Uma noite de sacrifícios

42 8 4
                                    


Lisa observou em silêncio, enquanto Jensen voltava a mexer no Tablet que mexeu durante toda a noite. Ela ainda podia sentir os dedos dele dentro dela, a provocando. A boca quente dele em sua orelha, em seu pescoço, a fazendo perder os sentidos. Então, por quê agora os olhos dele estavam distantes e indiferentes? Como se nada tivesse acontecido?

Lisa não entendia porquê ele agia dessa forma. Será que ele ao menos tinha consciência de que isso a machucava? Ela se sentia pequena, se sentia usada, como um brinquedo.

─ Jensen... ─ Ela o chamou.

O homem desviou os olhos do aparelho eletrônico. Seus olhos escuros eram vazios, não tinha muita coisa ali para ser lida e ela odiava Isso. Ele não disse nada, e ela soube que devia continuar falando.

─ Por que você faz isso? ─ Sua voz não foi rude ou grosseira, Lisa estava apenas cansada.

Jensen levantou uma sobrancelha. Lisa suspirou. Colocou os cotovelos em cima da mesa e suas mãos apoiavam sua testa. Como se pudesse acalmar a si mesma, os dedos da mulher estavam entre seus cabelos.

─ Você me toca, dorme comigo, me beija e depois... Cria um abismo entre nós. Eu não sei o que se passa na sua cabeça, Jensen. Mas não é isso o que eu quero. ─ Ela não levantou a cabeça. Tinha medo de se perder nas palavras caso encarasse aqueles olhos sem expressão.

O silêncio ficou na sala por alguns segundos. Um esperando o outro falar alguma coisa. Lisa escutou o barulho, recentemente familiar, do Tablet sendo colocado em seu suporte, no canto da mesa.

─ Não estou entendendo o ponto. Pensei que estávamos bem. ─ A voz dele foi fria.

Lisa, por fim, teve coragem de levantar a cabeça, retirando suas mãos da mesa. Agora quem estava com uma sobrancelha levantada era ela. Ele não podia estar falando sério, poderia? Ele estava tentando bagunçar os pensamentos dela?

─ Depois de me tocar, acha que voltar para o seu canto e falar sobre "os nossos" problemas, como se isso não tivesse acontecido é o melhor? ─ a voz dela era confusa, parecia tentar entender o próprio raciocínio.

Jensen balançou a cabeça, parecendo por fim, entender o que ela queria dizer.

─ Lisa. ─ Os olhos dele eram frios. ─ Estamos nos conhecendo, estamos nos curtindo... Se você espera algo a mais de mim, se procura um cara romântico que depois de possuí-la vai ficar lhe cobrindo de beijos ou carícias... Eu receio não ser esse homem.

Lisa respirou fundo, mantendo os olhos fechados. Ele estava certo e ela havia tomado sua decisão.

─ Eu só queria não ter que encontrar os seus olhos frios. Só queria não ter que lidar com as sombras da sua mente. Na ilha você me mostrou um lado diferente, era carinhoso e caloroso. Eu achei que poderíamos ter algo especial. ─ Ela fez uma pausa, pegou sua bolsa e pendurou no ombro. ─ Mas tô cansada de achar que você foge de alguma coisa.

Lisa também tinha muitas questões das quais fugia, mas nenhuma delas envolvia Jensen Christopher.

Jensen a encarava, tinha algo diferente no semblante dele. Havia algo novo ali, mas Lisa não estava afim de tentar desvenda-lo.

─ Muitas mulheres ficariam satisfeitas apenas com isso. ─ Disse Jensen, de forma fria.

Lisa suspirou, teve vontade de lhe dizer que ela não era as humanas com quem ele já havia se relacionado, e que ela não aceitaria ser o brinquedo sexual dele. Invés disso ela apenas disse:

─ Quando você estiver aberto para tentar me conhecer de verdade, quando seu único objetivo não for me levar para sua cama, podemos tentar novamente. ─ Ela levantou.

O Corpo De Uma SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora