--- Um! --- Gabriel avançou com a espada longa sobre Tadeu, que levantou o escudo como combinado. --- Observe... Dois! --- Tadeu abaixou todo o escudo, protegendo a perna esquerda do golpe. --- Observe meus braços expostos. Me ataque.
Tadeu avançou com a perna direita, mirando os antebraços do mestre de armas. Fez a espada pairar acima deles no simulacro de golpe.
--- Nessa circunstância, como me defendo? --- Perguntou Gabriel.
--- Você... Você vê o meu ataque?
--- Ele é rápido, mas é claro que eu o perceberia.
--- Você... Eu não sei.
--- Existem muitas formas. Uma simples o bastante para duelos sem armaduras como esses é esta.
Gabriel prensou sua espada contra a dele, apertando-a junto ao próprio escudo de Tadeu e segurando todo o equipamento com o auxílio da guarda.
--- E aqui, rapidamente --- Comentou, soltando uma das mãos de sua arma. --- faço isso. --- Simulou um soco no rosto de Tadeu.
O aprendiz desvencilhou-se para trás, com a testa comprimida.
--- Achei que estivéssemos aprendendo a usar a espada.
--- Quando estiver na guerra, garoto, ou numa luta pela sua vida, não pode se furtar a sequer morder seu oponente.
--- Fazer o que tem que ser feito.
Gabriel levantou as sobrancelhas para ele.
--- Sim. Resumidamente.
Tadeu assentiu. Segurou mais forte as tiras de couro do escudo.
--- Vocês... Não são... --- Engoliu em seco. --- Magos comuns.
A espada longa que o mestre usava, voltada para o chão, foi embainhada de volta.
--- O que quer dizer?
--- Vocês são... Alorfos. Ou filinorfos.
Gabriel sorriu. Já que quase nunca o fizera para o aprendiz, ainda mais aliando o gesto à paciência, Tadeu concluiu que tudo que ele diria dali em diante seria uma mentira cuidadosamente elaborada. Para ter certeza de que não sairia dali convencido dela de qualquer forma, montou guarda em frente à porta de seu castelo, com as mãos em chamas; esteve assim desde que o viu pela primeira vez naquela manhã.
--- Se somos, por que já não matamos você? Ou os seus pais? O resto dos magos de Al-u-ber, com os quais tantas vezes nos reunimos?
--- Não sei. Mas é verdade, não é?
--- Ora, garoto... --- Tadeu sabia que nada podia entrar por suas janelas, mas ouvia ruídos que o distraíam o tempo todo. --- ... Acha isso?
Tadeu demorou algum tempo para responder.
--- Não sei... Pode ser loucura... --- "E é!", interrompeu-lhe o mestre. --- Não, estou falando de outra coisa, q-quis dizer que... Pode parecer loucura, mas eu nunca quis isso. A magia e-e tudo o mais... Por favor não conte nada para os meus pais, mas... Eu só acho que tem algo de errado com a magia! Em ser um mago! Eu não quero ser um mago, e... A-a Joana me disse que... Que os filinorfos querem que não exista mais magia em Heelum, não é? Talvez...
Gabriel deu um passo à frente.
--- Tadeu...
--- Não se aproxime!
--- Pensa que pode me impedir?
Tadeu recuou. Queria poder dizer que morderia se fosse preciso, mas não encontrava as palavras.
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A Guerra da União
FantasíaNa série Controlados, a magia está em todo lugar. Os magos podem alterar os seus sentimentos, os seus pensamentos ou as suas atitudes. Não se pode confiar em ninguém. No segundo volume da série, A Guerra da União, Desmodes é o novo mago-rei e seu ob...