O setimo dia se aproxima •

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Lá em embaixo o carro preto de Jensen a esperava. Era assustador como se destacava mesmo sendo uma cor comum, era diferente de todos os outros carros que passavam, seu preço e importação estavam escancarados no modelo e lataria. Jensen não conseguiria passar despercebido nem mesmo se tentasse.

Lisa correu pela garoa fina até o carro. Ele sorriu para ela, mas não era o mesmo sorriso de sempre...

─ Você quer ir comer agora ou depois? ─ As mãos dele estavam pousadas no colo.

Lisa pensou por um segundo.

─ Pode ser depois. ─ Ela colocou o cinto.

─ Você tem certeza? Lá pode demorar.

─ Não estou com tanta fome agora, você está? ─ Ela o olhava.

─ Não. ─ Ele deu partida no carro.

A viagem foi demorada e quieta. O silêncio sentenciado dentro daquele carro a deixava nervosa, a paisagem do lado de fora parecia triste e melancólica. O tempo estava nublado e chuvoso, estava tudo cinza, como em um filme de melodrama. Isso a afetava mais do que o esperado, ela preferia o sol, o dia era laranja e parecia alegre. Céus! Aquele silêncio ia matá-la. Jensen estava ao seu lado, mas parecia tão longe de ser alcançado.

─ Como foi no trabalho? ─ Ela o olhou, esperançosa.

Jensen virou a cabeça, a olhando por um segundo, parecia confuso, ou pelo menos surpreso.

─ Foi normal. ─ Ele girou o volante ao fazer uma curva.

Bom, aparentemente não ia ter mais conversa.

Quando o carro estacionou, dentro de uma garagem subterrânea, Lisa ficou surpresa. Pensou que seria algo simples, mas eles estavam em um prédio alto, todo espelhado, parecia chique.

─ Quais serão os documentos? ─ Um homem branco, um pouco barrigudo e de cavanhaque escrevia em algum papel.

─ Todos. ─ Jensen respondeu por ela, assim como fez desde que eles chegaram.

─ Incluindo habilitação e passaporte? ─ O homem olhou para Jensen, por cima dos óculos.

Jensen olhou para Lisa, ele tinha os braços cruzados sobre o peito. Ambos estavam sentados em cadeiras em frente a mesa.

─ Você sabe dirigir? ─ Ele pareceu extremamente curioso.

Lisa balançou a cabeça de forma negativa.

Jensen assentiu.

─ Incluindo os dois. ─ Ele confirmou.

Lisa arregalou os olhos. Ela não precisava de habilitação ou passaporte.

─ Esses são pacotes individuais, o valor vai aumentar. ─ o homem voltou a escrever.

─ Não tem problema.

─ Qual o nome escolhido?

E então Lisa sentiu o olhar de Jensen. Aquela era uma escolha dela, mas o olhar a intimidou, parecia estar a alfinetando.

─ Lisa Schmid. ─ Ela respondeu.

─ Sem segundo sobrenome?

Ela sentiu novamente o olhar do até então seu namorado. E aquilo lhe deu branco, ela não sabia que ia precisar de um segundo sobrenome, não havia pensado em um.

─ Eu... ─ Ela começou hesitante.

Ao seu lado, Jensen suspirou.

─ Sem segundo sobrenome. ─ Ele confirmou.

O Corpo De Uma SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora