Acabou, Christopher

19 3 3
                                    

─ Isso é para a minha mulher?

Ele saiu do apartamento, falando entre os dentes. Henry, completamente intimidado, deu alguns passos para trás.

─ B-bom, eu pensei que vocês tinham terminado ─ ele engoliu em seco ─ e que ela só estava aqui ainda porque não tinha para onde ir.

Jensen respirou fundo e fechou os punhos.

─ Por que diabos você pensou isso? — Ele exigiu saber.

─ O senhor andava de muito mau humor... e ela não foi mais lá... Nunca te vi no restaurante dela, nem mesmo na inauguração... Todos no escritório estavam falando disso, então virei amigo dela, frequentei seu restaurante para ajudá-la, e-e... a trouxe para casa no dia da tempestade... ─ Ele estava nervoso, falava sem parar à medida que o suor escorria por sua têmpora. ─ Nós nos divertimos, rimos e conversamos... Mas acho que acabei entendendo mal porque a beijei e ela não gostou, então vim me desculpar hoje com es...

O homem loiro foi lançado no chão abruptamente, após ser golpeado com o punho fechado de Jensen. O moreno respirava fundo, ofegante, se controlando para não extravasar sua raiva no rosto de porcelana do administrador. Ele havia acabado de lhe confessar que beijara Lisa contra sua vontade? E ainda ousava continuar falando? Era pedir demais que ele mantivesse o sangue frio. Pelo contrário, seu sangue fervia, e ele sentia suas veias pulsando na artéria do pescoço e na têmpora.

─ Fique longe dela. Se eu souber que você sequer pensou nela, que chegou perto dela ou daquele restaurante, vai me agradecer se ficar pelo menos com um dente na porra dessa sua boca.

Henry não ousou responder, ainda processando o soco que havia recebido no rosto. Os chocolates estavam jogados pelo corredor, e as rosas amassadas.

Jensen entrou em casa e bateu a porta.

Seus funcionários estavam espalhando rumores no escritório? Nunca ligou para isso, mas pelo menos esperava que sua vida particular não fosse assunto. O administrador executivo teve a coragem de vir até sua casa e beijar Lisa? Ele queria culpá-la por não contar, culpá-la por não dizer a ele o que aconteceu ou a visita que recebeu, mas sabia que não era culpa dela, era só dele... ele a afastou, não deu espaço nem para ela lhe dizer como foi seu dia, se estava bem, se ficou segura, se alguém entrou na casa deles e a beijou...

Um vaso de vidro atravessou a sala e se quebrou ao chocar-se contra a parede, seguido por mais dois que tiveram o mesmo fim. Centenas de cacos de vidro forravam parte do chão. Jensen lançou mais dois antes de desistir e se jogar no sofá.

Ele passou horas remoendo a raiva, horas esperando ela chegar. Estava angustiado. Era fácil lidar com a vontade de estar com ela quando pensava que isso era apenas uma atração de um humano por uma sereia, mas agora ele não se importava com isso, desde que pudesse estar com ela como antes.

Ele dormiu enquanto esperava. Quando acordou, o apartamento estava escuro e ele ouviu as duas garotas caminhando na ponta dos pés.

─ Iadala. — Ele a chamou por seu nome real, lembrando-se de quando ela o falou no banheiro.

Jensen caminhou até ela, determinado a não deixá-la escapar mais uma vez.

─ Precisamos conversar. — Ele avisou.

Lisa suspirou e concordou. Sua irmã, que estava parada, continuou o caminho em direção ao quarto, e finalmente eles estavam a sós. A mulher de pele clara, com os olhos mais expressivos que ele já havia conhecido, estava parada, esperando que ele desse continuidade. E ele ia... até notar algo.

Sua mão percorreu o comprimento dos cabelos loiros, que estavam molhados.

─ Estão molhados... ─ Ele sussurrou.

O Corpo De Uma SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora