Duas pestes idênticas

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Assim como nos últimos dias, Lisa estava no restaurante junto com Gilbert e seus novos funcionários que a ajudavam a organizar tudo.

Gilbert sempre ficava em uma mesa perto da vitrine, mexendo no computador. A mulher que cuidaria do atendimento ajudava com a limpeza e organização da cozinha, enquanto eles não abriam oficialmente. O rapaz que ia ajudá-la na cozinha passava a tarde colaborando nos novos pratos que ela experimentava preparar todos os dias.

─ Você pode dar uma olhada no ponto pra mim? Vou pegar um pouco de ar fresco. ─ Lisa disse enquanto retirava o avental.

─ Claro! Não precisa se preocupar, Srta. ─ Mike, o rapaz que a ajudava na cozinha, assumiu seu posto com um sorriso animado.

Lisa sorriu de volta para ele.

─ Pode me chamar apenas de Lisa! ─ Ela disse enquanto empurrava a porta e saía.

No salão, ela foi até Gilbert, que estava entretido em seu notebook, trabalhando. Ele ficava muito bonito sério enquanto trabalhava; Emilly era uma sortuda, ou nem tanto... agora que eles não estavam juntos.

O sininho tocou no momento em que ela se aproximou da mesa. Lisa virou o rosto para ver.

Mas foi a menina do caixa que quase teve um infarto.

─ Puta merda! Ele é igual a você! ─ Ela disse em choque.

Gilbert levantou o rosto a tempo de ver seu irmão.

─ Santo Deus! Por que será que minha mãe nunca me disse? ─ Ele fingiu surpresa.

Lisa riu.

─ Nossa mãe devia mesmo ter nos contado que éramos gêmeos. Vivi todo esse tempo acreditando que minha beleza era única. ─ Gerald entrou na brincadeira.

─ Nossa, como vocês são engraçados. ─ A menina do caixa revirou os olhos.

─ Que surpresa ver você aqui, Gerald. ─ Lisa o cumprimentou com um abraço.

O homem alto a apertou como um irmão mais velho.

─ Todos os dias tenho que ouvir Gilbert se gabar sobre como tem almoçado comida boa de graça. ─ Ele puxou a cadeira em frente ao irmão. ─ Sabe, fico extremamente magoado por ser excluído. Não são só vocês dois que estão sofrendo com a partida de Emilly, sabia? Eu também sinto falta dela. ─ Ele colocou a mão no coração. ─ Todos éramos bons amigos. Sinto falta daquela risada estridente e daquele humor ácido. ─ Gerald fez cena, fingindo sofrimento.

Lisa mordeu o lábio para não rir, mas seu irmão o olhava sério.

─ Lisa não vai te negar comida, Gerald. Não precisa tentar apelar. ─ Gilbert fuzilou o irmão com os olhos.

Gerald olhou para Lisa, sorrindo como se tivesse ganhado na loteria.

─ Até consegui deixar Gilbert sério, mereço uma sobremesa como extra. ─ Ele piscou para ela.

Lisa sorriu, enquanto Gilbert continuava sério.

─ Vocês são bobos, sabiam? ─ Ela balançou a cabeça rindo. ─ Mas ganhará uma sobremesa, sim.

Gerald se inclinou para a frente.

─ Engraçadinhos é tudo o que somos. Um dia, nossa mãe olhou séria para nós e disse: "Meus filhos, vocês precisam estudar; ser bobo não é profissão". ─ Ele disse como se estivesse recitando uma poesia.

Gilbert bufou.

─ Nós havíamos quebrado a santinha dela jogando bola dentro de casa e estávamos tentando convencê-la de que lugar de santo era no céu e não em cima da estante. ─ Ele riu cínico.

O Corpo De Uma SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora