O Corpo De Uma Sereia

À deriva

Já era madrugada quando Lisa despertou. O jatinho pouco balançava; ela quase podia esquecer que estavam no ar e fantasiar que estavam em terra firme, seguros. Bastava fechar os olhos completamente e pensar que estava no quarto do hotel ou no apartamento de Jensen.

Ela se mexeu na cama, puxando mais as cobertas para si. Não esperava que estivesse tão frio; mesmo de moletom e enrolada em lençóis, seu corpo estava gelado.

Uma mão fria e fantasmagórica pousou em cima de sua testa. Lisa gelou e segurou um grito enquanto seu corpo se sentava na cama para se afastar o máximo possível. Seu cérebro não estava totalmente desperto para processar aquilo.

Sua mão esbarrou em pernas cobertas por calça social, no mesmo instante em que Jensen ligou o pequeno abajur ao lado da cama.

Lisa respirou fundo enquanto sua mente se esforçava para dar sentido às coisas. Aos poucos, ela foi relaxando; era apenas ele. Mas por que sua mão estava tão gelada?

─ O que foi isso? ─ Jensen parecia pouco assustado.

Lisa sorriu, voltando para seu lugar quentinho ao lado dele.

─ Você me assustou, não percebi que estava aqui. ─ Ela disse enquanto se aproximava para que ele lhe abraçasse.

O braço pesado e masculino passou pelas costas dela, puxando-a contra o peitoral definido. Lisa inspirou fundo, com o nariz abaixo do pescoço dele, sentindo seu perfume masculino, que era forte e sensual. Céus.

─ Eu falei para não tomar esse remédio. ─ Ele cerrou os dentes.

─ Ainda não consigo voar tranquila. ─ Ela estava manhosa e simplesmente não conseguia evitar; talvez fosse o sono.

─ E ainda quer ir morar com Emilly e seu tio nos Estados Unidos? Espera só até pegar um avião comercial pela primeira vez.

Quando ela disse que queria ir morar com eles em outro país? Tentaria tirar essa ideia da cabeça dele depois.

─ Mas o seu jatinho não ficará à nossa disposição? ─ Ela brincou.

Jensen gargalhou forçado, o suficiente para seus músculos tremerem em volta de Lisa. A sensação de satisfação em vê-lo sorrir por algo que ela falou era gostosa. Acalmava sua mente, seu corpo e seu espírito. Ela era capaz de fazer o homem que amava sorrir, e isso era mais do que o suficiente; ela não queria mais nada.

─ Tá bom. ─ Ele disse com desdém.

Lisa fez barulho enquanto fingia pensar.

─ Então faz planos de comprar um para mim? Por isso disse que íamos nos ver mesmo se eu fosse para outro país? ─ Ela virou a cabeça para tentar olhá-lo. Mas só o que viu foi seu queixo, com curtos fios da barba.

Jensen não disse mais nada. O silêncio tomou conta do quarto enquanto ele ficava pensativo. E Lisa ficou quieta, esperando ele pensar. Seus olhos ainda estavam pesados, e ela poderia acabar dormindo a qualquer momento.

Nos braços dele, ela deixou sua mente vagar entre a realidade e o sono.

─ Lisa. ─ Ele fez uma pausa. ─ O que você acha de vir morar comigo quando chegarmos em casa?

O ar dela sumiu.

Ele não podia estar falando sério... Lisa ficou imóvel, sentindo seu sangue correr por suas veias e seu coração batendo tão rápido que parecia disposto a sair de seu peito.

─ Eu entendo que o casamento seja o próximo passo. — Ele disse. — E talvez você queira isso, embora nunca tenhamos tido essa conversa. Mas, por Deus, eu apenas quero que venha morar comigo. Podemos ver o resto depois.