A inauguração

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Jensen Christopher, CEO da bilionária Ackworth - A corporativa mais popular do ocidente, que envolvia Hotéis e restaurantes, tamborilou os dedos sobre o volante.

Já havia perdido a conta de quanto tempo estava parado no trânsito. Ele estava parado no mesmo lugar e à sua frente tinha uma fila de carros engarrafados. Aquilo não era comum em sua cidade, principalmente tão cedo da manhã. Nada o irritava mais do que esperar.

A pequena cidade localizada no sul do país era tranquila, cercada pela água do mar; o país em si era um lugar tranquilo.

Toda segunda-feira ele dirigia por pouco mais de uma hora para chegar na sede de sua empresa, localizada na capital, cidade vizinha. E com essa demora estava começando a ficar irritado; as segundas-feiras eram as mais corridas, ele não tinha tempo para perder no trânsito.

Ele não ia esperar sentado nem mais um minuto sequer.

Jensen saiu do carro, batendo a porta com força. Do lado de fora, o dia era nublado e frio. O mar que batia contra as paredes da cidade, erguida acima do nível do mar, fazia um som familiar. Quase toda a cidade era cercada pelo mar e, por conta disso, muitas partes fediam a peixe. Em toda a cidade, apenas um pequeno trecho tinha uma orla, uma praia.

O centro comercial estava agitado essa manhã. Foram poucos segundos de caminhada firme e Jensen enxergou isso, irritado. Marujos atrapalhavam a rua, levando equipamentos para o porto e equipando seus barcos de pesca. A pesca era uma fonte de renda bruta de boa parte da população daquela cidade, e Jensen conhecia uma boa parte daqueles pescadores. Era uma cidade pequena.

Ele parou perto do porto, colocando as mãos nos bolsos de sua calça social. Observando silenciosamente o tráfego de pessoas que iam e voltavam do porto. Eles não pareciam com pressa, diferente dos motoristas que buzinavam sem parar; aquilo já estava lhe doendo a cabeça.

─ Ah, Sr. Crawford.

O CEO alto olhou para trás, vendo um pescador rechonchudo e na base dos seus 50 anos, ele tirou a boina para coçar o topo da cabeça.

─ Bom dia, Sr. Mendes. ─ Jensen cumprimentou o pescador que reconheceu. ─ Poderia me informar o que está acontecendo hoje? Foi avistado um peixe gigante, por acaso?

Sua intenção não foi ser engraçado; ele raramente tentava ser engraçado. No entanto, o velho pescador riu alto, como se tivesse escutado uma piada.

─ Não sabia do seu senso de humor, Sr. Crawford.

Jensen ignorou isso e levantou a sobrancelha, pedindo, silenciosamente, por uma explicação da situação. O velho pescador pigarreou e continuou.

─ Talvez o senhor nem acredite, mas foi avistado algo muito melhor que um peixe gigante, duas noites atrás. Todos estão elétricos! O filho do velho Brown mostrou para o pai, a foto de uma Sereia! Ele mesmo tirou a foto com seu celular, da para acreditar? ─ O velho pescador deu espaço para um homem passar levando uma rede que parecia pesada.

Ele limpou a garganta e continuou.

─ Hoje o prefeito está oferecendo uma recompensa para quem conseguir capturá-la. Uma sereia avistada após tantos anos! É mesmo algo raro, não? O povo do mar está voltando a dar as caras.

Jensen virou o rosto para que pudesse revirar os olhos. Tudo o que sabia sobre as sereias eram as lendas e histórias que havia em sua própria família.

O povo do mar se afastou da terra, vivem escondidos nas profundezas. Faz mais de cem anos que uma sereia não é avistada oficialmente, o que faz esses pescadores pensar que conseguirão capturar uma? Ainda mais com redes e armadilhas; tudo parecia uma piada.

O Corpo De Uma SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora