Awlie, minha doce garota

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Ela estava se afogando.

Puxar o ar era difícil e dolorido.

Onde estava sua cauda? Por que estava com pernas no mar?

Não...

Lisa tentou chegar à superfície, onde o brilho da lua ondulava, mas ela não sabia nadar com pernas humanas; elas não eram funcionais. Ela só continuava se afogando.

Ela piscou, balançando a cabeça atordoada.

Era só um sonho... apenas um pesadelo.

Ela se remexeu na cama, consciente de que sua mente ainda estava alterada pelo álcool.

Ao longe, ela podia escutar Jensen roncando, tão profundo que dormia. Estava capotado.

Mas ela não conseguia acordar, não conseguia abrir os olhos; seu corpo estava pesado, sua cauda não aparecia, a água salgada ardia em seu nariz e sua garganta.

"Eu amo você."

A voz de Jensen ecoou em sua mente, dizendo que a amava pela primeira vez. Com sua voz embolada pelo álcool.

"Não... Nós vamos fazer amor."

Sua voz outra vez, dizendo essas palavras com tanto carinho, enquanto a prendia contra a porta e arrancava suas roupas...

Ela continuou afundando, vendo a luz da lua ficar cada vez mais longe, junto com a superfície. E a escuridão, pouco a pouco, a abraçava.

"Uma sereia que abandona sua cauda pela vida humana merece todos os castigos que o deus do mar lhe dá," disse o seu pai, rabugento e resmungão, enquanto conversava com sua mãe.

"Muitos fazem isso por amor. Seu amor não pode vir para o mar, mas nós podemos ir até eles," sua mãe, gentil e sensível como sempre foi, defendia todos até onde podia. Nada importava mais do que a paz e o bem-estar.

"Amor? Não existe isso para os humanos, se esqueceu das histórias? Um humano nunca amará uma sereia ou um tritão. Mundos diferentes não se misturam, querida. Eu tenho nojo de qualquer um do meu povo que nos abandona por humanos."

Seu pai... Ele fez pior do que lhe dizer ofensas...

Lisa tentou evitar quando percebeu para onde estava sendo puxada. Novamente, ela tentou nadar, mas suas malditas pernas humanas não funcionavam no mar. Ela fechou os olhos com força e se preparou para a lembrança que invadia seu sonho.

— Querida? Onde você estava? Eu estava tão preocupada. — Sua mãe a abraçava com força.

Iadala olhou em volta. Ela estava em casa, a parede de coral uniforme, esbranquiçada pelas décadas, estava manchada com as pinturas que ela e suas irmãs fizeram na infância. É claro que eram só borrões sem sentido, mas sua mãe nunca teve coragem de tirar.

Sua mãe a apertava com força, como se quisesse protegê-la. As joias de pérolas que a mulher usava para enfeitar parte do corpo a incomodaram, mas Iadala não se importou, Lisa não ligou.

Seu pai chegou de repente, acompanhado de Wiqtar, e sua mãe se afastou, colocando-se entre ela e os outros.

— Querido, por favor, ela estava com medo, estava assustada, tomou apenas uma medida desesperada... — sua mãe tentou defendê-la.

Iadala prendeu a respiração, seu coração batia forte. Ela quis nadar para o mais longe possível. Seu pai a olhava com raiva... Wiqtar a olhava com ódio...

O Corpo De Uma SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora