16 - Ligações

507 153 102
                                    

— Tira esse copo daqui — digo a Carlos, minha voz firme e carregada de irritação

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Tira esse copo daqui — digo a Carlos, minha voz firme e carregada de irritação. Ele recua, sem questionar.

Esfrego as mãos no rosto, tentando afastar a exaustão e a dor. Meu peito arde, o corpo inteiro lateja, e a cabeça parece prestes a explodir. Helena está ao telefone com alguém, falando baixo e rápido, mas as palavras dela não me alcançam.

Já se passaram mais de doze horas desde que minha filha desapareceu. Nenhum sinal, nenhuma ligação de resgate, nenhum indício sequer. O vazio é insuportável.

Helena termina a ligação e se aproxima, sentando-se ao meu lado. Sinto o toque leve de sua mão nas minhas costas, um gesto que deveria ser tranquilizador, mas apenas intensifica meu desespero.

— Vamos achar ela — diz, sua voz tentando soar confiante, mas a dor em seus olhos é evidente.

Encosto a cabeça na parede, fechando os olhos por um momento.

— Me desculpa... eu... — ela começa, mas a interrompo antes que continue.

— Você não tem culpa — respondo, minha voz mais baixa agora, mas ainda firme.

Viro-me para ela, observando seu rosto marcado pelos machucados. Os cortes e hematomas parecem ainda mais evidentes sob a luz fria da sala, um lembrete cruel do acidente. Mesmo assim, seus olhos encontram os meus, e vejo neles algo que me faz querer acreditar: determinação.

— Vamos achá-la — repito, como se dizer em voz alta pudesse tornar isso uma promessa inquebrável.

Helena mantém o olhar fixo no meu, e por um momento há um silêncio pesado entre nós. Ela parece hesitar, as palavras presas na garganta, mas antes que possa falar, meu telefone vibra no bolso da calça.

Apresso-me a pegá-lo, o coração disparado com a esperança de uma notícia. Olho para a tela e vejo um número desconhecido. Troco um olhar rápido com Helena antes de atender.

O telefone vibra novamente no meu bolso. Dessa vez, nem olho para a tela; apenas atendo, o coração martelando no peito.

— Alô? — minha voz sai rouca, carregada de tensão.

Do outro lado, um silêncio que parece durar uma eternidade, seguido por um som fraco, quase inaudível.

— Papai? — A voz de Rafaela soa baixa, trêmula, mas inconfundível.

Meu corpo congela. As pernas parecem fraquejar, e sinto Helena ao meu lado, segurando meu braço como se percebesse a tempestade que acabava de se formar.

— Rafaela! Meu amor, onde você está? Está tudo bem? — pergunto, as palavras saindo atropeladas, minha voz uma mistura de desespero e alívio.

— Eu... eu tô com medo... — ela diz, soluçando.

— Calma, meu anjo, calma. Me diz onde você está. Tem alguém com você? — tento soar calmo, mas o pânico ameaça me dominar.

— Eu não sei onde tô, papai... tá escuro... — ela responde, o choro ficando mais forte.

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora