17 - Fogo Amigo

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Desço do carro, caminhando em direção ao bar mais próximo, o cheiro forte de fritura e bebida misturando-se com o ar abafado da favela

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Desço do carro, caminhando em direção ao bar mais próximo, o cheiro forte de fritura e bebida misturando-se com o ar abafado da favela. Meu olhar varre o entorno, atento a cada detalhe, cada sombra, cada rosto que possa denunciar algo fora do comum.

Levanto os olhos, tentando identificar qualquer sinal de movimentação anormal nas vielas e janelas que se estendem em torno de mim.

— Posso ajudar? — uma voz rouca me chama a atenção.

Viro-me rapidamente e dou de cara com uma senhora idosa, seus olhos pequenos e gentis, contrastando com o ambiente. Ela carrega um saco de compras, e seu sorriso é acolhedor, mas cansado.

— Estou esperando alguém. — Respondo, balançando a cabeça em negativa.

Ela me observa por um momento, antes de seguir seu caminho sem insistir.

Toco o ponto no ouvido, ouvindo a voz grave de Carlos.

— Helena, alguma coisa?

— Estou vendo a igreja. — Respondo, meus olhos fixos na estrutura ao longe, com sua cruz envelhecida brilhando sob a luz do sol. — Mas até agora, nenhum movimento estranho.

Respiro fundo e continuo andando, meus passos firmes ecoando pelas ruas estreitas. Algo aqui não se encaixa, mas ainda não consigo colocar o dedo no que é.

— Vou continuar procurando. — Informo pelo ponto, minha determinação renovada.

O tempo estava contra mim, mas eu não podia, nem queria, parar. Cada segundo parecia mais longo, cada passo mais pesado, mas eu não descansaria até encontrar Rafaela. Havíamos rastreado o sinal do celular até o Turano, próximo a uma antiga capela, famosa por ter recebido a visita do Papa anos atrás.

Comecei a me mover pelas ruas estreitas do morro, as construções apertadas e o cheiro de comida misturado com o ar de tensão quase sufocando meus sentidos. Meu olhar escaneava cada canto, atento a qualquer indício.

Beto  estava se segurando por um fio. A preocupação e o cansaço estampados em seu rosto refletiam o que todos nós sentíamos. Já fazia mais de duas horas desde que começamos a busca, e a sensação de impotência estava nos corroendo.

— Alguma coisa? — perguntei pelo rádio, tentando manter a calma.

— Ainda nada, mas a área está isolada. Estamos circulando. — A voz de Carlos soou grave, mas focada.

Olhei para Beto, que esfregava as mãos no rosto em um gesto claro de exaustão e desespero. Ele estava no outro lado, decidiu que ajudaria de qualquer maneira nas buscas.

— Vamos achar ela. — Murmurei, mais para mim mesmo do que para ele, tentando reforçar minha própria determinação.

A capela apareceu à frente, sua fachada simples marcada pelo tempo. O sino quebrado balançava levemente com o vento, como um lembrete mudo do lugar onde estávamos. Cada detalhe parecia um pedaço de um quebra-cabeça que eu ainda não conseguia montar.

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora