Algo errado

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Seu corpo pedia um banho quente e um bom sono quando ele entrou no quarto. Seu único desejo era passar o resto do dia e da viagem em paz. Os americanos não eram nada diferentes dos neozelandeses; todos buscavam atenção e reconhecimento. Foi um dia chato, mas ao mesmo tempo muito produtivo. Aproveitar a viagem para ver outros trabalhos foi uma boa ideia.

Ele andou pelo quarto tirando a roupa, enquanto procurava por sua mulher. Eles ainda tinham um tempinho antes do evento. No entanto, descobriu logo que ela não estava no quarto deles. Ele suspirou, pegou o celular e ligou para ela.

Lisa demorou para atender. Jensen olhou pela janela; já estava tudo escuro do lado de fora, o céu negro parecia engolir a cidade, que tentava resistir acendendo lâmpadas e buscando por luz.

─ Oi. ─ Ela atendeu com a voz trêmula.

─ Oi. Onde você está? Eu estou no quarto.

─ Ah... Eu vim conversar com Emilly. Mas já estou pronta.

A hesitação dela parecia atravessar o celular.

─ Lisa. Está tudo bem? ─ Ele questionou.

─ Sim. Até daqui a pouco.

Ela desligou.

Jensen Christopher encarou o celular por um longo minuto antes de concluir finalmente: nem fudendo que estava tudo bem.

Ele jogou o celular em cima da cama e passou a mão na boca.

Tinha algo errado. Ela parecia estar fugindo dele, o evitando. Que tom de voz era aquele?

Jensen parou, encarando a porta à distância. Ele fechou os punhos, tentando controlar a vontade de ir bater na porta de Emilly e conversar com Lisa pessoalmente. Talvez ele acreditasse naquele "sim" se ouvisse pessoalmente. Mas não podia fazer nada agora; já estava quase pelado. Ele respirou fundo, tirou a cueca box, ficando completamente nu, e foi para o banheiro.

Quase uma hora depois, o tom de voz dela e sua atitude de desligar na cara dele ainda o incomodavam. Ele estava no corredor agora, encostado na parede, esperando por Lisa enquanto encarava a porta branca do quarto de Emilly.

Demorou longos minutos; se já estava pronta, por que fazia ele esperar? Ele não esperaria nem mais um minuto.

Ele desencostou da parede bruscamente, levantando uma mão para bater na porta, mas antes que seu punho pudesse tocar a madeira, a porta se abriu. E uma Lisa extremamente linda apareceu.

Ele abaixou a mão rapidamente, orgulhoso demais para demonstrar sua ansiedade.

Lisa sorriu.

─ Você ia bater? ─ Ela perguntou.

Ele ignorou essa pergunta, dando espaço para que ela passasse.

Ele a olhou, de cima a baixo. Seu vestido era completamente justo, com o decote reto, na cor verde musgo, e o tecido brilhava, mas não tinha nenhum tipo de pedrarias. As costas eram nuas e as alcinhas finas davam nó nos ombros.

Os cabelos dela estavam presos, não, presos não, eles estavam enjaulados contra a própria vontade em um coque. Lisa estava linda, mas lhe partia o coração ver os cabelos dela presos em um penteado que tirava toda a sua essência.

─ O que foi? ─ Ela perguntou.

Jensen piscou, a puxando pela cintura. Lisa cambaleou dentro do vestido justo até parar contra o peito dele.

─ Você está ainda mais bonita, como é possível?

Ela sorriu; seus olhos claros lhe olhavam com atenção e esperança. E ele abaixou a cabeça para encontrar os lábios dela, que se desviaram no mesmo instante.

O Corpo De Uma SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora