— Que merda, Gilbert! Como não pensamos nisso antes!? — Gerald exclamou, com o semblante iluminado.— Acho que deveríamos mudar de profissão. Teríamos perdido um caso. — Gilbert ainda raciocinava.
— Caramba... Todas as nossas teorias estavam erradas.
Os irmãos se encaravam, enquanto Jensen os observava, confuso com o diálogo.
— Perdão, perdi alguma coisa? — Ele perguntou, impaciente.
Gerald coçou a garganta, passando a bola para Gilbert, que o olhou com desprezo antes de se virar para o chefe.
— Bom, já desconfiávamos de que Lisa não era normal. — Ele deu de ombros.
— Ela não tinha documentos, tinha Emilly como sua base emocional. Às vezes ficava parada, encarando algum lugar, parecia perdida. — Gerald completou.
— Sem falar que ela encarava muito o mar. Era extremamente inteligente e aprendia as coisas rápido! Lembra no restaurante? — Gilbert se virou para o irmão. — Ela fazia um prato perfeito e dizia ter pesquisado sobre ele na noite anterior, e que aquela era sua primeira tentativa. Que tipo de pessoa acerta tão bem na primeira vez?
— Com certeza uma pessoa longe de ser normal! — Gerald balançou a cabeça. — No começo, pensamos que ela poderia ser uma refugiada ou que tinha sofrido um acidente muito grave.
— Depois começamos com teorias mais... fora da caixinha. Chegamos a pensar que ela poderia ser um experimento alienígena.
Jensen Christopher encarava os irmãos com a sobrancelha levantada, se recusando a acreditar naquele monte de baboseira.
Os irmãos o observaram, e Jensen percebeu o momento em que eles notaram que haviam passado dos limites. Eles coçaram a garganta.
— Então foi por isso que se envolveu na caça à sereia? — Gilbert agora parecia sério.
Jensen assentiu.
— Sinto muito, senhor. É nítido o quanto gostava dela e o quanto sua ausência o tem afetado. — Gerald disse, solidário.
...
Já fazia uma semana desde que Lisa fora embora. Era difícil confessar, talvez nunca devesse confessar, pois isso tornaria tudo real. Entretanto, seu maior erro, o maior erro de sua vida, foi duvidar, mesmo que por um minuto — pois esse minuto foi decisivo — do seu amor por Lisa.
Ele entrou mais uma vez no apartamento escuro e vazio. Deus, esse seria seu maior castigo a partir de agora, não seria? Depois de tantas memórias felizes, depois de meses experimentando o amor mais puro e intenso que poderia existir, agora ele era obrigado a ficar em uma casa vazia, escutando o riso dela ecoar por todos os cômodos, vendo seu fantasma andar pela casa. Sua vida agora era mais vazia do que antes; antes ele não conhecia o amor, não conhecia o companheirismo, mas agora ele conhecia tudo isso... e não podia reclamar... pois abriu mão, assim que teve oportunidade.
Jensen Christopher chegou à sala, tirando o blazer e a gravata. Não olhou para mais nada, não suportava o silêncio daquele apartamento. Sua vida agora era cheia de memórias de um fantasma, e ele não conseguia lidar com isso, não enquanto estivesse sóbrio.
Ele abriu a garrafa de whisky e se serviu com cubos de gelo, virando o copo na boca antes mesmo de ter a oportunidade de colocar a garrafa de volta no lugar.
Sua mão girou a garrafa, avaliando-a... Ele balançou a cabeça, desistindo da ideia de devolver o whisky ao seu lugar.
Ele caminhou até o sofá, onde se serviu de mais um pouco da bebida e continuou a beber.
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O Corpo De Uma Sereia
FantasíaJensen Christopher tem uma vida plena e confortável. Sendo o maior empresário da sua pequena cidade, acaba tendo mais influência que o próprio prefeito. Em uma noite, em sua ilha particular, quando uma tempestade surge de repente, uma mulher misteri...