Pairando no ar

18 5 2
                                    


O dia seguinte amanheceu mais cinza do que o esperado. Mas aquela cor existia apenas em sua cabeça.

O sol brilhava do lado de fora, o dia estava claro, sem nuvens no céu, algo raro nos últimos dias.

No aeroporto, Lisa se esforçou para não derramar uma lágrima sequer; sabia que não ia parar de chorar depois que a primeira caísse. Ela vinha tentando lidar com esse momento há semanas, mas a verdade é que não tem como se acostumar! Está exigindo demais de si mesma.

─ Promete se cuidar, está bem? ─ Emilly a abraçou. ─ Nada de ficar adiando sua volta para a água, precisa ir antes dos sintomas começarem.

Lisa assentiu com a cabeça.

─ Eu prometo. ─ Ela disse, sem ter certeza se poderia cumprir aquela promessa.

Lisa se afastou de Emilly e olhou para o Sr. Hoyt, seu falso tio, que por um tempo ela adorou imaginar ser sua família de verdade. Céus, estava difícil não chorar.

─ Minha filha, você sempre será bem-vinda lá, assim como foi aqui. ─ Sussurrou em seu ouvido ao abraçá-la. ─ Se você tiver algum problema com ele, por menor que seja, não hesite em nos ligar, daremos um jeito de levar você para perto. ─ Ele continuou.

Lisa apertou os olhos com força quando sua visão ficou borrada e o abraçou ainda mais.

Desde ontem, ela vem evitando os próprios sentimentos. As palavras duras do seu pai ainda ecoam em sua cabeça, e, mesmo que tente evitar, acaba acreditando em tudo o que ele diz, mesmo quando as atitudes de Jensen e de sua pequena família mostram o contrário.

─ Eu odeio despedidas, parece que é para sempre. ─ Emilly se benzeu. ─ Nos veremos novamente em breve, espero que seja no casamento de vocês, o mais rápido que der.

Lisa se afastou e tentou sorrir.

─ Então será em breve. ─ Jensen confirmou.

─ Ai Deus... ─ Emilly sussurrou, olhando por cima do ombro de Jensen.

Todos olharam para o mesmo lugar, vendo Gilbert, timidamente, caminhar até eles.

─ Ai Deus. ─ Sr. Hoyt repetiu amargamente.

Lisa sorriu, enquanto observava Emilly correr na direção do seu amado.

Eles passaram os últimos dias sem desgrudar um do outro. Em uma noite, Emilly só voltou para casa de manhã, feliz da vida e, ao mesmo tempo, infeliz... Emilly não quis entrar em detalhes sobre a noite, e ela tinha todo o direito, afinal, Lisa também não entrava em detalhes.

Gilbert foi embora assim que Emilly atravessou a porta de embarque, verdadeiramente chateado. A loira ficou parada de mãos dadas com Jensen, vendo o advogado ir.

─ Acha que ele vai ficar bem? ─ Ela perguntou.

─ Ele não tem opção agora. O avião já está quase decolando. ─ Jensen avisou.

Lisa assentiu, voltando a olhar por onde Emilly e o senhor Hoyt passaram. Por um segundo, ela desejou que eles voltassem pelo mesmo lugar.

No caminho para casa, havia um silêncio desconfortável no carro, e Lisa acabou se dando conta, pela primeira vez, de como todos os silêncios pareciam ter ficado desconfortáveis. Antes ela gostava, mas hoje a incomodava.

─ Eu estava pensando... ─ Jensen começou enquanto dirigia. ─ Vamos colocar água do mar na banheira? Assim você vai se transformar sempre que quiser, e não vai precisar dirigir por duas horas seguidas ida e volta toda semana. ─ Ele gesticulou com uma mão enquanto olhava para frente.

O Corpo De Uma SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora