Uma noite inesquecível

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Já haviam se passado quase duas semanas sem Emilly. E tudo era mais chato do que Lisa poderia ter imaginado.

Lisa ergueu a cabeça e fitou o teto do banheiro. Quando usou a banheira para se transformar meses atrás, foi tudo bem porque era a única forma de salvar sua própria vida. Mas agora, era estranhamente desconfortável. Sua barbatana ficava para fora, ela não conseguia se mover direito e nem tinha espaço para esticar a sua cauda e nadar livremente.

Não tinha como se sentir bem ali, mas também não tinha vontade de voltar para o mar ou ir até a gruta.

"Céus, as coisas deviam estar confusas assim? Se a banheira não é o suficiente, e o mar não é mais o mesmo, o que ela deve fazer?"

A loira suspirou e se esforçou para sair da banheira. Ela tentava entrar sempre que estava sozinha em casa, mas não suportava mais do que alguns minutos.

Ela almoçava com ele todo dia em seu escritório. No último final de semana, eles voltaram para a casa de praia dele e lá era mil vezes melhor que o apartamento. Havia natureza, mais espaço, o som do mar e toda a maresia. No apartamento, era tão alto que, embora tivesse vista para o mar, as ondas pareciam muito distantes; era como estar presa em uma caixa.

"Você não tem passado muito tempo sozinha?" Jensen tocou no assunto enquanto almoçava. Ele havia se preocupado muito com isso nos últimos dias.

Lisa assentiu. Eles almoçavam em um bom restaurante perto da empresa dele. Ela olhou para a vista que a mesa deles lhe dava da cidade, mas não havia o que olhar, era só prédios.

— Estou. — Ela confirmou com um meio sorriso. — Por isso eu queria ir para a festa. Você recebeu outros convites ao longo da semana, mas parece que está fugindo de todos! — Ela estreitou os olhos claros.

O moreno suspirou, desistindo de seu almoço. Ela havia voltado nesse assunto incontáveis vezes, e ele tentou, incansavelmente, fazê-la desistir da ideia. No entanto, só ficar dentro de casa era ruim... Tão ruim quanto pensar em voltar para a água. A sensação era sufocante, e ela só queria fugir, mas não sabia para onde, pois tinha a sensação de que sentiria a mesma coisa, independente de onde fosse.

— Tudo bem. — Jensen se rendeu. — Não vou mais tentar te convencer a ficar em casa.

Lisa sorriu empolgada para ele. Estaria lhe cobrindo de beijos se não estivessem em público.

— Tenho uma condição. — Ele abriu a mão sobre a mesa. — Nós iremos embora na primeira oportunidade que tivermos!

— Combinado! — Ela respondeu imediatamente.

Lisa fez careta, franzindo o seu pequeno nariz, lembrando-se no mesmo instante de que não tinha roupa para o evento. Ela pousou a mão sobre a mesa e começou a brincar com a mão dele.

— Eu não tenho roupa... — Ela admitiu, cabisbaixa.

Jensen levantou uma sobrancelha.

— Lembro claramente de lhe dar um cartão.

— Eu sei! Mas... — Ela fez uma pausa, voltando a olhar para o lado. Da altura em que estava, via apenas terraços. — Eu não gosto de escolher roupa sozinha, esses eventos são muito chiques.

— Posso chamar a madame Kim outra vez, não será um problema.

Lisa negou com a cabeça. Não era aquilo que ela queria. Nos últimos dias, eles não faziam nada além de almoçarem juntos e se encontrarem em casa. Após cada almoço, ela voltava para casa, observava a bendita banheira e saía para a rua. Vagava sozinha pela orla da praia até dar a hora de voltar para casa e fazer o jantar. Cozinhar a distraía, mas era irritante quando era a única coisa que fazia.

O Corpo De Uma SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora