Era pouco antes do meio dia, Emilly dirigia há pouco tempo, ainda nem haviam saído do bairro. Já fazia quatro dias que Lisa não voltava para a água, a partir do quinto ela começava a sentir os primeiros sintomas. Ela tinha fadiga, se cansava facilmente, no sexto dia, as coisas ficavam piores. Lisa sentia sede, muita sede, mais fraca que o dia anterior, e a saúde fugia de sua pele, ela parecia doente, pálida. Felizmente Lisa não tinha ficado mais do que isso fora do mar, não sabia como era no sétimo dia, mas as chances dela morrer lhe pareciam altas.
Emilly havia colocado música, então no carro só havia a melodia da música. Lisa ainda tentava afastar as lembranças ruins, de alguma forma, isso parecia mais vivido agora do que nos dias anteriores, era torturante, era como se ela estivesse voltado para casa.
─ Você tá bem? ─ Emilly abaixou o som.
Lisa a olhou, confusa.
─ Como assim?
─ Você não falou nada desde que saímos de casa, e parece tão pensativa. Ainda é por causa daquilo na TV? ─ Emilly não tirava os olhos da rua, agora elas já estavam indo para a zona rural.
Lisa suspirou, encostando a cabeça no banco.
─ Eu não paro de lembrar de casa... Não sei porquê, mas acho que pode ser saudades. ─ Sua voz era tristonha.
─ Saudades? ─ Emilly parecia incrédula. ─ Lisa você teve que fugir, por quê seria saudades?
Lisa deu de ombros.
─ Toda a minha vida foi no mar, Emilly. O que aconteceu lá não muda as coisas, ainda é a minha casa.
Lisa não esperava que Emilly entendesse. Ela sentia como se participasse de dois mundos agora. Mas aqui ela tinha que esconder a sua cauda, caso contrário, não saberia o que iria lhe acontecer caso fosse entregue ao prefeito, ou aos próprios pescadores. No mar, alguns da sua espécie eram ruins, tinham más intenções, mas era questão de instinto. No mar as coisas não são tão sentimentais como as coisas aqui na terra. E mesmo assim, os humanos ainda eram piores, e Lisa percebia isso, pouco a pouco.
─ Bom, de qualquer forma deve ser muito maneiro ser sereia. Sou uma péssima nadadora, mas tenho certeza que uma calda com barbatanas iria me ajudar─ As duas sorriram.
Elas continuaram conversando. Algumas vezes Emilly simplesmente não tinha o filtro de quando parar de falar, e isso era legal, Lisa gostava da amiga tagarela. Mas pouco a pouco, Emilly ia parando de falar, preocupada com algo que ela via pelo retrovisor.
Lisa olhou para atrás preocupada, mas só tinha outros carros, nada fora do normal.
─ O que você tanto olha? ─ Lisa se ajeitou no banco outra vez.
Emilly virou uma esquina, mudando a rota.
─ Emilly? O caminho não é esse. ─ É claro que Emilly sabia disso, mas Lisa simplesmente não sabia o que fazer.
─ Eu sei, eu só... ─ Ela olhou novamente pelo retrovisor. ─ Esse carro está atrás da gente desde que saímos de casa.
Os olhos de Lisa se arregalaram em surpresa. Novamente ela se virou, olhando para atrás. Havia um carro cinza, ele tinha virado a mesma esquina que elas.
─ Acha que está nos seguindo? ─ Faltava pouco para a loira surtar.
─ Tenho quase certeza que sim. Mas vamos procurar a certeza absoluta.
Lisa engoliu em seco. Não sabia o que dizer, deveria ser outros paparazzi? Emilly virou as duas esquina seguidas, e dessa forma, acabou voltando para a pista, e agora a surpresa de ambas, o carro seguiu o mesmo caminho. Lisa ficou apavorada.
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O Corpo De Uma Sereia
ФэнтезиJensen Christopher tem uma vida plena e confortável. Sendo o maior empresário da sua pequena cidade, acaba tendo mais influência que o próprio prefeito. Em uma noite, em sua ilha particular, quando uma tempestade surge de repente, uma mulher misteri...