— Fica comigo essa noite. — Ele pediu.
— Não dá. O idiota do meu professor de história do jornalismo pediu uma pesquisa pra amanhã. Você acredita? Que otário.
Ele riu baixo.
— Eu vou ter que pensar melhor nesses prazos, né?
— Me assusta você não ter pensado melhor nos prazos por outros motivos. Professor de faculdade realmente suga a alma da gente.
Ele deu uma risadinha.
— A alma eu não sei. Vai, vem comigo. Enquanto eu planejar as aulas você cuida da pesquisa do idiota do seu professor. Eu to te devendo um jantar, lembra?
— Alexandre, eu não tenho roupas. Não tem nada meu na sua casa, e se eu aparecer na aula com as mesmas roupas de hoje vai ficar esquisito. Sem contar que não tem como eu chegar de manhã com você no mesmo carro.
— Pra tudo se dá um jeito. — Ele prometeu. — Diz que vem comigo, vai.
Ele olhava para ela com a carinha de pidão mais fofa que ela já tinha visto. Odiava o fato de querer ceder para ele.
— Pensa bem, porque você comprou esse tralha aí pra mim e eu nem sei usar. Se eu não conseguir planejar as coisas pra amanhã eu vou ser demitido, e a culpa é toda sua.
— Seria ótimo se você fosse demitido, na verdade. — Ela admitiu, reflexiva.
— Ah, é? Cada um por si agora? Mesmo? — Ele se ofendeu.
Giovanna ria.
— Eu gostaria de conseguir voltar a prestar atenção na matéria. — Ela confessou. — E de não me irritar quando você chama as alunas por apelidinhos íntimos. — Ela suspirou. — Sem contar que você não iria ficar com essa palhaçada toda do que é ou não é apropriado se nós simplesmente não tivéssemos uma relação acadêmica. — Concluiu.
Alexandre ficou pensativo.
É, foi muita coisa para um dia só.
Ele ajeitou a postura no banco do carro, olhando para a frente. Seu primeiro pensamento foi oferecer para ela que parassem com tudo aquilo, enquanto ainda havia tempo.
O único problema era que ele não queria isso.Mas, para o bem dela, começou a oferecer.
— Olha, eu.. Não queria te atrapalhar. Se você achar melhor que.. A gente não.. Eu vou entender. E eu paro de ir atrás de você, dou minha palavra.
— É, seria melhor mesmo. — Giovanna concordou. — Mais fácil.
Ele assentiu. Olhou para o lado esquerdo, respirando fundo. Frustrado. Chateado. Mas entendeu. Quem tinha começado aquilo tudo era ele, e ele não podia pedir que ela lidasse com tudo isso. Era realmente uma situação delicada.
Então, por que ele não sentia a menor vontade de desistir?
— Acho que prefiro fazer do jeito mais difícil. — Ela confessou. — Você gosta de comida japonesa? — Ela colocou o cinto de segurança, voltando a tagarelar. — É minha comida favorita da história do mundo. A gente podia passar no meu apartamento, eu pego uma troca de roupas, e vamos pra sua casa. Ah, a Eli tá lá, né?
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the tortured poets departament
RomanceNo meio do caminho, tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho. tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas Nunca me esquecerei que no meio do caminho...