A mulher do quadro

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Jensen Christopher entrou na pequena loja, sem conseguir evitar de olhar para as prateleiras. Havia muitas coisas sobre o mar e sereias, incluindo quadros, conchas, pérolas e esculturas. Sim, esculturas.

Ele parou no meio do corredor, vendo que no topo de uma das prateleiras havia uma escultura parecida com a que chegou em sua casa. Mas, diferente daquela, nesta, a sereia tinha cabelos pretos e o homem era branco...

Ele quase sorriu, depois de ter certeza de que a sereia e o homem naquela escultura que recebeu eram ele e Lisa... E que o cais onde o homem estava debruçado só podia ser de onde ele a havia salvado...

A melancolia tomou conta de seu humor, percebendo, assim como percebia todos os dias, que sentia falta dela mais do que tudo.

─ Boa tarde, posso ajudar você?

Jensen olhou para o lado. Um homem que aparentava ter uns cinquenta e poucos anos, com cabelos brancos compridos e pele clara, estava com as mãos sobre o balcão, olhando para ele.

Jensen assentiu.

─ Sim. Eu gostaria de saber sobre essa escultura. ─ Ele apontou para a escultura em cima da prateleira.

O homem mais velho levantou uma sobrancelha, confuso.

─ Quer saber o quê sobre a escultura? Eu as faço de forma personalizada. ─ explicou o homem.

Jensen respirou fundo. Ele havia encontrado o artesão e, de alguma forma, quase se sentiu aliviado.

Sem pensar demais, caminhou até o balcão.

─ Você é Leonard Manson?

─ Sim, sou eu.

Jensen parou, mexeu na bolsa que trazia consigo e tirou de lá a escultura que havia recebido em seu apartamento dias atrás.

─ Eu recebi isso... Junto com este bilhete. Foi Lisa que pediu para você esculpir? ─ Ele colocou a escultura em cima do balcão, enquanto esperava uma resposta.

De repente, o olhar de Manson mudou. Antes desconfiado, agora parecia surpreso e solidário. Ele desviou sua atenção para a escultura. A sereia de cabelos loiros e longos beijava o homem apaixonadamente.

─ Então você é o homem que eu esculpi? Confesso que não tinha esperança de encontrar um de vocês, mas esperei que fossem felizes... ─ Ele ainda olhava para a escultura, agora em suas mãos.

Jensen levantou uma sobrancelha.

─ Não? No bilhete, você diz para ela retornar aqui quando voltasse aos Estados Unidos.

Manson assentiu com a cabeça.

─ Eu estava em viagem quando ela veio. Ela deixou a encomenda com a menina que trabalha para mim. Minha funcionária disse que ela parecia muito frustrada por não ter me encontrado, e logo imaginei o motivo. Mas... ─ Manson parou de repente, como se se desse conta de algo novo. Ele finalmente voltou a olhar para Jensen, com um novo brilho nos olhos. ─ Você a perdeu, não foi? Sua sereia não está mais com você. ─ deduziu ele com pesar.

Jensen parou, completamente anestesiado. Fazia apenas duas semanas e meia que Lisa havia ido embora. Ele viajara para os Estados Unidos para encontrar aquele homem o mais rápido que conseguiu. No entanto, não sabia o que esperar. Aquilo não traria Lisa de volta, mas ele se sentia ansioso para conversar com alguém que pudesse entender o que ele sentia.

─ Sim. Ela voltou para casa. ─ Ele fez uma pausa, mas resolveu falar quando o Sr. Manson parecia prestes a confortá-lo. ─ O que é tudo isso? ─ Ele olhou em volta. ─ Você também teve uma em sua vida. ─ Sim, aquilo foi uma afirmação.

O Corpo De Uma SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora