentimento de amor agora. Se falei que te amo, eu te amo mesmo. E sim, as crianças me ajudaram com isso, pois eu era uma desconhecida para mim mesma, porém, não sou mais. Perdi 18 anos da sua vida, mas agora não quero perder mais nenhum segundo.
-Rafael: Eu acho que é tarde. Porque agora, eu que não quero mais saber da senhora... pois tudo que consigo sentir é nojo, raiva e revolta... sentimentos esses que a senhora mesmo cultivou em mim. Eu sou apenas uma criança feita de uma inseminação, porém nunca um filho amado de verdade.
-Joelma: Você não é fruto de uma inseminação!
-Rafael: Não? Mentiu de novo?
-Joelma: A inseminação não deu certo... eu transei com o André... eu realmente traí o Leonardo. Eu queria continuar mentindo, pois falei ao seu verdadeiro pai que essa seria a verdade; uma inseminação. Mas eu não posso continuar com isso, a minha consciência está pesada agora... não quero mais mentir... não pra você, não pra você, nunca mais! Mas o Leonardo não pode saber disso... porque a dor que posso sentir vindo dele pode ser ainda maior do que essa de agora, não quero testar.
-Rafael: Ah, meu Deus! E tudo só piora... só piora.
-Joelma: Rafa... Rafael, por favor, me escuta!
¤Joelma
Rafael sobe a escada e eu sento no sofá. Sinto uma pontada na barriga e levanto, sentindo sangue descendo pela minha perna. Me desespero, Será que realmente é um bebê? Ainda dá tempo de salvá-lo ou ficarei sangrando assim? Ligo para Amanda, pedindo que ela me pegue na porta da minha casa o mais rápido possível.
Vou até a lavanderia, coloco um vestido e uma calcinha, saindo pela porta do fundo e entrando no carro que Amanda está.¤
-Amanda: Peguei um carro emprestado e vim o mais rápido possível. O que houve? O que aconteceu?
-Joelma: Amanda, eu acho que estou grávida. [Começa a chorar]
-Amanda: O quê? Joelma...
-Joelma: Pode ser que eu estava perdendo a criança... pode ser que só esteja machucada por dentro por conta da pancada que levei, mas eu... eu preciso ir ao médico agora, com urgência. Porque se for realmente um bebê... eu não sei como irei ficar se perdê-lo, tô parando pra raciocinar agora.
-Amanda: Meu Deus, Joelma...
-Joelma: Por favor, eu te peço. [Segura a mão de Amanda] Não me deixe perder esse bebê... por favor. Ele é fruto de um amor... e eu acho que já perdi muita coisa até aqui.
¤Amanda
Nunca pensei em ouvir essas palavras de Joelma. Lembro-me de quando fiz o meu aborto e sangrei, lamentei o que havia feito e pedi para André me levar ao médico o mais rápido possível, para não me deixar perder o bebê... mas foi um pedido que não foi realizado, pois além de perder o meu filho, nunca mais pude engravidar novamente... é o castigo que pago até hoje. Porém, com a Joelma vai ser diferente.¤
-Amanda: Não se preocupa, amiga... tudo dará certo, você não irá perder essa criança.
¤Joelma
Amanda pega a estrada o mais rápido possível, me levando até o hospital mais perto.¤
¤Miguel
À noite, estou em casa com Isabel na minha cama. Ela brinca com uma boneca e acaba bocejando.¤
-Miguel: Acho que está na hora de dormir, né?
-Isabel: Não, eu vou esperar a mamãe.
-Miguel: Filha, mas já é tarde.
-Isabel: A mamãe não vai mais vir? Mas ela prometeu, papai.
-Miguel: Acho que ela só está atrasada. Porém, talvez quando você acordar amanhã, ela estará aqui ao seu lado na cama, o que acha?
-Isabel: Então vou dormir e pedir que amanhã chegue logo.
¤Miguel
Isabel me abraça e acaba caindo no sono bem rapidinho. Eu me levando e fico na janela, é quando tento ligar para Joelma, mas o telefone só dá caixa postal.¤
-Miguel: Ah, Joelma... onde está você?
¤Joelma
Amanda fica comigo, segurando a minha mão... mas eu acabo desmaiando na hora de ser examinada pelo médico.
Quando acordo, já estou numa sala tranquila, com roupa de hospital. Amanda está sentada na poltrona ao lado, adormecida, mas logo ela acorda.¤
-Amanda: Oi, oi. [Se levanta] Como está se sentindo?
-Joelma: Amanda... e o meu bebê? [Senta na maca] Era mesmo um bebê? Eu estava grávida ou não? O que houve?
-Amanda: Joelma, calma... você precisa descansar.
-Joelma: E o meu filho? Eu perdi o meu bebê? Era um bebê?
-Amanda: Eu acho que irei chamar o médico, você está delirando.
-Joelma: Não, eu não estou! Amanda, só me diz a verdade, por favor, era um bebê?
-Médico: Ela já acordou? [Entra no quarto que Joelma está] Então, como está, senhora Joelma?
-Joelma: Eu perdi o meu bebê? Eu perdi?
[Enche os olhos de lágrimas] Era um bebê?
-Médico: A senhora precisa deitar e descansar.
-Joelma: Me fala logo a verdade! Diz logo que perdi e para de me enrolar!
-Médico: Não, não perdeu. A pancada foi grande, você se feriu um pouco, mas nada que fizesse você perder o bebê. Agora precisa descansar, porque se trata de um bebê com menos de cinco semanas, é arriscado esse período.
-Joelma: Ah, meu Deus... [Se emociona] eu realmente tô grávida?
-Médico: Sim. Parabéns, viu? Ele ainda tá em formação, mas se a senhora se cuidar bem, terá uma excelente gravidez.
¤Joelma
Fico emocionada. Passo a mão na minha barriga e respiro fundo... tenho motivos para viver.¤

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