O seu pequeno povoado

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Havia se passado pouco mais de uma semana desde que voltaram para sua rotina normal. Ao mesmo tempo em que tudo parecia bem, Lisa parecia se manter afastada. Ela havia aceitado ir morar no apartamento com ele, mas sempre dizia querer esperar o momento certo. Jensen quase ria; esse momento certo não chegaria tão cedo se dependesse dela, ou talvez, chegaria cedo até demais...

O telefone em cima de sua mesa tocou, ele atendeu sem tirar os olhos da tela.

─ Sr. Emilly Hoyt está aqui para a reunião de vocês. ─ Lindsey avisou.

─ Pode mandar ela entrar. ─ Ele desligou.

Ele já estava quase acabando quando a porta se abriu e Emilly entrou. Ele levantou uma mão pedindo um minuto, em seguida gesticulou para que ela se sentasse na cadeira em frente.

Com os olhos fixos na tela, percebeu o momento em que ela arrastou a cadeira e se sentou.

Jensen precisava admitir a si mesmo que estava surpreso por ela ter ficado em silêncio como pedido.

Seus dedos voaram pelo teclado agilmente conforme respondia sobre um relatório. Ele respirou fundo, odiava perder tempo com coisas mal feitas.

Por fim, ele desligou o computador e se virou para Emilly.

─ Que bom que você veio. ─ Ele cruzou os braços em cima da mesa.

Ela deu de ombros casualmente.

─ Vim na esperança de você me tornar sua herdeira.

Jensen não resistiu, ele riu alto. Emilly levantou uma mão imediatamente, pedindo para não ser interrompida.

─ Eu sei que deve ter pessoas mais importantes na fila. Tudo bem, eu não vejo problema em receber a última fatia do bolo, vai ser o suficiente para mim. ─ Ela colocou a mão no coração, tentando se fazer de gentil e pura.

Ele riu outra vez, enquanto abria a gaveta e pegava um envelope.

─ Sinto em lhe informar, mas não pretendo cortar o meu bolo agora. No entanto. ─ Ele colocou o envelope preto em cima da mesa, na frente dela. ─ Tenho outra coisa para você.

Emilly olhou desconfiada. Seus olhos aguçados iam do envelope para ele, depois iam dele para o envelope.

─ Pode abrir, não tem nenhum escorpião aí dentro. ─ Ele resmungou.

─ Acredito nisso, pois sei que nunca deixaria Lisa triste de propósito. ─ Ela balançou a cabeça e pegou o envelope nas mãos.

Emilly tirou alguns papéis de dentro, grampeados como um. Seu rosto mudou quando começou a leitura; o semblante brincalhão foi sumindo, dando lugar para um surpreso, e até mesmo emocionado.

Atrapalhada, ela se pôs de pé.

─ O que é isso?... ─ Ela perguntou com a voz embargada, desviando os olhos do papel.

Jensen se recostou na cadeira.

─ Lembro de você ter me pedido uma bolsa de estudos. ─ Ele a lembrou.

Emilly ainda segurava os papéis com força. Jogou o primeiro para trás, passando os olhos rapidamente sobre o segundo.

─ Eu sei, eu estava apenas brincando com você, implicando. E o que é isso? ─ Ela estava confusa com as próprias palavras.

Ela chegou no último papel. Mas então os arrumou em ordem e os deixou em cima da mesa.

─ Moradia? Eu não posso aceitar isso, meu pai jamais vai aceitar isso.

O Corpo De Uma SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora