Capítulo 41

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-Miguel: Joelma...
-Joelma: "Joelma"... pelo menos o meu nome você não mentiu pra mim, né? Aliás, mentiu sim, porque se eu não me engano, no hospital, você me chamava de quê? Aaah, lembrei, Fernanda... você me chamava de Fernanda!
-Miguel: Por favor, me escuta, eu tenho uma explicação. Eu... eu não sei bem o que te falaram, mas...
-Joelma: Me falaram coisas que começaram a fazer sentido na minha cabeça. Miguel, como pôde? Como pôde? Você tem noção de como eu estou me sentindo? Nem se eu recebesse um tapa na cara iria doer tanto como está doendo o que sinto em meu coração agora.
¤Joelma
Eu respiro fundo e me seguro para não chorar, pois eu não quero parecer fraca para Miguel.¤
-Joelma: Meu Deus, que ódio! [Respira fundo] Olha só o que você fez!
-Miguel: Joelma, desculpa, desculpa... era para ser só uma pegadinha...
-Joelma: Uma pegadinha? Me jogou do penhasco e queria que fosse só uma pegadinha?
-Miguel: Eu não fiz isso, Joelma! O trabalho no carro não foi concluído porque você me expulsou da sua casa, e eu nem imaginava que você iria usá-lo, foi um acidente!
-Joelma: Um acidente?
-Miguel: Sim, um acidente. Eu jamais mataria você! Jamais! Você foi uma megera comigo, confesso, mas isso não era motivo para matar você, não era!
-Joelma: E depois? Hein?! E depois? Quer me falar sobre depois?
-Miguel: Ok, eu falo. Antes da sua queda, eu estava falando contigo pelo celular, então fui atrás de você naquela noite, seguindo pelo GPS, achei você e te levei para o hospital. Eu sabia sim que você teria uma perda de memória, mas eu nunca pensei que seria por tanto tempo... eu acreditava que duraria no máximo cinco dias, mas já tem quase três meses.
-Joelma: Isso mesmo, quase três meses que você me engana. Você tem ideia de quantas vezes me senti inútil? Tem? Me sentia uma idiota quando olhava os seus filhos e não conseguia lembrar deles, sem dizer as duas vezes que você gritou comigo, como se eu fosse uma imbecil!
-Miguel: Eu me envergonho disso, tá? E acredite se quiser, nas duas vezes que gritei com você, senti como se fosse um espelho para mim, porque eu que estava sendo idiota, um péssimo pai, falhei... não só com eles, mas com você também.
-Joelma: Eu não consigo acreditar em nada do que você fala. Já mentiu tantas vezes...
-Miguel: Mas não estou mentindo agora, não tenho motivos para isso.
-Joelma: Miguel...
¤Joelma
Eu tento me segurar para não chorar, mas é em vão, as lágrimas caem, eu sou uma fraca, porém não perco a postura.¤
-Joelma: Miguel, eu perguntei se você tinha certeza do que me falava... você olhou no fundo dos meus olhos e mentiu... mentiu olhando no fundo dos meus olhos. Um homem que faz isso é capaz de qualquer coisa!
-Miguel: Eu sei que menti, mas só eu sei como fiquei por dentro e...
-Joelma: Também mentiu quando disse que me amava?
-Miguel: Joelma...
-Joelma: TAMBÉM MENTIU QUANDO DISSE QUE ME AMAVA?
-Miguel: Não... eu não menti.
-Joelma: Não, eu não consigo... eu não consigo ver verdade no que você fala. [Limpa as lágrimas]
-Miguel: Mas eu não tô mentindo agora.
-Joelma: Ah, como eu gostaria de ser trouxa e acreditar nisso. Esta porcaria aqui... [Tira o cordão do pescoço e joga em Miguel] pode ficar pra você. Quanto a este vestido, só não rasgo aqui porque não quero sair nua, mas assim que eu o tirar, mando de volta pra você, isso se eu não o rasgar antes, tá? Porque se eu não posso descontar a minha raiva em você, farei no vestido.
-Miguel: Me perdoa, me perdoa por tudo isso, Joelma.
-Joelma. E você acha que o que fez tem perdão? [Sorri em tom de deboche] Acha?
-Miguel: Se realmente me ama de verdade, acredito que tenha perdão sim, pois por mais que eu tenha errado, eu me apaixonei por ti, e o mesmo aconteceu com você, Joelma, o mesmo! Pode estar com raiva agora, mas não pode negar o que eu falo, pois eu sei que você me ama.
-Joelma: Miguel... eu me apaixonei pelas mentiras que você inventou pra mim. Porque de verdade, eu nem sei quem você é.
-Miguel: Eu continuo o mesmo! Entende? O mesmo, Joelma... sou o homem que te fez mulher na cama, que te amou e cuidou de você.
-Joelma: Cala a boca!
-Miguel: Te ensinei tudo que você sabe neste momento, com certeza você tem boas lembranças comigo, todas são reais, acredite em mim!
-Joelma: Cala a droga dessa boca! Chega! Chega de... chega de tentar me enganar!
-Miguel: Não estou enganando... não mesmo. Porém antes de mais uma discussão, eu preciso te pedir uma coisa.
-Joelma: Me pedir uma coisa? É sério isso?
-Miguel: Joelma, eu sei que está com ódio... porém, eu te faço um pedido; retira a queixa, meus filhos estão num abrigo... eu acho. Eles serão separados logo e eu não quero isso para eles, por favor, faça por eles, não por mim.
-Joelma: Você pensou neles quando fez isso comigo? Pensou? Eu acho que não. Miguel, eles já não são problemas meus, você vai colher o que plantou e eu me manterei longe, muito longe e firme com a decisão de te manter preso.
-Miguel: Meu Deus! [Bate na grade]
-Joelma: Não adianta bater na grade, você não me assusta!
-Miguel: Não estou batendo para te assustar, tô apenas preocupado com os meus filhos.
-Joelma: Deveria ter pensado neles quando decidiu me enganar, lamento que o seu plano de merda tenha dado errado, mas como tudo que se faz, se paga, está na hora de pagar, não é mesmo?
-Miguel: Ah, meu Deus... [Respira fundo] Por mais que esteja sem memória, vejo que ainda tem um pouco da megera em você.
-Joelma: Isso que fala só confirma que realmente fui enganada, que você nunca me amou, que foi só uma vingança estúpida. Você foi e é insensível! Miguel, você desgraçou a minha vida!
-Miguel: Eu desgracei a sua vida? Eu? Se acha mesmo isso, eu posso dizer que você é uma estúpida, pois se não sentia nada real no nosso toque, nos nossos beijos e nos nossos momentos de amor, você que não sabe o que realmente é amar. Sem dizer as crianças... eu pedi para elas não se apegarem em você, mesmo assim aconteceu... elas te viam como mãe e provaram isso para você a cada dia, sabe disso. Se não sentiu o amor e o quanto foi real os nossos momentos em família, a insensível aqui é você! "Já não são problemas meus", meu Deus! [Dá um leve sorriso] Joelma, eu te dei uma família... amor, carinho, dedicação, tudo que você não tinha na sua vidinha de merda! Sei que no começo fiz por vingança, mas depois do que aconteceu com a Bel, te mostrei o amor de verdade, você está tão cega de ódio que prefere esquecer isso? Lamento muito por você. Espero que logo recupere a memória, ok? Só pra você perceber o quanto é rica de dinheiro, mas pobre de todo o resto.
¤Joelma
Engulo em seco com as palavras que Miguel me diz. Claro que amo e sei que foi real tudo que vivi com as crianças, mas agora eu preciso de um tempo só para mim, para refletir sobre isso. Falar com Miguel só me machuca mais ainda. Então, resolvo ir embora. Vou me manter informada quanto aos meninos, mas ele não precisa saber.¤
-Joelma: Eu só espero que você nunca mais veja nenhum dos seus filhos!
-Miguel: Não fala isso...
-Joelma: Vou fazer de tudo para te ver preso por um bom tempo. Agora, Miguel, a vingança é minha! Pode me considerar a sua maior inimiga!
-Miguel: Maldita... eu odeio você!
-Joelma: Ah, finalmente você conseguiu falar uma verdade, né? [Sorri] Finalmente!
-Miguel: Não, Joelma, não... eu... eu...
-Joelma: Eu vou te mostrar que realmente sou tudo que você disse. [Sai andando]
-Miguel: Joelma...

Joelma - Sem Memória Onde histórias criam vida. Descubra agora