¤Joelma
Ao voltar para a casa grande, me sinto estranha, sei lá... mas, converso com Rafael na sala, tentando me acalmar. Quase 03:00 horas da manhã, já estou um pouco conformada com a realidade.¤
-Rafael: Olha, eu preciso dormir, mas qualquer coisa, me chama lá em cima, é no primeiro quarto à direita, o seu quarto é o primeiro à esquerda, mas se não quiser dormir com o papai, tem outro quarto ao lado... aliás, tem uns dez quartos, a casa é grande, vai achar onde quer ficar.
-Joelma: Ok.
-Rafael: Tem um banheiro ali perto da cozinha. [Aponta] Deixei uma camisola e uma calcinha pra senhora, caso queira tomar banho, ok? Tem toalha também.
-Joelma: Obrigada.
-Rafael: Boa noite, mãe.
¤Joelma
Rafael me abraça, mas eu não correspondo o abraço, fico congelada. Sei lá, acho estranho.¤
-Joelma: Desculpa, é que ainda é tão estranho...
-Rafael: Ah, tudo bem, já é normal. [Se afasta de Joelma] A senhora era assim comigo antes mesmo de perder a memória. [Vira de costa para Joelma]
-Joelma: Espera! O Miguel... o Miguel disse que continuo sendo a mesma megera mesmo sem memória... eu era uma péssima pessoa, Rafael? Era? Também era péssima mãe?
-Rafael: Acho melhor a gente conversar sobre isso outro dia.
-Joelma: Ok, tudo bem... não vou forçar a barra.
-Rafael: Boa noite. [Sobe um degrau da escada]
-Joelma: Espera!
¤Joelma
Vou até Rafael e o abraço bem forte, percebendo que era o que ele precisava... e pelo visto, eu também. Consigo até sentir um alívio no coração fazendo isso.¤
¤Rafael
Fico feliz com o abraço da minha mãe, emocionado, mas seguro o choro, pois não quero parecer um idiota.¤
-Rafael: Obrigado. Eu te amo.
¤Joelma
Rafael beija a minha bochecha e vai para o quarto dele.
O meu sono não chega, então vou até o banheiro que Rafael falou. Fico me olhando no espelho, e na minha cabeça começa a passar tudo que vivi nos últimos meses. Meu Deus, como alguém pôde fazer isso comigo? Me sinto sem chão, perdida. A vontade que tenho é de sair correndo, gritando... mas sei que será perda de tempo, pois não posso mudar nada do que aconteceu. Cheia de ódio, rasgo o meu vestido todinho, lembrando de Miguel, do quanto estou com raiva dele. Depois, me sento no cantinho da parede, chorando.
Não consigo dormir, a minha cabeça está a mil, penso em um milhão de coisas. Assim que vejo o sol nascendo, tomo um banho, lavo o cabelo e coloco a camisola com a calcinha que Rafael deixou pra mim. Então, passeio pelo quintal, que é tão lindo. Por mais que eu tente me concentrar em outras coisas, fico pensando em como seria meus filhotes brincando na área de lazer. ¤
-Joelma: Para com isso, Joelma, eles não são seus filhos... [Respira fundo] nunca foram... o Miguel foi tão manipulador que conseguiu até fazer as crianças me enganarem. Esse homem é um monstro!
¤Joelma
Sento na beira da piscina e fico olhando a água. Continuo a chorar, pois não consigo parar. Enquanto choro, vejo uma mulher entrando pelos fundos e eu vou atrás dela. Na cozinha, ela já chega cantarolando e arrumando algumas coisas.¤
-Joelma: Com licença...
-Maria: Ai, meu Deus! [Grita e olha para Joelma] Joelma? O que... o que faz aqui?
-Joelma: Ué? Eu moro aqui, né?
-Maria: Sim, mas... quando voltou? Onde estava?
-Joelma: Ah, é uma longa história. E desculpa, não foi a minha intenção te assustar.
-Maria: "Desculpa"? Desde quando a senhora sabe usar essa palavra?
-Leonardo: Vejo que já se reencontraram. [Entra na cozinha] Ouvi seu grito da escada, Maria, o que houve?
-Maria: Dona Joelma me assustou.
-Joelma: Desculpa.
-Maria: Dois pedidos de desculpas? A senhora está bem?
-Leonardo: Ela voltou ontem à noite, tá sem memória, então...
-Maria: Ah, isso explica algumas coisas.
-Leonardo: Enfim, né? Tá com fome, Joelma?
-Joelma: Um pouco.
-Leonardo: A Maria está aqui para preparar o seu café da manhã. Vou me arrumar para trabalhar, só desci para saber como você estava.
-Joelma: Estou bem.
-Maria: O senhor pode vir aqui fora comigo?
-Leonardo: Ah, sim... como quiser.
¤Joelma
Leonardo sai com Maria e eu abro a geladeira para saber o que tem para comer.¤
-Maria: Por que não me contou que ela tinha voltado?
-Leonardo: Já era tarde e eu cheguei cansado, só me deitei e dormi.
-Maria: Hum. Acabou nossas transas no seu quarto, né?
-Leonardo: Sim, mas não se preocupe, vamos ter encontros fora daqui. Relaxa, tenho bons planos para a gente e para ela também, óbvio.
¤Joelma
Maria volta e pergunta o que eu quero comer, porém, ela fica surpresa quando vê eu mesma fazendo o meu café da manhã.¤
-Maria: A senhora está bem?
-Joelma: Sim, ótima. Enfim, pode deixar que eu faço o almoço também, se quiser.
-Maria: Não, não precisa. Eu sou paga para isso.
-Joelma: Imagina, eu...
-Rafael: A Maria está certa, mamãe. [Entra na cozinha] Ela é paga para fazer as coisas, então deixa ela fazer.
-Maria: Sim, isso mesmo.
-Rafael: A senhora tem que relaxar, ok? Então, por favor, não se esforce tanto.
-Joelma: Tá bom.
-Rafael: Eu estou indo para a faculdade, mais tarde eu venho. Vou marcar uma consulta com o médico também, viu? Precisamos ver como está a sua cabeça.
-Joelma: Tá, tá bom.
-Rafael: Maria, pode vir comigo aqui fora?
-Maria: Posso sim.
¤Rafael
Levo Maria até a parte de fora, observando se nem a mamãe e nem o papai irão ouvir o que vou dizer a ela.¤
-Maria: Sim, o que deseja?
-Rafael: A minha mãe está sem memória, um pouco doce, coisa que você nunca viu antes, mas, eu espero do fundo do meu coração, que você não se aproveite disso.
-Maria: O quê? Você está louco, garoto?
-Rafael: Não, eu tô normal, só te dando um toque, ok? Eu sei do seu caso com o meu pai, também sei que odeia a minha mãe, então se está pensando em uma forma de fazer algo ruim com ela, pense duas vezes, afinal, eu estarei de olho. E acredite, você não vai querer me ver zangado, tá bom? É só isso, preciso ir.
¤Joelma
Uma hora depois do café da manhã, sinto sono, como Leonardo não está mais em casa, subo para o quarto que Rafael falou que é meu. Me deito na cama e adormeço. Porém quando acordo, me assusto, pois sinto um braço em minha cintura e quando viro, Leonardo está ao meu lado.¤
-Joelma: O que está fazendo?
-Leonardo: Só estou com saudade da minha esposa. Não posso tocar em você?
¤Joelma
Leonardo beija o meu pescoço e começa a acariciar o meu corpo, porém, eu saio da cama.¤
-Joelma: Não!! Não! Fica longe de mim! [Grita]
-Leonardo: Calma, relaxa!
-Joelma: Não toca em mim, não toca! [Sai no corredor]
-Rafael: O que está acontecendo aqui? [Aparece no corredor]
-Maria: O que houve? [Sobe a escada]
¤Joelma
Rafael e Maria se aproximam de mim, então eu abraço o meu filho.¤
-Leonardo: Não foi nada, só deitei com ela na cama. [Aparece no corredor]
-Rafael: Não foi nada? Com os gritos que ela deu?
-Leonardo: Sim, só me deitei ao lado dela.
-Rafael: Isso também não pode acontecer!
-Leonardo: Somos casados, Rafael, então é normal a gente deitar na mesma cama.
-Rafael: Mas ela não lembra de você, então, por favor, se controle! Tenha um pouco de noção!
-Leonardo: Só toquei nela, não sabia que iria assutá-la dessa forma. São quase três meses longe da minha mulher, acha que não senti falta dela?
-Rafael: Mas não é por isso que você irá tocá-la, ela está sem memória, qualquer coisa pode assustá-la.
-Leonardo: Ok, desculpa, Joelma... não irá mais acontecer.
-Joelma: Tudo bem... já passou.
-Leonardo: Em falar nisso, Joelma, preciso saber de uma coisa; você teve algo com o Miguel? Ele tocou em você? Tipo; ele transou contigo? Podemos usar isso para o julgamento dele. Tem algo para dizer?
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Joelma - Sem Memória
Fanfic* Sinopse * Joelma é uma mulher rica e dona de várias empresas no Rio de Janeiro. Casada com Leonardo e mãe de Rafael, ela finge estar bem para todos, mas não é feliz com nada que faz e que tem. Quem cuida de tudo e de todas as coisas de Joelma, é o...