Você poderia lidar com o luto?

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Já havia se passado uma hora desde que Teresa foi embora e as meninas procuraram um novo ambiente. Agora elas estavam no segundo andar de uma sorveteria, na varanda, enquanto olhavam para a Estátua da Liberdade e para a vastidão do mar.

Nenhuma falava nada. Lisa ainda se torturava com a falta de lembrança e pelo desejo desesperador. Nunca perdoaria a si mesma se tivesse envolvido ele em um destino tão cruel. Talvez a família dele estivesse certa em não gostar dela, talvez ele realmente estaria melhor com Cassandra. Céus, como era doloroso ter que admitir e aceitar isso.

Talvez ela devesse ter aceitado Wiqtar como seu parceiro, pelo menos assim, Jensen estaria protegido e seguro agora.

Sim, se ela pudesse voltar no tempo, escolheria isso com prazer, se significasse que seu amado estaria a salvo dela.

─ Amiga, o seu sorvete está derretendo. Se não quer o brownie, tenta comer apenas ele. ─ Emilly bateu os dedos na mesa, perto do prato de Lisa.

Elas não conversaram mais sobre o assunto desde que saíram do restaurante.

Lisa assentiu. Desanimada, pegou a colherzinha e mergulhou na bola macia de sorvete de creme com calda de chocolate e levou à boca.

Não adiantava, o sorvete tinha gosto de água suja em sua boca.

─ Não está muito bom para mim. ─ Ela soltou a colherzinha em cima do prato.

Emilly suspirou cansada.

─ Ok. Vamos esclarecer os fatos e falar sobre isso.

Lisa levantou uma sobrancelha, dando sinal para a amiga continuar falando.

─ Não temos certeza de nada, tá legal? Não é porque esse foi o fim dos pais dela, que será o seu fim. Talvez o pai dela só era fraco da cabeça e não soube aceitar o fato de que a mulher tinha partido. E amiga, Jensen Christopher é tudo, menos um homem fraco. Ele trabalhou duro para conquistar tudo o que tem hoje, não jogaria isso pro alto apenas porque não pode mais ter você. Consegue entender onde quero chegar?

Lisa balançou a cabeça em confirmação. Mas a verdade era que as palavras de Emilly não estavam fazendo ela se sentir melhor. Não eram o suficiente.

─ O que Teresa disse? Quando você a mandou ficar quieta. ─ Lisa perguntou.

Emilly levantou as sobrancelhas, sendo pega no flagra.

─ Como sabe que a mandei ficar quieta?

Lisa deu de ombros.

─ Já usou a mesma frase comigo, enquanto ouvia música.

Emilly sorriu.

─ Eu odeio o quão boa a sua memória é.

Lisa quase teve vontade de sorrir, lembrando que meses atrás, Emilly disse exatamente o contrário, enquanto a ensinava a ler. Mas agora a sua memória não parecia tão boa.

─ E então? ─ Lisa insistiu na pergunta.

Emilly suspirou, voltando a atenção para o prato.

─ Ela disse que sentia muito, e que você não podia arriscar... Que ela apenas não queria outra pessoa sofrendo o mesmo que o pai, ou o mesmo que ela, que cresceu sem nenhum dos dois.

Ela não podia arriscar... Ah, como sua cabeça doía, Lisa o amava, mas se o sentimento dele não era recíproco, se era apenas um efeito colateral...

Então ela não podia arriscar.

Emilly levou um pequeno pedaço do bolo à boca.

─ Você nunca me falou que uma sereia podia abandonar a cauda. ─ Emilly estava curiosa.

O Corpo De Uma SereiaOnde histórias criam vida. Descubra agora