Capítulo 38

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¤Joelma
Fico confusa quando o jovem me chama de "mamãe", mas como ele está com um presente na mão, acredito que ele fala sobre eu ser a mãe de Clarita.¤
-Joelma: Sim, eu sou a mãe de Clarita. Posso ajudar você? Você é o Rafael, né? Acertei? Ela vive falando em você.
¤Rafael
Olho nos olhos da minha mãe e a minha cabeça gira. Ela não me reconheceu? Que história é essa? Tem alguma coisa errada.¤
-Rafael: Eu... eu... meu Deus! [Começa a tremer]
-Joelma: Tá nervoso? Quer deixar o presente para Clarita? Calma, eu não mordo. [Sorri] Ela acabou de sair, quer entrar?
-Rafael: ...
-Joelma: Garoto, fala alguma coisa, você está pálido, tá me deixando nervosa.
-Rafael: Desculpa, eu... eu...
-Joelma: Entra, vou te dar um pouco d'água.
¤Rafael
Não falo nada, só entro na casa, sem acreditar que seja real o que estou vendo. A minha mãe? O que aconteceu? Por que ela não lembra de mim? Será que é uma fantasia?¤
-Joelma: Quer só um pouco d'água? Alguma outra coisa? Tô fazendo o almoço e um bolo para Clarita.
-Rafael: Desde quando a senhora cozinha?
-Joelma: Ah... eu não sei. Eu sofri um acidente e...
-Rafael: Sofreu um acidente? De carro, né? Caiu do penhasco.
-Joelma: Sim, isso... eu... eu perdi a memória, porém, tô tentando recuperar, mas tá difícil, confesso. [Sorri] Ainda bem que a minha família me trata bem, cuida de mim mesmo assim.
-Rafael: A sua família?
-Joelma: Sim, como já te disse antes, eu sou a mãe da Clarita, mas tenho mais três filhos.
-Rafael: Não lembra de nenhum deles?
-Joelma: Infelizmente não. Qual é o seu nome? É Rafael mesmo?
-Rafael: Sim... eu... eu sou Rafael.
-Joelma: Rafa, você está bem? Meu Deus, parece nervoso, sei lá.
¤Rafael
A mamãe toca em meu braço, olhando em meus olhos. Fico pálido com essa situação. É a minha mãe, eu sei que é a minha mãe... mas, parece que outra pessoa está em seu corpo. Como isso pode ser real?¤
-Rafael: Eu... eu tô um pouco nervoso, não esperava conhecer a mãe da Clarita assim.
-Joelma: Ah, sim. Não se preocupa, eu não mordo. [Sorri]
-Rafael: Que bom então.
-Joelma: Agora relaxa, vou te dar um pouco d'água.
¤Joelma
Rafael se senta e eu dou um pouco d'água para ele. Enquanto ele bebe, eu arrumo o bolo na forma.¤
-Joelma: Rafael... esse nome não é estranho pra mim.
-Rafael: A senhora acha?
-Joelma: Sim, mas não consigo lembrar de onde conheço, porque algo em mim sente que é alguma coisa bem antes do acidente. Só que só consigo lembrar que a minha filha vive falando esse nome. É Rafael pra cá, é Rafael pra lá... precisa ver. Ah, ela vai ficar super feliz quando chegar e ver você aqui.
-Rafael: Não! Eu não vou poder ficar.
-Joelma: Ah, por que não?
-Rafael: Preciso ir. Eu... eu só vim deixar o presente.
-Joelma: Então vem pela noite, pois terá bolo e um belo jantar em família. Mas, você pode vir, sinta-se convidado.
-Rafael: Obrigado. Ah, eu acho que irei levar o presente e trazer pela noite, o que acha?
-Joelma: Acho uma ótima ideia.
-Rafael: Tá, obrigado.
¤Rafael
Eu levanto e encaro o olhar da minha mãe. Ela dá um leve sorriso pra mim, então não resisto, a abraçando bem forte. Ela continua com o mesmo cheiro, o que me causa arrepios, fico aliviado em vê-la viva, porém, magoado com o que estão fazendo com ela, toda a enganação.¤
-Joelma: Você está bem?
-Rafael: Sim, estou... estou. Nossa, o seu abraço é o melhor do mundo.
-Joelma: Ah, obrigada.
-Rafael: Ah, por favor, não diga a Clarita que eu vim aqui, quero fazer uma surpresa pela noite.
-Joelma: Pode deixar, será o nosso segredo.
-Rafael: Tá bom. Desculpa qualquer coisa.
-Joelma: Relaxa, está tudo bem.
¤Rafael
Saio da casa de Clarita e vou pra minha casa, chorando o caminho todo. Minha mãe? Eu achei a minha mãe? Meu Deus, eu tô tão feliz... mas, ao mesmo tempo, triste. Ao chegar em casa, encontro o meu pai na sala.¤
-Rafael: Eu achei... eu achei a mamãe.
-Leonardo: O quê?
-Rafael: Eu achei a minha mãe, pai. Encontrei ela hoje.
-Leonardo: Que brincadeira é essa, Rafael?
-Rafael: Não, não estou brincando. Ela tá sem memória, morando perto da praia... ela... ela acha que é mãe de quatro crianças, dois meninos e duas meninas.
-Leonardo: Que absurdo de história é essa, meu filho, pelo amor de Deus?!
-Rafael: Não estou mentindo! Eu achei a minha mãe. E o senhor acreditando em mim ou não, vou trazê-la de volta... com ou sem a sua ajuda, eu prometo.
-Leonardo: Filho, calma... eu vou estar com você, ok? Eu acredito em você, nessa história... mas, temos que saber como iremos fazer, não é simplesmente chegar lá e trazê-la, temos que avisar a polícia sobre isso.
-Rafael: A polícia? Mas...
-Leonardo: Não ficou claro pra você o que se trata isso? Sequestro, Rafael, sua mãe foi sequestrada.
-Rafael: ...
-Leonardo: Vamos fazer do meu jeito, ok? Eu sei como resolver esse problema.
¤Clarita
Enquanto estou no shopping, recebo uma ligação de Rafael, mas não atendo... fico com receio por conta de estar ao lado do papai. Porém, ele não para de ligar.¤
-Clarita: Ai, que saco!
-Miguel: Quem é, filha?
-Clarita: Ah, um colega... depois eu retorno.
-Miguel: É o Rafael, né?
-Clarita: ...
-Miguel: Não é?
-Clarita: Pai...
-Miguel: Atende logo o garoto, Clarita, não se preocupa, não irei brigar com você por conta disso.
-Clarita: Ai, valeu, papai.
¤Clarita
Me afasto um pouco do papai e atendo a ligação de Rafael.¤
📲Oi, Rafa. O que houve? Tô ocupada.
📲Onde você está? Quero te entregar o presente que comprei.
📲Ah, eu... eu tô no shopping com o meu pai, viemos fazer compras.
📲Ah, sim. Se quiser, deixo o presente na sua casa, a sua mãe está lá?
📲Não!
📲Tá tudo bem, Clarita?
📲É que... é que não tem ninguém lá em casa... faz assim; amanhã a gente se encontra e você me dá o presente, que tal?
📲Acha melhor?
📲Sim, muito melhor.
📲Ok, tudo bem. Feliz aniversário, viu? Que o seu dia seja lindo.
📲Obrigada, Rafa.
¤Rafael
Desligo a ligação e fico olhando para o meu celular, cheio de ódio.¤
-Rafael: Como pôde fazer isso comigo, Clarita? Como pôde?
¤Clarita
Depois que desligo a ligação, me aproximo de papai, que está olhando alguns vestidos.¤
-Clarita: Quer ajuda aí?
-Miguel: Qual é mais bonito? O vermelho ou o laranja?
-Clarita: É pra Joelma?
-Miguel: Sim. Eu sei que ela ficará linda com qualquer um, mas...
-Clarita: O vermelho, o vermelho é perfeito para ela.
-Miguel: Ah, obrigado. Sim, eu gostei muito do vermelho mesmo. Agora, vamos almoçar?
-Clarita: De jeito nenhum, a mamãe está fazendo o nosso almoço, toda empolgada, não serei louca de dizer a ela que almocei no shopping, vamos pra casa.
-Miguel: Meu Deus, é verdade. Então deixa só eu pagar o vestido e vamos.
-Clarita: Sim, vamos, pois ainda tenho muito que aproveitar, pois hoje é o meu dia.

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