Capítulo 12

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¤Clarita
Depois da bagunça que Joelma faz na cozinha, papai faz um delicioso café da manhã.
Pela tarde, saio para correr um pouco pela praia, é quando reencontro Rafael, que pilota uma moto. Eu fico toda boba, não consigo nem sequer disfarçar.¤
-Clarita: Você?
-Rafael: Eu. [Sorri] Tudo bem?
-Clarita: Sim.
-Rafael: Tá mais linda do que a última vez que te vi.
-Clarita: Ah, obrigada. E aí, quer correr?
-Rafael: Sim, mas eu não trouxe o meu tênis. Quer ir comigo lá em casa, buscar?
-Clarita: Deus me livre! E se você for um serial killer? [Sorri]
-Rafael: Juro que não sou. [Sorri]
-Clarita: Irei mandar mensagem para o meu irmão, se eu não chegar até à noite, ele saberá que você me raptou.
-Rafael: Seria uma boa raptar você, mas... não é a intenção.
¤Clarita
Mando mensagem para Gabriel e vou até a casa de Rafael na moto que ele está.
A casa é imensa, linda, com piscina e um campo de futebol incrível. Entramos pelo fundo, indo pela cozinha.¤
-Rafael: Vou pegar o meu tênis e sairemos no meu carro, ok?
-Clarita: Espera aí, você tem carro e moto?
-Rafael: Tenho. [Sorri] Meus pais são um pouco ausentes, entende? Então eles preenchem a ausência me dando presentes.
-Clarita: Nossa... sinceramente, não sei se isso é bom ou ruim.
-Rafael: Ah, eu... eu já me acostumei.
-Clarita: Hum.
¤Clarita
Caminho com Rafael até a sala da casa, onde tem uma grande escada.¤
-Rafael: Fica aqui na sala, já volto.
¤Clarita
Rafael sobe a escada e eu fico olhando as coisas, é quando olho a foto de Joelma na parede, meu coração gela, não acredito. Meu Deus! É um choque imenso em mim, fico impactada, realmente eu não esperava por isso.¤
-Rafael: Pronto, peguei o tênis. Vamos? [Desce a escada]
-Clarita: Quem é essa mulher?
-Rafael: Minha mãe.
-Clarita: Sua mãe? Meu Deus! Ela... ela... ela é nova, né? [Fica sem jeito]
-Rafael: Sim, e linda. Ela tá desaparecida, mas tenho fé que logo ela irá aparecer.
-Clarita: O que houve?
-Rafael: Ela sofreu um acidente e desapareceu... não tem registro e nem nada de onde ela está. Mas, vou encontrá-la, tenho fé nisso. É algo sigiloso, o papai tá em busca no off, e me pediu para ter cuidado com as coisas.
-Clarita: Cuidado com as coisas?
-Rafael: Sim, eu odiei isso. Ela é minha mãe, né? Deveríamos mover o mundo atrás dela, mas ele disse que é complicado, e acredito que realmente seja, afinal, estamos falando de uma das mulheres mais ricas da América do Sul.
-Clarita: O quê?
-Rafael: Pois é. Quando eu falei que dinheiro não é problema, eu não estava brincando.
-Clarita: Ah, meu Deus, Rafael... eu... eu nunca imaginei que ela fosse... aliás, eu nunca imaginei que você fosse tão rico.
-Rafael: Você falou o certo de primeiro; ela, ela é rica. Eu sou apenas o herdeiro.
-Clarita: O que não anula nada.
-Rafael: É, se você pensa assim.
-Clarita: Olha... boa sorte na busca.
-Rafael: Obrigado. E aí, vamos?
-Clarita: Sim, vamos.
¤Joelma
Em casa, quase 16 horas, Miguel faz um bolo na cozinha e eu me aproximo dele, olhando ele com, literalmente, a mão na massa.¤
-Miguel: Estava dormindo?
-Joelma: Sim, dormi um pouquinho depois do almoço.
-Miguel: Sim, percebi. [Sorri]
-Joelma: Cadê as crianças?
-Miguel: Foram empinar papagaio.
-Joelma: Ah, sim. Quer ajuda com o bolo?
-Miguel: Não, não precisa. Só falta colocar no forno agora.
-Joelma: Ah...
¤Miguel
Joelma se aproxima de mim e fica olhando a massa do bolo, porém, logo em seguida, olha em meus olhos e eu vejo o quanto a sua respiração fica ofegante, a minha também fica.¤
¤Joelma
Encaro o olhar de Miguel, porém logo vejo os seus lábios, sinto um desejo imenso de beijá-lo e sentir finalmente o gosto de sua boca. Mas, ele não deixa.¤
-Miguel: Eu preciso preparar esse bolo mesmo. [Se afasta de Joelma]
-Joelma: Miguel...
-Miguel: O quê? O que foi?
-Joelma: Por que você sempre foge assim de mim? Eu não consigo entender.
-Miguel: Joelma, eu já te falei um milhão de vezes.
-Joelma: Mas eu não consigo entender! Não, não mesmo! Meu Deus! Tá na cara que você me quer, eu também te quero, então...
-Miguel: Você me quer?
-Joelma: Não é meio óbvio isso? Tô te querendo muito, Miguel... sinto algo em mim que nem sequer consigo explicar e você... você também, porque apesar de estar sem memória, eu sinto que você me deseja. Eu...
¤Joelma
Seguro os ombros de Miguel e encaro o seu olhar novamente. Meu coração pulsa no peito como se estivesse ao ponto de explodir. Quero muito beijá-lo, engulo em seco, sentindo minhas pernas bambas, mas...¤
-Clarita: Pai, podemos conversar? [Aparece na cozinha]
-Miguel: Oi, filha. Oi. [Se afasta de Joelma]
-Joelma: Clarita... chegou? [Encara Clarita]
-Clarita: Sim, eu... eu quero falar com o meu pai, posso?
-Joelma: Claro, ele é todo seu.
-Miguel: Eu já volto para colocar o bolo no forno.
¤Miguel
Saio da cozinha e Clarita me leva até o quarto dela, batendo a porta.¤
-Miguel: Aconteceu algo?
-Clarita: Eu conheci o filho da Joelma.
-Miguel: O quê?
-Clarita: Eu não sabia que ele era o filho dela, nos tornamos amigos e fui na casa dele hoje, olhei a foto dela na sala.
-Miguel: E como você reagiu?
-Clarita: Eu fingi preocupação com o desaparecimento dela. Então saímos de lá, fomos correr na praia, fingi que precisava vir pra casa com urgência e vim.
-Miguel: Hum, fez o certo.
-Clarita: Mas, eu vi o quanto eles são ricos... fiquei pensando; será que quando a Joelma recuperar a memória, ela pode pagar o meu intercâmbio?
-Miguel: Não crie essa teoria, filha. A Joelma que está aqui com a gente não tem nada a ver com a rica, rude, soberba... nada.
-Clarita: Ela é tão ruim assim?
-Miguel: Muito mais, acredita. Ela não tem nada de boazinha.
-Clarita: Ah, pai...
-Miguel: Filha, eu... eu sinto muito por não conseguir realizar o seu sonho.
-Clarita: Não, não... tem que ter uma maneira, eu vou conseguir!
-Miguel: Filha...
-Clarita: Eu não vou desistir do meu sonho, pai, não mesmo! A Joelma talvez seja a minha esperança, eu quero acreditar nisso. [Se emociona]
-Miguel: É perda de tempo, escuta o que estou falando, ela não é uma boa pessoa, filha, não é. [Abraça Clarita]
-Joelma: Oi. [Bate na porta do quarto] Tá tudo bem aí? Porque temos que fazer o jantar, não sobrou nada do almoço.
-Clarita: Já vamos.
-Joelma: Você está bem, filha?
-Clarita: Eu... [Abre a porta] eu estou bem.
-Joelma: O que foi? [Acaricia o rosto de Clarita] Parece que quer chorar, aconteceu algo grave?
¤Clarita
Olho nos olhos de Joelma e fico pensando: Como? Como que ela pode ser tão ruim assim? Ela parece ser tão dócil, não é possível que a verdadeira seja tão péssima.¤

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